andrade, osvaldo da conceição vieira de

05 Feb 2021 por "Ricardo Pessa de Oliveira"
História Militar Personalidades

Oficial do exército português. Nasceu no dia 6 de fevereiro de 1891, tendo recebido o batismo a 18 de abril do mesmo ano, na igreja paroquial de São Pedro, concelho e Diocese do Funchal. Era filho legítimo de António José de Andrade, natural da vila de São Vicente, negociante e proprietário, e de sua mulher Juliana Teodolinda Vieira, natural da freguesia de São Pedro, Funchal, que haviam contraído matrimónio a 6 de outubro de 1887. Era neto paterno de Francisco José de Andrade e de Silvéria Teresa de Jesus; e neto materno de Manuel Vieira e de Joana Constância Vieira. A 13 de maio de 1936, casou-se com Jeannette Albertine Tellapier, na 2.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa.

Em 1917, tomou parte, como aspirante a oficial de artilharia, na revolta militar de 5 de dezembro, liderada por Sidónio Pais. Pouco depois, a 31 de agosto de 1918, já alferes de artilharia, partiu para França integrado no Corpo Expedicionário Português (CEP). Incorporado no 11.º Corpo de artilharia Inglesa, participou na tomada de Lille e na de Tournai, em outubro e em novembro de 1918, respetivamente, tendo regressado a Portugal a 21 de março de 1920. Anos mais tarde, cooperou de forma ativa na preparação do golpe militar de 28 de maio de 1926, liderado pelo Gen. Gomes da Costa, que pôs fim à Primeira República; e em setembro de 1931, esteve envolvido, segundo relatório da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, datado de 1935, no movimento de revolta militar: chegou a estar a postos para sair com um destacamento para a revolução, mas isso acabou por não suceder.

Ao longo da carreira, desempenhou distintas e importantes missões de serviço, tendo sido ajudante de campo do ministro de Guerra Cor. Fernando Freiria e do Gen. Passos e Sousa durante o período em que este foi governador militar de Lisboa. Aquando da sua morte, encontrava-se na situação de reserva, prestando serviço na Secretaria do Ministério da Guerra.

Foram vários os louvores registados na sua caderneta militar e também várias as condecorações com que foi galardoado. Em 1920, recebeu um louvor pela competência e o empenho evidenciados durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1922, foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo. Em 1925, quando era tenente de artilharia de campanha, foi condecorado com a medalha de prata de serviços distintos da sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha, com a legenda “Revolta Militar de Lisboa, 18-IV-1925”. No ano seguinte, numa altura em que já ascendera a capitão de artilharia, foi-lhe atribuído o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Avis e, em 1930, o grau de oficial da mesma Ordem. Não obstante, o seu processo do CEP contém uma advertência, posteriormente riscada, segundo a qual teria sido punido com a pena de repreensão por ter agredido e insultado o clarim no dia 5 de março de 1919, aquando da distribuição de uma refeição.

Além do distinto percurso militar, destacou-se noutras áreas. Enquanto residente na ilha da Madeira, foi redator do jornal O Direito e, posteriormente, do Diário de Notícias, periódico onde trabalhou alguns anos. Mais tarde, em Lisboa, foi um dos fundadores e diretores da Casa da Madeira, fundada a 18 de março de 1931, cuja primitiva direção era presidida por Daniel Rodrigues de Sousa. A propósito desse grémio, Osvaldo de Andrade concedeu uma longa entrevista ao Diário de Notícias do Funchal, publicada na primeira página do jornal, a 27 de março de 1931, na qual deu a conhecer o novo organismo e os seus desígnios. Nos anos seguintes, permaneceu na direção da Casa da Madeira, tendo sido reeleito primeiro secretário para os biénios 1935-1936, 1937-1938 e 1939-1940. Por outro lado, em 1933, integrou, juntamente com Carlos Meireles da Silva Carvalho, inspetor de saúde, e Manuel Gonçalves Monteiro, subdiretor da Alfândega de Lisboa, a comissão administrativa que substituiu os corpos gerentes da Cruzada das Mulheres Portuguesas, após divergências no seio daquela associação.

Durante as cerca de três décadas que morou na capital, visitou a Madeira numa única ocasião, em janeiro de 1948, na companhia da esposa, para uma vilegiatura de algumas semanas – efeméride que não deixou de ser noticiada pela imprensa periódica local, como foi o caso do Diário da Madeira. Morreu em Lisboa, na sua residência, na manhã do dia 17 de janeiro de 1951, vítima de doença prolongada.

 

Ricardo Pessa de Oliveira

(atualizado a 22.09.2016)

Bibliog.: manuscrita: ABM, Registos de Baptismo da Paróquia de São Pedro, liv. 1395, fls. 25-25v.; ABM, Registos de Casamento da Paróquia de São Pedro, liv. 1425, fls. 19-20; ANTT, Ministério do Interior, Direção Geral da Administração Política e Civil, NT 706, pt. 218; ANTT, Ministério do Interior, Gabinete do Ministro, mç. 464, pt. 2/18; mç. 477, pt. 12/3; ANTT, Registo Geral das Mercês, Mercês Honoríficas, liv. 1 (n.º da ordem 354), fl. 39; impressa: BENTO, Horácio, “A Casa da Madeira”, DN, Funchal, 27 mar. 1931, p. 1; “Cap. Oswaldo de Andrade”, Diário da Madeira, 8 jan. 1948, p. 4; “Capitão Oswaldo Vieira de Andrade”, DN, Funchal, 18 jan. 1951, pp. 1, 4; “Casa da Madeira”, DN, Funchal, 31 jan. 1939, p. 3; “A Casa da Madeira Inaugurou-se em Lisboa, com Uma Sessão Solene, Um Chá e Um Baile” DN, Funchal, 23 dez. 1931, p. 1; “Casa da Madeira em Lisboa. Os Novos Corpos Gerentes para 1939”, DN, Funchal, 2 fev. 1939, p. 3; “A Casa da Madeira em Lisboa. A Posse da Nova Direcção”, DN, Funchal, 11 jan. 1935, p. 1; “Casa da Madeira Novos Corpos Gerentes”, DN, Funchal, 11 dez. 1936, p. 3; CLODE, Luiz Peter, Registo Bio-bibliografico de Madeirenses. Séculos XIX e XX, Funchal, Caixa Económica do Funchal, 1983; “Cruzada das Mulheres Portuguesas”, DN, Funchal, 25 maio 1933, p. 1; “Eco Lutuoso Capitão Oswaldo Vieira de Andrade”, Eco do Funchal, 21 jan. 1951, p. 2; MARTINS, Rocha, Memorias sobre Sidonio Paes, Lisboa, Sociedade Editorial ABC Limitada, 1921; “Notícias Militares”, DN, Funchal, 27 jun. 1925, p. 1; VIEIRA, Alberto, “O Norte na História da Madeira”, Boletim Municipal – São Vicente, n.º 8, 1996, pp. 7-14; digital: Presidência da República Portuguesa. Ordens Honoríficas Portuguesas: http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=153&list=1 (acedido a 9 jun. 2016).

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