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01 Feb 2021 por "António Moniz"
Personalidades

Filho de Carlos Olavo Correia de Azevedo e de Maria Adelaide Ferreira Cabral, nasceu no Funchal a 7 de julho de 1881. Foi casado com Vera de Vasconcelos Bettencourt. Em 1900, fundou a Liga Académica Republicana e os diários A Liberdade e A Marselhesa, suprimidos pelo Juiz de Instrução Criminal. Na Universidade de Coimbra, participou na greve académica de 1907, tendo, como consequência, sido expulso da Universidade por dois anos, mas amnistiado meses depois, o que lhe permitiu concluir o curso de Direito no ano letivo de 1907-1908.

Com a proclamação da República, foi nomeado secretário-geral do Governo Civil de Lisboa (1910-1911). Foi também secretário-geral do Tribunal Arbitral das Associações de Socorros Mútuos de Lisboa. Em 1911, foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte pelo círculo da Madeira, sendo reeleito ao Congresso da República – entre 1911 e 1915, 1915 e 1917, 1919 e 1921, 1921 e 1922 e 1922 e 1925 – deputado parlamentar por aquele círculo. Foi membro ativo do Partido Republicano Português.

Ofereceu-se como oficial miliciano de artilharia na I Grande Guerra (1914-1918), ganhando na Flandres a Cruz de Guerra, pelo combate a 9 de abril de 1918, conhecido como a batalha de La Lys, no qual ficou durante alguns meses prisioneiro dos Alemães. Esta experiência de prisioneiro de guerra foi registada no Jornal de um Prisioneiro de Guerra na Alemanha, publicado em Lisboa (1938).

A sua vertente de historiador levou-o a escrever sobre a crise de 1383-1385 e o papel determinante do letrado Dr. João das Regras na aclamação do Mestre de Avis como novo rei, D. João I, figura que inaugura uma nova dinastia. Numa época de crise nacional e internacional, o autor madeirense procurava na História o exemplo capaz de iluminar o presente e contribuir com a adequada solução para essa crise. Foi o que procurou fazer com o livro João das Regras, publicado em Lisboa (1941).

A literatura também não é indiferente a este autor. Por isso, encontra na Vida Atribulada de Filinto Elísio, que publica também em Lisboa (1945), o interesse cultural capaz de atrair a sua atenção e de o fazer comunicá-la aos seus leitores.

Ainda no âmbito político, serviu-se da pena jornalística para exprimir as suas ideias democráticas e republicanas. Neste sentido, foi diretor do jornal A Vitória, órgão do Partido Republicano Português, sob a liderança de Álvaro de Castro. Foi também colaborador d’ O Primeiro de Janeiro, bem como de outros periódicos.

Foi membro da Ordem dos Advogados desde a sua fundação, fazendo parte dos seus órgãos diretivos. Pelo seu mérito literário e histórico, foi condecorado com o Grau de Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada. Faleceu em Lisboa, a 16 de novembro de 1958.

Obras de Carlos Olavo Correia de Azevedo: Jornal de um Prisioneiro de Guerra na Alemanha (1938); João das Regras (1941); Vida Atribulada de Filinto Elísio (1945).

 

António moniz

(atualizado a 10.10.2016)

Bibliog.: CLODE, Luiz Peter, Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses: Séculos XIX e XX, Funchal, Caixa Económica do Funchal, 1983.

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