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nunes, diocleciano francisco de assis

Professor e poeta, nasceu na freguesia de Santa Maria Maior, Funchal, a 4 de outubro de 1928, desconhecendo-se o local e a data do seu falecimento. Era filho do Enf.º José Francisco Nunes e de Beatriz Adelaide Freitas Nunes. Estudou, a partir de 1940, no Liceu Jaime Moniz, no Funchal, formando-se como professor primário e diretor de colégio. Foi professor do ensino oficial e do particular, nomeadamente no curso de férias da Escola de Enfermagem de São José de Cluny. Lecionou também em Luanda, Angola, onde pertenceu ao quadro docente oficial. No âmbito da educação, fundou ainda, na Radiodifusão do Funchal, o programa “Meia-Hora dos Estudantes”, nele proferindo várias palestras. Para além do ensino, também se dedicou à escrita, principalmente à poesia. As suas primeiras publicações, crónicas e poemas tiveram lugar na revista Presente, na qual foi ainda responsável pela secção “Cartas para Longe”. Colaborou depois no Jornal da Madeira, na Página dos Estudantes, de que foi cofundador, n’A Madeira Nova, no Almanaque Madeirense, na revista Pérola do Atlântico, do Porto, e também em vários jornais da colónia madeirense em New Bedford e em Fall River, nos EUA. Por fim, colaborou no Intransigente, de Benguela, n’O Comércio de Angola e na revista Ensino, igualmente de Angola. Assinava os seus textos como Assis Nunes, usando, por vezes, o pseudónimo Guido de Monte Cristo. É autor do estudo A Criança – Sua Revelação perante a Sociedade e a Escola, editado como folheto pela Página dos Estudantes. Segundo Luís Marino, em Musa Insular, terá deixado inédita uma vasta bibliografia: Primeiros Versos, Combate, Temas Incompletos, Pecados, África, Quando o Vento Uivar dos Montes, Ao Céu Subiu Uma Estrela, Inveja e O Deputado. Na referida obra de Marino, pode ser apreciado o seu longo poema encomiástico “Tributo à Ilha”, cuja classificação oscila entre a ode, a elegia e a canção. Obras de Diocleciano Francisco de Assis Nunes: A Criança – Sua Revelação perante a Sociedade e a Escola.   António José Borges (atualizado a 03.03.2018) artigos relacionados: poetas liceu / escola secindária jaime moniz arte na educação formação de professores

História da Educação Literatura

nunes, cesário joão

Jornalista, poeta e escritor, nasceu na freguesia de São Gonçalo, no Ribeiro Seco, a 6 de maio de 1905, desconhecendo-se a data e o local do seu falecimento. Era filho de Manuel Francisco Nunes e de Virgínia Cândida Gomes Nunes. Casou-se com Maria Elisa Nunes, filha de José Fernandes de Gouveia e de Olívia da Natividade Fernandes de Gouveia, com quem teve uma filha, Irene Maria José Nunes da Costa. Era debuxador de bordados da Madeira de profissão, sendo os seus trabalhos considerados ainda hoje autênticas obras de arte. No entanto, assumiu-se como um homem multifacetado, dedicando-se igualmente à escrita jornalística e literária, quer em prosa, quer em poema. Assinava os seus textos literários não só com o seu nome, Cesário Nunes, mas com vários pseudónimos, como Ene, João Verdades e Falco. Sob o pseudónimo João Verdades, foi premiado nos jogos florais da Madeira organizados pelo Ateneu Comercial do Funchal em 1946, ganhando o 2.º lugar pelo conto “A Aguardente” e uma menção honrosa pelo conto infantil “O Aparo de Ouro”. No âmbito da sua atividade jornalística, foi correspondente do Comércio do Porto, periódico no qual desempenhou também a função de redator; na Madeira, foi delegado regional do jornal A Cidade, de Lisboa, e colaborou nas publicações periódicas Diário de Notícias, Eco do Funchal, Madeira Nova, Voz da Madeira e Diário da Madeira, entre outras. Nesta última, desempenhou a função de redator-principal a partir de maio de 1961 e manteve, entre outras, as secções “Gis na Parede” – com início a 27 de maio de 1972 e com grande sucesso junto do público, graças a um humor e a uma ironia refinados –, tal como “Ventos Ilhéus” e “Ardósia do Mundo”, ambas iniciadas a 19 de fevereiro de 1966. Enquanto jornalista, esteve envolvido em vários casos importantes da época, nomeadamente na chamada “questão Hinton”, ligada ao monopólio do fabrico de açúcar e álcool, que deu origem a um dos principais debates que animou a política e a opinião pública antes e durante a Primeira República. Na sua obra Política Sacarina (1940), um estudo sobre a economia insular, Cesário Nunes documentou referida situação, asseverando: “Em Portugal nenhuma questão económica atingiu tão alta preponderância e trouxe então grandes embaraços legislativos às entidades governativas como o problema sacarino da Madeira” (VIEIRA, 2004, 173). O facto de os textos que escreveu neste contexto serem citados em vários processos mostra bem a importância da sua opinião. Esteve também envolvido nos principais casos políticos do seu tempo, nomeadamente na Revolta da Madeira, sendo, nessa medida, seu um dos depoimentos que integram o livro A Revolta da Madeira – 1931 (1994). Em 1975, Cesário Nunes foi detido na sequência de uma carta que escreveu para o Diário da Madeira. No Jornal da Madeira do dia 16 de maio de 1975, pode ler-se um comunicado do quartel-general do Comando Territorial Independente da Madeira, com data de 15 de maio de 1975, que dá conta de que, a 10 de maio de 1975, haviam sido publicados no Diário da Madeira três artigos, bem como uma carta inserta na secção “Correio da Madeira”, que denotavam tendências contrárias à unidade nacional, motivo pelo qual haviam sido detidos os seus autores: Cesário Nunes, autor da carta, António de Castro Jorge, M. Macedo de Faria e Manuel Rodrigues. Para além da já referida obra Política Sacarina, estudo dedicado a António de Oliveira Salazar que consiste no primeiro número dos Cadernos Madeirenses, César Nunes é também autor do opúsculo História das Tábuas da Calheta. Um Novo Machim, publicado no Catálogo Coletivo de Bibliotecas da Madeira. Consta que terá destruído inéditos seus, num momento de revolta para com as injustiças e ingratidões de que foi alvo. Nestes, incluir-se-ia um livro de contos com o título Galeria, que teria prefácio do escritor Ferreira de Castro. Desconhece-se se uma obra em dois volumes intitulada Encruzilhada, que tinha em preparação, chegou efetivamente a ser publicada. Na obra Musa Insular, de Luís Marino, constam dois poemas que permitem aferir a sua qualidade poética. São eles “Conselhos”, poema de estrofe única dedicado à sua filha, e o soneto – modelo poético praticado abundantemente entre os poetas madeirenses – “Lágrimas”. Obras de Cesário João Nunes: “Conselhos”; “Lágrimas”; Política Sacarina (1940); História das Tábuas da Calheta. Um Novo Machim (1944). António José Borges (atualizado a 03.03.2018)   artigos relacionados: jorge, antónio vitorino castro república periódicos literários (sécs. XIX e XX) poetas  

Literatura

nóbrega, januário justiniano de

Escritor, poeta e jornalista. Consta que deixou vasta produção poética de elevado valor. A sua obra póstuma Visita de Sua Majestade a Imperatriz do Brazil, viúva, Duquesa de Bragança, à Ilha da Madeira, e Fundação do Hospício da Sereníssima Princesa D. Maria Amélia foi editada em 1867, na Madeira. Palavras-chave: Escritor; Poeta; Jornalista. Nasceu no Funchal a 25 de fevereiro de 1826 e faleceu a 28 de julho de 1866. Foi escriturário da administração do concelho do Funchal desde 30 de junho de 1837 e tornou-se 3.º escrivão da mesma administração a 8 de janeiro de 1857. Apesar de apenas possuir pouco mais do que a instrução primária, revelou-se um dos melhores jornalistas do seu tempo e tinha especial aptidão para a escrita literária, tornando-se reconhecido também como poeta. Persistem dúvidas sobre as reais circunstâncias que envolveram a sua morte: terá perecido como vítima de queda de uma rocha à beira-mar, ou, na verdade, terá existido suicídio derivado de uma suposta alienação mental, numa altura em que tinha preparado uma coletânea de poemas para publicar. Consta que deixou vasta produção poética de elevado valor, cuja localização se desconhece. Escreveu alguns artigos políticos, bastante reconhecidos pela sua qualidade e rigor, tendo colaborado nomeadamente nos periódicos O Funchalense, A Folha, Campo Neutro, Flor do Oceano, Estudo, e no Semanário Oficial, que dirigiu. Há registo de colaboração sua nas obras Flores da Madeira e Álbum Madeirense. O mais importante e copioso repositório de informações, elementos e notícias que interessam à história do arquipélago da Madeira encontra-se no arquivo da Câmara Municipal do Funchal, que contém muitos e valiosos documentos, sobretudo dos sécs. XV, XVI e XVII. Alguns deles foram publicados por Álvaro Rodrigues de Azevedo nas suas anotações às Saudades da Terra, de Gaspar Frutuoso. Entre os escritos que se extraviaram, está um que, tendo sido entregue ao governador José Silvestre Ribeiro, vem mencionado num artigo intitulado “Ilha da Madeira e seu Arquipélago”, do Dicionário Universal Português, nos seguintes termos: “Semelhantemente aconteceu com o manuscrito de uma obra histórico-estatística da Ilha da Madeira do malogrado e talentoso escritor madeirense Januário Justiniano de Nóbrega, a este pago pelo cofre da Câmara do Funchal, e portanto a esta pertencente […]” (ALBUQUERQUE, 1982). Consta que certas partes deste manuscrito ficaram na posse de Rodrigues de Azevedo. A sua obra póstuma, Visita de Sua Majestade a Imperatriz do Brazil, Viuva, Duquesa de Bragança, á Ilha da Madeira, e Fundação do Hospicio da Serenissima Princesa D. Maria Amelia, que se encontra no Arquivo Municipal do Funchal e na Biblioteca Municipal do Funchal, foi editada por Júlio da Silva Carvalho, na Typografia da Flor do Oceano. Silva Carvalho assinou o prefácio. Na Biblioteca Municipal do Funchal encontram-se, de Justiniano de Nóbrega, a Reimpressão das Rimas de Francisco Álvares de Nóbrega, sem editor, publicada no Funchal, segundo consta por volta de 1850, sem capa nem folha de rosto; e, em coautoria, Flores Agrestes. Poesias de João F. d´Oliveira e Januario J. de Nobrega, com edição no Funchal, pela Typografia Funchalense, em 1860. A segunda parte desta obra nunca foi publicada, porque Januário de Nóbrega, num acesso de loucura, destruiu as poesias e outros escritos que possuía, especialmente as peças inéditas. Luís Marino transcreveu, na sua obra Musa Insular, o longo e esteticamente cuidado poema “Apelido de Zargo”, composto por 15 estrofes de sextilhas, e que se serve, a abrir, de uma epígrafe de Cordeiro retirada da História Insulana, de tendência moralista: “Crescerá mais a fidalguia que começa em obras próprias, para os seus descendentes, do que a que só se jacta da dos descendentes, já alheia” (MARINO, 1959). Obras de Januário Justiniano de Nóbrega: Reimpressão das Rimas de Francisco Álvares de Nóbrega (1850?); Flores Agrestes. Poesias de João F. d´Oliveira e Januario J. de Nobrega (1860); Visita de Sua Majestade a Imperatriz do Brazil, Viuva, Duquesa de Bragança, á Ilha da Madeira, e Fundação do Hospicio da Serenissima Princesa D. Maria Amelia (1867); “Apelido de Zargo” (s.d.).   António José Borges (atualizado a 03.03.2018)   artigos relacionados: frutuoso, gaspar azevedo, álvaro rodrigues de poetas nunes, cesário joão

Literatura

henriques, germano francisco de barros

Este apelido de família procede de D. João Henriques, que foi aposentador e caçador-mor de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I. Há outros Henriques, que descendem de Henrique Alemão e Henriques de Noronha, que procedem de D. João e de D. Diogo Henriques, e de D. João e D. Garcia de Noronha, todos filhos de D. Garcia Henriques, de Sevilha. Poeta muito apreciado, escritor, professor e escrivão, nasceu na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos em 1805, sendo filho de Francisco Policarpo de Barros Henriques, empregado de repartição pública e professor do ensino público em Câmara de Lobos, e de Luísa de Barros Henriques. Faleceu em 1856, vítima de colera morbus, que foi considerada a primeira doença global. Era apreciado como poliglota, pois falava corretamente francês, inglês, espanhol e latim. Dotado para a composição de poemas, dando primazia à produção de sonetos, escreveu Lições de Arte Poética e colaborou em diversos jornais e revistas, entre os quais A Discussão e Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro. Usou o pseudónimo de Germano Francisco Dee. O poeta Joaquim Pestana, no Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, menciona Barros Henriques de forma bastante elogiosa, referindo a rara facilidade com que compunha versos, a sua predileção pelo soneto e a influência da escola de Filinto, em alusão a Filinto Elísio, poeta e tradutor português do Neoclassicismo. Constituem digno exemplo da sua produção poética os sonetos que Luís Marino transcreve na sua Musa Insular: “Ao Suicídio” e “Soneto”, este último com uma dedicatória em alusão «Ao faustíssimo dia 16 de setembro de 1855, / aniversário natalício e de coroação de Sua / Majestade fidelíssima, o senhor D. Pedro V». Obras de Germano Francisco de Barros Henriques: Lições de Arte Poética.   António José Borges (atualizado a 23.02.2018)

Literatura

henriques, josé anselmo correia

Nasceu na ilha da Madeira, em 1775, e faleceu em Paris, a 1831. Era filho de António João Correia Bettencourt Henriques, pai do 1.º conde de Seixal, José Maurício Correia Henriques, e irmão de Fernando José Correia Brandão Bettencourt Henriques, 1.º visconde de Torre Bela e ministro de Portugal na Prússia e na Suécia. Não consta que tivesse habilitações literárias superiores – o que faz supor que terá, com efeito, obtido formação elevada em algum curso de que não ficou registo, talvez no Colégio dos Nobres, onde então se ensinavam as línguas mortas grega e latina, as línguas vivas francesa, inglesa e italiana, e história, matemática, física, desenho, arquitetura, equitação, esgrima, entre outras disciplinas que lhe terão proporcionado uma vasta cultura intelectual e literária –, o que não o impediu de seguir uma carreira diplomática em vários consulados, servindo, em representação de Portugal, nas cortes europeias, entre as quais Londres, Paris, Veneza e Cristiania, uma comunidade independente e autogerida, localizada na cidade de Copenhaga, Dinamarca. Escreveu vários livros, tornando-se um pensador de alto nível. Além de Bremen e outras cidades, residiu vários anos em Hamburgo. Partidário das ideias do séc. XVIII, leitor e admirador de Voltaire, deveu certamente à sua ausência de Portugal o facto de não ser perseguido. Na verdade, foi em Hamburgo que publicou, em 1806, o poema heroico-cómico A Padeira de Aljubarrota, imitado de La Pucelle d´Orléans, de Voltaire. Esteve no Rio de Janeiro quando a corte e o governo português ali permaneceram, desempenhando alguns cargos de confiança junto do príncipe regente. Escreveu também, em 1809, uma tragédia sobre a revolução de Portugal contra os Franceses, com o seguinte título: A Revolução de Portugal, Tragédia Dedicada à Inseparável Memória dos Portugueses pelos Seus Legítimos Senhores e Reis da Casa de Bragança, que publicou em Londres. Trata-se de uma obra repassada de alusões aos acontecimentos da época. Na capital britânica, colaborava no Correio Brasiliense e redigia o Espêlho, jornal que terminou em 1813. Ali fundou ainda, no ano de 1821, o periódico O Zorragar das Cortes-Novas. Em 17 de dezembro de 1815, escreveu um “Poema aos Anos de muito Alta e Augusta Majestade, a Senhora D. Maria I, Rainha de Portugal”, que viria a sair no vol. I das suas Obras Poéticas, sendo o resto do volume preenchido com a tradução da “Carta de Heloísa”, de Pope, uma “Ode a el-Rei D. João VI” e outros textos. Este primeiro volume publicou-se em Hamburgo em 1819. Nesta cidade, redigiu também, durante algum tempo e no mesmo ano, Le Plenipotentiaire de la Raison. Publicou em Paris, Hamburgo, Londres, Veneza e na Suécia. Consta que no Brasil, entre 1817 e 1818, terá sido o chefe da espionagem do ministro Tomás de Vila-Nova Portugal, sendo por ele solicitado no sentido de identificar e denunciar os pedreiros-livres, tendo cumprido com sucesso a sua missão. Foi nessa altura que D. João VI descobriu, para seu enorme desgosto, que muitos dos que trabalhavam de perto com ele eram pedreiros-livres, assim como o haviam sido todos os ministros que nomeara no Rio de Janeiro, até junho de 1817. Além das publicações já referidas, importa mencionar mais algumas composições, como “Arte da Guerra; Poema em Seis Cantos, de Frederico II, Rei da Prússia, Traduzido em Português” (Hamburgo, 1819); “Perodana, ou o Conciliábulo ou Periódico; Poema Heróico-cómico” (Veneza, 1819); A Escola do Escândalo, Comédia de Sheridan, Traduzida do Inglês (Lisboa, 1795), representada em várias épocas no teatro da R. dos Condes. Há ainda registo de vários manuscritos que terá deixado: “A Mariolada; Poema Herói-cómico à Musa do Reverendo José Agostinho de Macedo, a Formosa Estanqueira do Chiado, pelo Autor o Gigante Voraz”, composto em 1813, com três cantos precedidos de uma introdução; e, em verso, Mesquita, Tragédia Portuguesa. A literatura madeirense seguiu as fases da literatura continental, embora poucos escritores daquele arquipélago deixassem nome aureolado na história literária do país. É certo, porém, que logo no século dos Descobrimentos apareceram alguns poetas de notável mérito, que figuram no Cancioneiro de Garcia de Resende, chegando Teófilo Braga, na sua obra Poetas Palacianos, a considerá-los um grupo à parte, característico e distinto, a que deu o nome de Ciclo Poético da Ilha da Madeira. A par de autores como Marceliano Ribeiro de Mendonça e Manuel Caetano Pimenta de Aguiar, José Anselmo Correia Henriques figura como um dos melhores escritores da Madeira durante a primeira metade do séc. XIX. Obras de José Anselmo Correia Henriques: A Escola do Escândalo, Comédia de Sheridan, Traduzida do Inglês (1795); A Revolução de Portugal, Tragédia Dedicada à Inseparável Memória dos Portugueses pelos Seus Legítimos Senhores e Reis da Casa de Bragança (1809); Obras Poéticas (1819); Le Plenipotentiaire de la Raison (1819); O Charlatanismo, ou o Congresso Abolido; Poema Herói-cómico em Verso Solto; Manuscrito Achado num Canto do Palácio das Necessidades, depois de as Côrtes Serem Abolidas em 5 de Junho de 1823 (1824); Apologia da Conduta de José Anselmo Correia, contra as Asserções Mentirosas do Correio Brasiliense.   António José Borges (atualizado a 23.02.2018)

Literatura

ramos, emanuel paulo

Nasceu no Caminho da Achada, n.º 105, na freguesia de São Roque, Funchal, a 11 de setembro de 1922 e faleceu a 19 de agosto de 2005, com 83 anos. Era filho de Francisco Gomes Ramos e de Maria Olívia do Espírito Santo Caldeira Ramos. Casou-se com Marília Augusta Duarte Torres Ramos, licenciada pela Universidade de Lisboa, com quem teve dois filhos: Paulo Jorge Torres Ramos, falecido precocemente em 1971, e Pedro Manuel Torres Ramos, licenciado na área de História pela Universidade de Lisboa. Emanuel Paulo Ramos fez sua formação inicial no Liceu do Funchal. Concluídos estes estudos, inscreveu-se no curso de Filologia Românica na Universidade de Lisboa, tendo terminado o curso com distinta nota, 16 valores. Possuía diploma para docência do ensino secundário, que obteve no Liceu Nacional de D. João III (posterior Escola Secundária José Falcão, sita na Av. D. Afonso Henriques), em Coimbra. Foi professor e especialista em metodologia do ensino secundário, e inspetor do ensino liceal, tendo ocupado o cargo de vice-reitor do Liceu Nacional do Funchal. Também lecionou no Colégio Militar, para além de dirigir a secção de línguas vivas e de dar, durante vários anos, aulas de História Geral da Arte e Estética e Teorias de Arte na secção de Belas-Artes da Academia de Música e Belas-Artes da Madeira. Ainda nesta mesma academia, e para a secção de línguas, programou e dirigiu o curso de Línguas e Civilização Portuguesa. Enquanto vereador da Câmara Municipal do Funchal, teve responsabilidades nas seguintes decisões: na ampliação de habitações com rendas económicas no bairro dos Viveiros; no erguimento de uma estátua a Jaime Moniz e, nesta mesma ocasião, numa homenagem aos professores de todos os graus de ensino do arquipélago da Madeira; na redação de vários artigos, a partir de 1959, em defesa da criação de uma universidade no Funchal. Camonista reconhecido, foi mais do que uma vez, por nomeação do Ministério da Educação, designado secretário da comissão para a edição crítica da obra Os Lusíadas, de Luís de Camões, da responsabilidade da Academia das Ciências de Lisboa. Com efeito, estudou detalhadamente, nomeadamente ao nível da crítica teatral e da interdisciplinaridade, a relação entre a obra de Camões, as artes europeias e asiáticas anteriores e as artes suas contemporâneas. Justamente neste âmbito, participou com comunicações em várias reuniões internacionais de camonistas realizadas na déc. de 80 em solo português. A sua produção literária inscreve-se em áreas que atravessam a ética, a religião, a estética, a filosofia e a história. Recebeu, bem como a mulher, um louvor do então Ministério da Educação Nacional. Tornou-se sócio do Ateneu Comercial do Funchal e um importante académico do Instituto de Coimbra. Escreveu e publicou os seguintes títulos: Arte de Antero n’Os Sonetos, que consistiu na sua dissertação de licenciatura em Filologia Romântica na Universidade de Lisboa (1948) e que se encontra na Biblioteca da Faculdade de Letras da mesma Universidade; “A ‘Insula Divina’ e a ‘Grande Ilha da Madeira’ n’‘Os Lusíadas’”, na revista Das Artes e da História da Madeira do Funchal (vol. v, n.º 27, 1957), artigo que pode ser consultado quer no Arquivo Regional da Madeira (ARM), quer na Biblioteca Municipal do Funchal (BMF). Na mesma revista, publicou mais três textos: “Dificuldades e Esperanças da Cultura na Madeira” (vol. v, n.º 29, 1959), que também pode ser encontrado no ARM e na BMF; “A Arte Contemporânea: Natureza, Problemas, Ensinamentos” (vol. VI, n.º 33, 1963), que pode igualmente ser consultado no ARM e na BMF; e “Em Torno do Barroco. Aspectos Madeirenses da Cultura e Civilização Portuguesa” (vol. VII, n.º 38, 1968), que pode ser lido no ARM. Importa referir ainda que prefaciou, com um texto intitulado “Falares da Ilha”, a obra Pequeno Dicionário da Linguagem Popular Madeirense, editada pela Editorial Eco do Funchal, Lda. em 1961, que existe na BMF e no Centro de Apoio de Ciências Históricas (CACH). Foi também o responsável pela organização, seleção de texto e notas de uma coletânea de sonetos de Antero de Quental, intitulada precisamente Sonetos de Antero de Quental (1950). Produziu outros trabalhos de relevo, entre os quais se destaca cerca de uma dúzia de edições escolares, para os ensinos básico, secundário e superior, de Os Lusíadas. Uma das edições didáticas d’Os Lusíadas que organizou na déc. de 50 para os ensinos básico e secundário foi usada durante muitos anos, conhecendo múltiplas reedições e reimpressões. A par dessas edições, orientou vários colóquios em escolas secundárias de Lisboa, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Sociedade da Língua Portuguesa, entre outras instituições. Colaborou sempre em revistas da especialidade, entre as quais a Revista Portuguesa de Filologia (da Universidade de Coimbra) e a Colóquio-Letras (Fundação Calouste Gulbenkian), em vários periódicos do Funchal, na revista Brotéria e na já citada Revista das Artes e da História da Madeira. Obras de Emanuel Paulo Ramos: Arte de Antero n’Os Sonetos (1948); “A ‘Insula Divina’ e a ‘Grande Ilha da Madeira’ n’‘Os Lusíadas’” (1957); “Dificuldades e Esperanças da Cultura na Madeira” (1959); “A Arte Contemporânea: Natureza, Problemas, Ensinamentos” (1963); “Em Torno do Barroco. Aspectos Madeirenses da Cultura e Civilização Portuguesa” (1968); Convergências de Manifestações Culturais Indianas e Greco-Latinas na Poesia de Camões (1984); Os Textos Camonianos Datados de 1572 e as Traduções Castelhanas de 1580 d’Os Lusíadas (1984); Tonicidade e Abertura Vocálica na Língua Portuguesa Quinhentista (1986).   António José Borges (atualizado a 17.12.2017)

Literatura