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nunes, diocleciano francisco de assis

Professor e poeta, nasceu na freguesia de Santa Maria Maior, Funchal, a 4 de outubro de 1928, desconhecendo-se o local e a data do seu falecimento. Era filho do Enf.º José Francisco Nunes e de Beatriz Adelaide Freitas Nunes. Estudou, a partir de 1940, no Liceu Jaime Moniz, no Funchal, formando-se como professor primário e diretor de colégio. Foi professor do ensino oficial e do particular, nomeadamente no curso de férias da Escola de Enfermagem de São José de Cluny. Lecionou também em Luanda, Angola, onde pertenceu ao quadro docente oficial. No âmbito da educação, fundou ainda, na Radiodifusão do Funchal, o programa “Meia-Hora dos Estudantes”, nele proferindo várias palestras. Para além do ensino, também se dedicou à escrita, principalmente à poesia. As suas primeiras publicações, crónicas e poemas tiveram lugar na revista Presente, na qual foi ainda responsável pela secção “Cartas para Longe”. Colaborou depois no Jornal da Madeira, na Página dos Estudantes, de que foi cofundador, n’A Madeira Nova, no Almanaque Madeirense, na revista Pérola do Atlântico, do Porto, e também em vários jornais da colónia madeirense em New Bedford e em Fall River, nos EUA. Por fim, colaborou no Intransigente, de Benguela, n’O Comércio de Angola e na revista Ensino, igualmente de Angola. Assinava os seus textos como Assis Nunes, usando, por vezes, o pseudónimo Guido de Monte Cristo. É autor do estudo A Criança – Sua Revelação perante a Sociedade e a Escola, editado como folheto pela Página dos Estudantes. Segundo Luís Marino, em Musa Insular, terá deixado inédita uma vasta bibliografia: Primeiros Versos, Combate, Temas Incompletos, Pecados, África, Quando o Vento Uivar dos Montes, Ao Céu Subiu Uma Estrela, Inveja e O Deputado. Na referida obra de Marino, pode ser apreciado o seu longo poema encomiástico “Tributo à Ilha”, cuja classificação oscila entre a ode, a elegia e a canção. Obras de Diocleciano Francisco de Assis Nunes: A Criança – Sua Revelação perante a Sociedade e a Escola.   António José Borges (atualizado a 03.03.2018) artigos relacionados: poetas liceu / escola secindária jaime moniz arte na educação formação de professores

História da Educação Literatura

herédia, antónio correia de

António Correia de Herédia (1822 - 1899) (Local desconhecido, 1822-Lisboa, 1899) - Escritor, presidente da Câmara e governador civil do Funchal. Exerceu o cargo de deputado, representando a Madeira nas sessões legislativas de 1857-1858, 1858-1859 e 1865-1868. Palavras-chave: Câmara do Funchal; Francisco Correia de Herédia; Governo Civil; Junta Governativa da Madeira; Parlamento.   O fidalgo espanhol D. António Herédia, do qual descende António Correia de Herédia, fez parte do exército que, sob o comando do duque de Alba, entrou em Portugal em 1580. Em 1602, foi para a Madeira como capitão da companhia do presídio castelhano, tendo sido, mais tarde, nomeado seu comandante. É este o tronco genealógico da família Herédia residente na Madeira, que teve como mais notáveis representantes António Correia de Herédia e Francisco Correia de Herédia, visconde da Ribeira Brava. D. António Herédia e os seus descendentes ligaram-se às mais distintas famílias madeirenses. Na família Herédia incorporou-se o importante morgadio dos Britos, que tinha a sua sede principal na freguesia da Ribeira Brava; incluía a capela de N.ª Sr.ª da Apresentação e, nas suas proximidades, uma grande e solarenga casa, sendo uma das maiores residências existentes fora do Funchal (ambas foram destruídas). António Correia de Herédia nasceu a 2 de março de 1822. Era filho do Cons. Francisco Correia Herédia, morgado de Apresentação, e de Margarida Acciaiuoli de Sá, filha do Cap. Francisco João Escórcio Drummond e de Ana Margarida de Herédia. Casou-se com Ana de Bettencourt. Tiveram um filho: Francisco Correia de Herédia, visconde da Ribeira Brava, titulado pelo Rei D. Luís I, quando o pai – figura respeitada devido ao seu trabalho como par do Reino, como presidente de muitas comissões destinadas à reforma de diversos serviços públicos e pelo trabalho humanitário desenvolvido na ilha da Madeira – recusou o título nobiliárquico em seu favor. Entre outros cargos públicos, exerceu os de deputado, representando a Madeira no Parlamento (nas sessões legislativas de 1857-1858, 1858-1859 e 1865-1868), de presidente da Câmara e de governador-civil do Funchal, tendo sido também escritor. Por ocasião do governo provisório da Junta do Porto, no ano de 1847, António Correia de Herédia foi o secretário da Junta Governativa da Madeira. Não consta que possuísse formação superior, o que não obstou, contudo, a que, no desempenho de alguns destes cargos, escrevesse de modo competente vários relatórios, regulamentos e projetos de lei que atestam a sua competência para a escrita e a sua grande capacidade de trabalho. Poderia ter sido um escritor de renome. Teve uma vasta colaboração na imprensa, escrevendo em várias publicações (entre as quais Clamor Público, cujo primeiro número saiu a 22 de maio de 1854 e o último, o 170.º, a 20 de janeiro de 1858, e A Discussão, cujo primeiro número saiu a 8 de fevereiro de 1855 e o último a 28 de agosto de 1858). Além disso, publicou várias obras: Breves Reflexões sobre a Abolição dos Morgados na Madeira Offerecidos à Consideração da Liga Promotora dos Interesses Materiaes do Paiz; As Contradições Vinculadas pelo A. das Breves Reflexões sobre a Abolição dos Morgados na Madeira; A Boa Fé do Archivista; Relatório do Projecto de Regulamento Geral das Alfandegas; Ao Público; Exposição e Documentos Enviados à Câmara dos Dignos Pares; Observações sobre a Situação Economica da Ilha da Madeira e sobre Reforma de Alfandegas. António Correia de Herédia faleceu em Lisboa a 23 de junho de 1899. Obras de António Correia de Herédia: Breves Reflexões sobre a Abolição dos Morgados na Madeira Offerecidos à Consideração da Liga Promotora dos Interesses Materiaes do Paiz (1849); As Contradições Vinculadas pelo A. das Breves Reflexões sobre a Abolição dos Morgados na Madeira (1850); A Boa Fé do Archivista (1852); Relatório do Projecto de Regulamento Geral das Alfandegas (1876); Ao Público (1885); Exposição e Documentos Enviados à Câmara dos Dignos Pares (1886); Observações sobre a Situação Economica da Ilha da Madeira e sobre Reforma de Alfandegas (1888).   António José Borges (atualizado a 01.02.2018)

Personalidades

quintal, luís de ornelas nóbrega e

Advogado, jornalista e poeta, Nóbrega e Quintal nasceu no Funchal a 18 de junho de 1895 e faleceu com 69 anos, em Lisboa, no dia 5 de abril de 1965. Os seus pais foram Francisco de Nóbrega Quintal e Elisa de Ornelas Pinto Coelho. Era irmão de Francisco Ornelas Nóbrega Quintal, um oficial da marinha mercante. Estudou no Liceu do Funchal e, mais tarde, licenciou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi ministro da Instrução, deputado pela Índia em 1919 e, nesse mesmo ano, foi nomeado chefe da 3.ª repartição da Direção Geral da Administração Política e Civil do Ministério das Colónias. Na altura do alto-comissariado de Norton de Matos em Angola, em 1921, tendo então apenas 27 anos, foi governador do distrito de Quanza do Sul. Foi diretor do periódico Gente Nova, que contou com um número único (fev. 1913), comemorativo do primeiro aniversário da Caixa Escolar do Liceu do Funchal. Para além de textos da sua autoria, esta publicação reuniu contributos de Eugénia Rego Pereira, Jaime Câmara, Manuel Ribeiro e João Cabral do Nascimento. Colaborou também no Almanaque de Lembranças Madeirenses, bem como noutros jornais: O Povo, A Voz do Povo, Diário de Notícias, Heraldo da Madeira, Diário da Madeira e República, jornal de Portugal continental de que foi um dos redatores. Quer como jornalista, quer como poeta, Nóbrega e Quintal assumiu uma vocação romântica, evidenciada na sua linguagem sentimental e melodiosa. Assinava os seus textos como Nóbrega-Quintal. Consta que terá deixado inéditos três livros de poesia: Alvoradas, Luar de Sonho e Novas Alvoradas. Luís Marino fixou, na sua obra Musa Insular, três sonetos que permitem aflorar o estilo poético de Nóbrega e Quintal: “Noivados”, “Contraste” e “Excerto dum Poemeto”.   António José Borges (atualizado a 16.12.2017)

Personalidades

lopes, carlos marinho

Professor, poeta e jornalista, nasceu na freguesia de São Pedro, Funchal, a 3 de março de 1896 e faleceu, com apenas 43 anos, no Funchal, na casa da R. da Conceição onde residia, no dia 12 de maio de 1939. Os seus pais eram Manuel Joaquim Camacho Lopes e Matilde Firmina Lopes. Formou-se na Escola de Habilitação para o Magistério Primário, a 1 de agosto de 1919, tornando-se professor do ensino primário. Falava corretamente inglês e francês. Na Madeira, foi docente nas freguesias de Tabua, de 1923 a 1924, Santa Maria Maior, em 1931, Serra d’Água, de 1931 a 1934, Camacha, em 1934, Ribeira Brava, em 1927, e Santa Cruz, em 1935. Ainda deu aulas de Inglês, Francês, Escrituração e Contabilidade. Foi fundador, diretor e professor do Colégio Marinho Lopes. Enquanto professor primário, Carlos Marinho Lopes recebeu um louvor da Câmara Municipal da Ribeira Brava, em 1927, pelo sucesso dos alunos por si propostos a exame, e outro da Câmara Municipal de Santa Cruz, em 1935, por ter fundado naquela freguesia um museu e uma biblioteca. Foi membro de uma tertúlia constituída por Octávio de Marialva, Albino de Menezes, Manuel Fernandes Rosa e Abel de Abreu Nunes, entre outros. Foi também cofundador, em 1920, com Horácio Bento Gouveia, Álvaro Favila Vieira, João Pestana Ferreira, Álvaro Manso, Manuel Ferreira Rosa e José Maria de Conceição Carvalho do quinzenário académico Os Novos. Foi um renomado escritor em prosa e em verso. Colaborou assiduamente no Diário da Madeira, onde dirigiu, a partir de 1 de janeiro de 1928, a “Gazeta infantil”. Escreveu também no Diário de Notícias e noutros jornais da Região, recorrendo aos pseudónimos Carlos do Mar, Príncipe Carlos e Príncipe Carlop. Do conjunto de textos publicados na imprensa, é de destacar a conferência “O teatro” que apresentou na Escola de Arte de Representar, de que foi diretor, e que foi publicada nas edições do Diário da Madeira de 24 e 31 de outubro, 7, 22 e 28 de novembro e 5 de dezembro de 1928. Publicou os livros Pensamentos e Blagues (Funchal, s.n., 1927), que pode ser consultado na Biblioteca Municipal do Funchal, A Galera (Funchal, Livraria Popular, 1927), que pode ser lido na mesma Biblioteca, e O Triunfo (1927), novela de que não possuímos mais informações para além da data. Segundo Luís Marino, o autor terá deixado inéditas as obras Flama (novela), Transviado, Claridades e Carta do Além. A crítica considerava-o um autor moderno, possuidor de um elevado sentido estético e de uma curiosa sensibilidade. Os seus textos em prosa eram elogiados pela sua beleza e poder de imaginação. Por ocasião da sua morte, a 12 de maio de 1939, o Diário da Madeira mostrou o seu pesar e exaltou o carácter e brilhantismo de Carlos Marinho Lopes – que, antes de morrer, exercia as funções de professor da escola do sexo masculino da Camacha e mantinha nessa cidade, à noite, um curso de lecionação de instrução primária e secundária, e de contabilidade. Obras de Carlos Marinho Lopes: A Galera (1927); Pensamentos e “Blagues” (1927); O Triunfo (1927).     António José Borges (atualizado a 14.12.2017)

História da Educação Literatura

jesus, joão joaquim de

Professor, matemático e poeta, nasceu na freguesia de São Pedro, no Funchal, a 3 de outubro de 1904 e veio a falecer em Lisboa, no dia 8 de novembro de 1974, com 70 anos. Era filho de João Joaquim de Jesus e de Pacífica Conceição de Jesus e tinha um irmão, Américo Joaquim de Jesus. Com tenra idade, cerca de dois anos e meio, sendo atacado pela varíola, que lhe causou graves problemas de visão, deu entrada no Lazareto de Gonçalo Aires. Com 11 anos, decidiu partir para o continente, formando-se no Instituto Branco Rodrigues, em São Pedro do Estoril. Nesta instituição, onde permaneceu durante nove anos, concluiu o ensino primário e o 5.º ano singular de Português e Francês, tendo obtido o diploma de professor primário, autorizado pelo Ministério da Instrução. Começou, depois, a exercer magistério no Asilo de Cegos de Nossa Senhora da Esperança, situado em Castelo de Vide, onde ensinou durante três anos. Mais tarde, já no Funchal, fundou o entretanto extinto instituto para cegos Luz nas Trevas, onde também deu aulas. Na altura, o diretor era o seu irmão Américo Joaquim de Jesus. Para além de insigne professor, era um amante da ciência e um poeta. Nesse sentido, publicou poemas na revista Pérola do Atlântico e nos jornais locais Diário da Madeira, Diário de Notícias e Eco do Funchal, e deixou-nos a obra poética Frutos da Mocidade (1971). Dedicou-se também ao estudo e difusão do esperanto, tendo o projeto de traduzir para esse idioma internacional o poema épico Os Lusíadas, de Luís de Camões. Segundo Luís Marino, em Musa Insular, o Prof. Feliciano Soares considerava que os seus versos tinham uma nítida influência lírica, mas também elevação espiritual. São exemplo deste caráter da sua poesia as composições transcritas na obra Musa Insular de Luís Marino, nomeadamente o soneto “Fé e Esperança” e o longo poema “Feia”, dividido em 12 estrofes de sextilhas laboriosamente trabalhadas. Obras de João Joaquim de Jesus: Frutos da Mocidade (1971).       António José Borges (atualizado a 18.12.2017)

Personalidades

leal, alfredo ayres de freitas

Nasceu no Funchal a 26 de maio de 1874 e faleceu a 5 de janeiro de 1935, com 60 anos, na casa onde morava, no Lombo da Boa Vista, freguesia de Santa Maria Maior. Era filho do comendador Alfredo de Freitas Leal Moniz de Meneses, que serviu como moço fidalgo na Casa Real e foi também professor do Liceu do Funchal, e de Ana Rita Maria Josefa de Castro e Almeida Pimentel de Siqueira e Abreu de Freitas Leal, natural de Goa. Em 1923, casou-se com Ana de Melo Breyner de Freitas Leal, filha de Francisco de Melo Breyner, 3.º conde de Mafra, e de Amélia Ferreira, oriunda da África Oriental, com quem teve quatro filhos: Maria Eugénia, Manuel João, Francisco Valentim e António Aires Melo Breyner Leal. Estudou no Beaumont College, um colégio jesuíta de Londres frequentado pela alta aristocracia britânica, onde mostrou a sua inteligência e o gosto pela literatura e pela arte. É de salientar que Alfredo de Freitas Leal e Pedro Paulo de Freitas-Branco, que também frequentava o colégio, ganharam o primeiro prémio em Literatura e em História de Inglaterra, tendo alcançado as mais altas classificações nestas disciplinas. Após concluir os seus estudos secundários no referido colégio, voltou a Portugal e matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, concluindo o curso de Direito com distinção. Não se adaptando ao meio da Madeira, decidiu partir para Lourenço Marques, onde permaneceu muito tempo e constituiu família. Tanto no Funchal como no ultramar, foi um distinto advogado, sendo os seus serviços muito admirados e solicitados. Distingue-se, na sua geração, como um dos intelectuais mais inteligentes e cultos. Dizia-se que era um autêntico gentleman, visto que falava a língua inglesa fluentemente e que era detentor de uma notável cultura. Para além disso, esteve próximo de algumas das mais destacadas figuras da literatura, como o prestigiado poeta Eugénio de Castro, com quem nunca deixou de manter relações, e António Nobre, com quem frequentou as tertúlias de literatos e artistas então muito frequentes em Coimbra. Apreciador de arte e possuidor de um notável sentido estético, foi um crítico forte e incisivo. Colaborou na imprensa, nomeadamente em revistas da União Sul-Africana, ocupando-se sempre de temas relacionados com arte. Foi também autor do livro Coimbra dos Noventa e Outras Impressões, que se encontra na Biblioteca Municipal do Funchal. Neste seu livro, publicado em Lisboa pela Livraria Editora Guimarães e C.ª em 1931, rememora admiravelmente os seus tempos universitários, com o estilo, elegância e pendor crítico que habitualmente incutia aos seus textos. Tinha ainda o projeto de publicar um livro de crítica a motivos e obras de arte, porém a morte não lho permitiu. Deixou vários escritos que foi reunindo na Madeira e em Lourenço Marques, Moçambique. Obras de Alfredo Ayres de Freitas Leal: Coimbra dos Noventa e Outras Impressões (1931).     António José Borges (atualizado a 11.02.2017)

Personalidades