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caniçal

O Caniçal terá sido uma excelente coutada de caça de João Teixeira, 3º filho de Tristão Teixeira. A dependência em relação ao mar, o isolamento da localidade até à década de 1950, quando se construiu o túnel Eng. José Nasoloni, em 1956 fez desta população uma das mais fustigadas pelo infortúnio. A caça à Baleia trouxe ao Caniçal algum rendimento e deu origem a um distinto artesanato realizado com os ossos dos cetáceos. A pesca foi tão importante que a Igreja Católica chegou a ser proprietária de dois barcos e a sua influência se estendeu aos rituais religiosos, entre os quais se conta a festividade da Nossa Senhora da Piedade uma das mais belas procissões realizadas em território português. O mar é omnipresente, porque era através dele que se transportaram as madeiras retiradas dos seus terrenos com destino ao Funchal. O Caniçal teve maior atenção e hoje a sua paisagem é também marcada pela Igreja Nova do Caniçal, desenhada por Francisco Caíres, a par da Igreja de São Sebastião. [map style="width: auto; height:400px; margin:20px 0px 20px 0px; border: 1px solid black;" maptype="OSM" gpx="http://aprenderamadeira.net/wp-content/uploads/Caniçal.gpx" elevation="no" download="no"] Descarregue aqui esta rota! [caption id="attachment_15907" align="alignleft" width="300"] Museu da Baleia[/caption] Museu da Baleia Extraordinário testemunho da indústria da caça à Baleia, a qual teve grande importância na economia da pequena vila do Caniçal, entre o ano de 1949 até meados de 1982, data da proibição da caça à Baleia. Através dos utensílios, das fotografias e de diversos documentos, ficará a conhecer em detalhe todos os processos que envolviam a caça à baleia, as fases do aproveitamento industrial e o uso dos desperdícios no artesanato local. O museu tem ainda um posto de observação de baleias, sendo que a melhor altura para avistar Baleias é o Verão. . [caption id="attachment_15910" align="alignleft" width="300"] Igreja Nova do Caniçal[/caption] Igreja Nova do Caniçal Em substituição da antiga igreja com mais de 300 anos, em 1999 foi inaugurada uma nova igreja, com um projeto arquitetónico da autoria do arquitecto João Francisco Caires & Associados, o qual se caracteriza pelos traços geométricos de linhas angulares, característicos do modernismo de Corbusier, apresentando numa clara inspiração em Siza Vieira. Num dos alçados, um conjunto de pequenas janelas remetem-nos de novo para Corbusier, em concreto a Notre Dame Du Haut, em Ronchamp. . . [caption id="attachment_15914" align="alignleft" width="253"] Posto de transformação[/caption] Posto de transformação Chorão Ramalho Construídos entre 1946 e 1970, da autoria do célebre arquitecto Chorão Ramalho, estes postos de reforço de electricidade, com a mesma arquitetura pontua a ilha, tornando-se um registo típico da paisagem humanizada da Madeira criada no século XX. A forma paralelepípeda com as fachadas cegas, à exceção do alçado principal, tem a aplicação da sempre presente pedra basáltica, revelando a preocupação do arquiteto em integrá-lo na tradição arquitetónica do arquipélago. . . . . . [caption id="attachment_15919" align="alignleft" width="300"] Ponte da Ribeira do Natal[/caption] Ponte da Ribeira do Natal Esta pequena ponte em arco abobadado, classificada como Monumento de Interesse Municipal, é um testemunho de uma das antigas vias que ligavam as diversas povoações da ilha. A deslocação, como se depreende, era realizada ou a pé ou nas conhecidíssimas redes, as quais eram destinadas aos grupos sociais abastados. Um testemunho da antiga rede pedestre que ligava o Caniçal a Machico, sede de concelho. A intervenção realizada recentemente teve o cuidado de manter praticamente inalterado o desenho original. Note-se que apenas em 1956 foi garantida a ligação rodoviária entre o Caniçal e a restante Madeira, quando foi inaugurado o túnel Eng. José Nasoloni. A partir deste ponto acedemos à Vereda do Pico do Facho, que nos leva até Machico. . [caption id="attachment_15923" align="alignleft" width="300"] Igreja de São Sebastião[/caption] Igreja de São Sebastião Edificada no ano de 1749 no sítio da primitiva Capela de São Sebastião, mandada construir por Garcia Moniz Barreto no início do século XVI e completamente destruída no terramoto de 1748 carateriza-se por na fachada principal ter uma empena de cornija e um portal em cantaria maneirista. O adro é calcetado no tradicional calhau rolado. No interior destaca-se o retábulo-mór, que é tardo-barroco, dourado e branco. . . [caption id="attachment_15927" align="alignleft" width="300"] Casa do Sardinha[/caption] Casa do Sardinha Um dos últimos pontos humanizados a Leste na Madeira. Esta casa, supostamente edificada por um médico, em meados do século XX, para servir de casa de veraneio, é atualmente propriedade do Parque Natural da Madeira servindo de casa de abrigo aos guardas do Parque. Para chegar à pequena casa construída em alvenaria de pedra com molduras de cor avermelhada é necessário percorrer a vereda que se inicia na Baía d’ Abra, num percurso que requer algumas precauções. Depois do esforço tem a oportunidade de usufruir do acesso ao mar através de um pequeno cais num ambiente calmo e único. . [caption id="attachment_15930" align="alignleft" width="300"] Procissão Nossa Senhora da Piedade[/caption] Capela de Nossa Senhora da Piedade Provavelmente erigida no séc. XVII, guarda no interior uma pintura de caraterísticas Flamengas, retratando a “Lamentação de Cristo Morto”, peça demonstrativa da importância desta arte na ilha, proveniente do período da produção açucareira na Madeira. Sobre a origem persistem duas teorias, a primeira das quais aponta para que a sua construção foi da responsabilidade de marinheiros cujo barco quase naufragou nas rochas situadas abaixo e a segunda afirma que foi erigida pela família de Garcia Moniz, povoadores originais da localidade, no século XVI. Em Setembro realiza-se a belíssima festa da Nª Sr.ª da Piedade, que inclui um cortejo marítimo da imagem transportada nos barcos dos pescadores. . [caption id="attachment_15935" align="alignleft" width="300"] Casa Homem da Costa[/caption] Casa Homem da Costa Este imóvel, datado da década de 1960 – o início da sua construção é de 1965 - é outro exemplo da presença significativa do arquiteto Chorão Ramalho na Madeira e caracteriza-se, tal como as restantes obras do autor, pelo recurso aos materiais tradicionais do arquipélago, bem como por uma linguagem devedora do modernismo, na linha do racionalismo expressionista. . . . [caption id="attachment_15939" align="alignleft" width="300"] Farol de São Lourenço. Fonte_ amn[/caption] Farol de São Lourenço Portugal é um país de costa, que para ser assinalada devidamente obrigou à construção de uma rede de faróis. O de São Lourenço data de 1870, qual é uma presença constante na vila do Caniçal. A construção do edifício de planta retangular, de apenas um piso, em alvenaria pedra rebocada a cal, está relacionada com o naufrágio do vapor inglês Forermer, no ano de 1854, e subsequente protesto do governo inglês dirigido ao Estado português. O acesso é feito por mar. . . . [caption id="attachment_15943" align="alignleft" width="300"] Artesanato em osso de baleia[/caption] Artesanato em osso de baleia O artesanato em osso de Baleia marcou, e ainda marca, o artesanato desta vila piscatória, que até sensivelmente ao princípio da década de 1980 foi um importante centro de caça à Baleia. Os ossos dos animais esquartejados lançados na praia eram recolhidos pelos artesãos e trabalhados para darem origem a motivos relativos à própria atividade, ora representando barcos ou o próprio animal, impondo-se desta forma uma dupla relação com a caça à baleia, tanto pelo uso do material como pelos motivos representados. . . Textos: César Rodrigues Fotos: Rui A. Camacho

gaula

Para além do comércio, os Adelos contribuíam na divulgação das notícias em toda a ilha. Da serra tirava-se a madeira embarcada no cais velho do Porto Novo com destino ao Porto Santo, no vale onde se digladiaram os liberais e miguelistas no século XIX, observados por quem se encontrava no forte situado na colina Oeste. À serra os hireus foram buscar a água, força motriz dos moinhos, como o de Manuel Tavares, em excelente estado de conservação. A água irriga ainda o Lavadouro Público desenhado por Chorão Ramalho, ao lado da Ponte Velha, com chão em seixos caracteristicamente madeirenses pisado por quem atravessava a ilha através dos Caminhos Reais, que a República preferiu chamar Municipais. De Ramalho são também os postos de transformação de electricidade que marcam a paisagem da ilha. Gaula será ainda a única terra cujo nome tem origem num romance de cavalaria, o “Amadis de Gaula” e, segundo consta, os primeiros batizados na freguesia receberam o nome de personagens desse romance. [map style="width: auto; height:400px; margin:20px 0px 20px 0px; border: 1px solid black;" maptype="OSM" gpx="http://aprenderamadeira.net/wp-content/uploads/Gaula.gpx" elevation="no" download="no"] Descarregue aqui esta rota! [caption id="attachment_15755" align="alignleft" width="300"] Moinho de Manuel Tavares[/caption] Moinho de Manuel Tavares Face à abundância de água, aproveitou-se este elemento para servir de força motriz à moagem da farinha. Constituído por dois pisos, este moinho é um dos que se encontram em melhor estado de conservação. Aqui ainda se moí o milho e o trigo para a feitura do pão, bolo do caco ou o típico bolo de milho cozido na folha de couve. Construído em 1850 por Manuel Tavares, a pedra de moagem deste moinho é uma das mais espectaculares da localidade. Caminhando ao longo da levada, ao som forte da água, encontramos diversos moinhos. . . [caption id="attachment_15759" align="alignleft" width="300"] Fontanário[/caption] Fontanário O primeiro fontanário da freguesia foi construído, cerca de 1930, pelo Pe. João Jorge Bettencourt. Em 1940, o Estado construiu outros três fontanários (da Fonte do Lopo, do Caminho da Torre e de São João). A rede de fontanários públicos ficaria concluída em 1975, com a construção de mais três fontanários, um na Levadinha do Pico, um no Pico Norte e outro na Terra Velha. Na maior parte dos casos os motivos decorativos invocam temas religiosos locais, caso da Nossa Senhora da Luz. . . [caption id="attachment_15762" align="alignleft" width="300"] Lavadouro Público[/caption] Lavadouro Público Até 1970 as roupas eram lavadas nestes espaços públicos. Estes lavadouros, em particular, foram construídos nos anos de 1930. Perderam a sua relevância quando a partir da década de 1970 foi construída a rede pública de água potável. Para além da função utilitária, os lavadouros constituíram espaços de reforço identitário da comunidade. Acresce o facto do seu desenho ser da autoria do conhecido arquitecto português Chorão Ramalho. Aqui pode observar ainda dois exemplos dos muros aparelhados, tão característicos da Madeira, em excelente estado de conservação. . . [caption id="attachment_15767" align="alignleft" width="300"] Solar São João Latrão[/caption] Solar e Capela de São João Latrão Um grande e belo edifício do século XVIII, constituído por quatro corpos de quatro águas cada, cobertos de telha romana construído em substituição das antigas pousadas do morgado, uma simples casa coberta de telha. Construído por fases ao longo das diversas administrações do morgadio foi, entretanto, perdendo o seu esplendor quando entrou em estado de degradação até que, em 1949, foi alvo de obras de restauro e da construção da actual Capela São João Latrão. . . . [caption id="attachment_15771" align="alignleft" width="182"] Igreja Nossa Senhora da Luz[/caption] Igreja matriz de Nossa Senhora da Luz No lugar da actual igreja da paróquia de Gaula existiu a primitiva igreja de Santa Maria da Luz, conhecida a partir de 13 de Setembro de 1509. Seria reconstruída e ampliada de 1714 a 1748, durante o reinado de D. João V que lhe ofereceu “o sino grande” de 177 quilos. Um incêndio, ocorrido na madrugada de 20 de Setembro de 1964, destruiu-a quase totalmente. Em seu lugar, foi construído o actual templo. . . . . . . [caption id="attachment_15774" align="alignleft" width="300"] Fortim do Porto Novo[/caption] Fortim do Porto Novo No ano de 1828 este pequeno forte foi palco de uma duríssima batalha na guerra civil portuguesa, a qual opôs as tropas liberais de D. Pedro e as tropas absolutista de D. Miguel. O acesso faz-se através do Caminho Velho da Tendeira. . . . . [caption id="attachment_15778" align="alignleft" width="300"] Porto Novo e Cais Velho do Porto[/caption] Porto Novo e Cais Velho do Porto Esta praia de calhau com águas a convidar a um banho de mar é por dois motivos um local com importância histórica. Daqui partiam os falueiros carregados de lenha em direcção ao Porto Santo e também as fragatas para a Deserta Grande e Bugio de onde regressavam carregadas de lapas, bodião seco e molhos de luzerna para exportação. Por outro lado, em 1828 foi palco de uma dura batalha na guerra civil portuguesa entre as tropas de D. Pedro (Liberais) e as de D. Miguel (absolutistas). . . Grupo de Folclore da Casa do Povo de Gaula Instalado na Casa do Povo de Gaula, esta colectividade cultural é um dos principais embaixadores da freguesia. Com o objectivo de promover a cultura da terra, através das danças, cantares e trajes, o grupo conta no seu reportório canções como a conhecida “Chama-Rita”, o “Cantar dos Reis” e “Bailinho das Romarias”. . [caption id="attachment_15782" align="alignleft" width="300"] Fábrica de Resina[/caption] Fábrica de Resina Exemplo em estado ruinoso de uma pequena unidade de produção de resina, com a qual se produziam tintas e Aguarrás. Durante largos anos, desde os tempos da ocupação primeva do território, que a serra foi um dos recursos económicos principais da localidade, onde ia a população buscar a lenha, entre outros produtos, como a resina, os quais eram comercializados para outras localidades da Madeira. . . . [caption id="attachment_15785" align="alignleft" width="300"] Ponte[/caption] Ponte Esta ponte em arco, construída em pedra aparelhada é um “troço” dos caminhos reais (antiga estrutura viária) da zona leste da ilha. Ostenta a característica calçada madeirense, feita em basalto, cortado numa forma que é popularmente conhecida como “pedra navalheira”. O nome advém do facto da pedra numa das faces ser cortada em forma de navalha para encaixe na terra e outra na forma plana, que virada para cima é pisada. Um resquício dos antigos caminhos da ilha, percorridos a pé por pessoas, animais e mercadorias. . . [caption id="attachment_15789" align="alignleft" width="300"] Igreja Nª Srª da Graça[/caption] Igreja de Nossa Senhora da Graça Uma das duas paróquias da freguesia de Gaula, denominada Achada de Gaula, encontra sede nesta igreja construída já no século XX. Tem por padroeira Nossa Senhora da Graça. Das festividades que aqui ocorrem destaque-se a festa em honra da sua padroeira, realizada no primeiro fim-de-semana depois de 15 de Agosto. Em Janeiro realiza-se, desde há relativamente pouco tempo, a Festa de Santo Antão, padroeiro dos animais. . . . [caption id="attachment_15793" align="alignleft" width="200"] Postos de transformação Chorão Ramalho[/caption] Postos de transformação Chorão Ramalho Construídos entre 1946 e 1970, da autoria do célebre arquitecto Raúl Chorão Ramalho, estes postos de reforço de electricidade, com a mesma arquitectura pontuam a ilha, tornando-se um registo típico da paisagem humanizada da Madeira criada no século XX. A forma paralelepipédica com as fachadas cegas, à excepção do alçado principal, tem a aplicação da sempre presente pedra basáltica, revelando a preocupação do arquitecto em integra-lo na tradição arquitectónica do arquipélago. . . . . . . Textos © César Rodrigues Fotos © Rui A. Camacho

Prosseguem as Conferências do Teatro Madeira de A a Z

Aposta ganha durante o ano de 2017, a avaliar pelas diversas enchentes da plateia do Teatro Municipal Baltasar Dias e pelo interesse e debate aceso que suscitou no seio da capital madeirense durante as suas sessões, as Conferências do Teatro Madeira de A a Z são para continuar em 2018. O ciclo de conferências que tem levado ao público os conteúdos do Dicionário Enciclopédico no âmbito do projeto Aprender Madeira foi retomado no passado dia 10 de Janeiro com a participação de José Gabriel Pita e Carlos Valente, novamente numa lógica que prossegue ao encontro das efemérides assinaladas em cada mês, sendo que os temas tratados foram, na comunicação de Carlos Valente, o "Cine-Fórum do Funchal" e a cargo de Gariel Pita "Acção Católica". Com frequência mensal, avizinha-se já a sessão de fevereiro, agendada para dia 14 com a participação de Eduardo Luíz, responsável do Teatro Experimental do Funchal  que versará sobre a história e atividade da companhia, bem como Luís Eduardo Nicolau que terá a seu cargo a comunicação sobre Anticlericalismo. A entrada é de livre acesso para a generalidade do público.  

Coleção literária "Madeira a Conhecer" online a partir de março

[caption id="attachment_14892" align="alignleft" width="216"] Luísa Grande Lomelino, a "Luzia"[/caption] É a primeira confirmação no âmbito do projeto Aprender Madeira a abrir o ano de 2018: a disponibilização online da colecção Madeira a Conhecer já a partir do próximo mês de março. Trata-se de um conjunto de obras em formato e-Book que vêm complementar externamente a área temática da Literatura inserida no Dicionário Enciclopédico em construção, numa parceria com o CLEPUL - Centro de Literaturase Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras daUniversidade de Lisboa. No decorrer da investigação levada a cabo no campo da Literatura por um grupo de investigadores ligados à tarefa de realização do Dicionário Enciclopédico da Madeira, verificou-se a necessidade de dar a conhecer ao público e de valorizar autores e obras que, por razões diversas, caíram no esquecimento, entre os quais Alfredo de Freitas Branco, o Visconde do Porto da Cruz, Luísa Grande Lomelino (Luzia), Humberto Passos Freitas, João Reis Gomes e Manoel Caetano Pimenta de Aguiar, entre outros, cujas temáticas genéricas versam desde a literatura de viagens, à novela satírica, passando pelo teatro e pela diarística. A relevância do conhecimento do património literário da Madeira para uma visão renovada da literatura no arquipélago e para a literatura portuguesa no seu todo está na base da proposta de uma edição online desses autores e obras, sendo que os seus objetivos passam por, além de ajudar os leitores a ter acesso a obras que não encontrariam em outro lugar, alguns deles de difícil acesso e outros que se encontram apenas em poucos exemplares nas bibliotecas ou em acervos particulares, significa também uma possibilidade para futuras pesquisas e estudos, disponibilizando bibliografia, dados e fontes primárias para os estudantes, professores e investigadores da área, bem como difundir pelo público em geral um acervo importante para a literatura e cultura, para a história da leitura e do livro na Madeira e sobre a Madeira. Cada obra incluirá também a biografia e o estudo crítico e comentário de estudiosos. [caption id="attachment_1932" align="alignright" width="246"] Major João dos Reis Gomes, 1941Photographia-Museu VicentesFonte: http://www.arquipelagos.pt/[/caption] Assim, a partir de março, estarão disponíveis na plataforma online do Aprender Madeira, em www.aprendermadeira.net, as seguintes obras em formato e-Book: "21 Dias de Bote", de Humberto Passos Freitas; "O Ferreiro", de Domingas Augusta da Câmara; "Diário de Nápoles a Jerusalém", Celina Sauvayre da Câmara; "O Cura de S. Lourenço", de Maria do Monte Santana e Vasconcelos, a Viscondessa das Nogueiras e de Luzia, pseudónimo literário de Luísa Grande Lomelino, "Almas e Terras por Onde Passei".

caminho do comboio

"(...) A cidade, prolongando-se pela encosta da montanha, levará áquella localidade o movimento comercial e a riqueza economica, que lhe hão de dar a maxima importancia num futuro proximo" (Diário de Notícias, 5 de agosto de 1894) [caption id="attachment_12943" align="aligncenter" width="385"] Logótipo da Companhia do Caminho de Ferro do Monte, ARM.[/caption] A primeira linha férrea, com tração a vapor aberta ao público, foi inaugurada em Inglaterra no ano de 1825, entre Stockton - Darlington. Desde esse momento foram vários os países que seguiram as pisadas dos ingleses. No caso de Portugal, a primeira inauguração da linha férrea deu-se em 1856, entre Lisboa e o Carregado, numa extensão de trinta e seis quilómetros. [caption id="attachment_12878" align="alignleft" width="479"] 1- Tenente Carlos Moniz Teixeira (lado esquerdo, primeiro, de fora para dentro). Informação fornecida por D. Isabel Canavial Lado das senhoras: 1ª Olga Zita Freitas Teixeira, 2ª Olga Letícia Freitas Teixeira, 5ª, Maria Amélia Freitas Teixeira. Fonte: Madeira Quase Esquecida, página do Facebook[/caption] A ideia da construção de um elevador entre o centro do Funchal e a freguesia do Monte surge do desenvolvimento turístico  da Madeira, especificamente o Funchal, pelo facto de ser um ponto de passagem e de escala de navios, e numa altura em que as dificuldades económicas e de comunicação eram difíceis. O engenheiro de obras públicas Raoul Mesnier de Ponsard aparece como o homem que efetuou os estudos para o planeamento e elaboração do projeto, visto que esteve na Madeira no ano de 1886. Sobre a intenção da realização deste projeto publicou o Diário de Notícias o seguinte: «O ascensor que deverá pôr em comunicação a cidade do Funchal com um dos pontos mais pitorescos aprasiveis da Madeira – Nossa Senhora do Monte – é a obra que parece definitivamente resolvida por conta d’uma companhia que, em Lisboa já poz dois elevadores em activo serviço, a maior commodidade em que se pode appetecer em dois pontos dos mais íngremes da cidade…»  Sistema de locomoção  [caption id="attachment_12946" align="alignleft" width="322"] O sistema da Cremalheira - VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX, Funchal, 2003.[/caption] O sistema de locomoção do comboio consistia na cremalheira, constituindo-se por uma roda dentada que existia na máquina a vapor que encaixava numa linha de ferro ao centro das linhas laterais, permitindo um tração mais eficiente. De acordo com o jornal O Direito foram necessários: " (...) tres mil e oitocentos metros de cremalheira com assessorios, desvios, cruzamentos, depositos de agua, tavessas de fero para os carris, carris de aço de primeira qualidade, acessorios de fixação, e tranporte ate pe de obra" (O Direito, nº 2181, 1890). Fundação da Companhia  A Companhia foi criada por subscrição pública a 17 de outubro de 1890 segundo notas do tabelião Joaquim Manso de Sousa em que constam as cláusulas da escritura. O primeiro concessionário foi António Joaquim Marques, mas como a obtenção nunca chegou a ser concretizada, foi o madeirense Manuel Alexandre de Sousa a receber o parecer favorável para explorar a linha férrea, mais tarde esta concessão foi vendida à Companhia a 17 de fevereiro de 1891. Manuel Alexandre foi uma peça chave visto que aplicou bastante capital na empresa sendo um dos maiores accionistas da Companhia. A Câmara Municipal do Funchal a 22 de janeiro de 1891 aprovou o projeto para a construção do elevador depois de já constituída a Companhia do Caminho de Ferro do Monte, citando: “Foram approvados nesta sessão o projecto e orçamento para a construcção d’um caminho de ferro de cremalheira entre a cidade do Funchal e o sitio de Nossa Senhora do Monte, projecto e orçamento já apresentados na sessão desta Camara de 23 de Outubro ultimo e que devem ser remetidos á comissão Districtal afim de ser confirmada esta deliberação” Os fundadores da companhia foram Luiz da Rocha Machado, João Luiz Henriques, Walter Hastings Coward, Prophirio de Oliveira, José Julio de Lemos, Manoel Bettencourt Sardinha, José Fernandes Azevedo, Luís Augusto Monteiro Cabral, João António da Silva Viana, Francisco Ferreira de Sousa, Feliciano Augusto Gomes e Manoel Mendonça. Nos termos da escritura pela qual se constituiu "(...) sociedade anonyma de responsabilidade limitada, o capital social (...)" era "(...) de 112:500$000 reis , dividido em 12:500 acções de 9$000 reis cada uma, e a subscrição acha-se aberta até 15 do corrente mez nos seguinte escritorios: Do sr Rocha Machado á rua de João Gago, dos srs Francisco Rodrigues & Cª á Rua do Sabão e do sr. Tabelião Joaquim Manso de Sousa ao Largo do Collegio" (O Direito, nº 2150, Funchal, 8 de novembro de 1890). Os estudos feitos para a fiabilidade do projeto pela Companhia complementaram o capital necessário à construção do caminho de ferro, o movimento provável de passageiros, e respetivo rendimento, as despesas da exploração da linha e ainda os resultados líquidos da empresa. [caption id="attachment_12974" align="aligncenter" width="1705"] Projeto do caminho de ferro, VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX.[/caption] Inaugurações  [caption id="attachment_12881" align="alignleft" width="250"] Convite para a inauguração do primeiro troço do Caminho de Ferro do Monte, entre o Pombal e a levada de Santa Luzia. Assinam os administradores Manuel José Vieira e Luís da Rocha Machado. Proprietário da imagem: Rui Carita; Fonte: Madeira Quase Esquecida (MV)[/caption] A inauguração do primeiro troço foi um momento importante para o desenvolvimento da Ilha, dando-se a 16 de julho de 1893 entre o Pombal e a Levada de Santa Luzia. As obras e expansão da linha continuaram até à inauguração do segundo troço, a 5 de agosto de 1894, com percurso entre Pombal e Atalhinho. Contudo, existiu a necessidade de expansão da linha férrea até ao Terreiro da Luta, pedido este feito a 4 de agosto de 1910 de acordo com as atas do município funchalense.  A última secção inaugurou-se assim a 24 de junho de 1912 . O Direito, assim como outros jornais, descreveu um pouco todos os sentimentos e emoções daqueles que presenciaram a inauguração do primeiro troço (Pombal – Levada de Santa Luzia): “(…)assistimos áquelle acto solemne com um enthusiasmo indescritível (…)não podem deixar de enthusiasmar-se tdos aquelles quem amam esta ilha e desejam vel-a merecer os foros d‘um importante melhoramento material, um nobre exemplo de nicativa e de actividade que pode muito bem ser o inicio d’uma vida nova” O Diário do Notícias, na sua edição de 5 de agosto de 1894, fez referência à inauguração do segundo troço da via férrea entre a Levada de Santa Luzia e o Monte através da seguinte quadra: “Monstro de fogo e arrebata-me,                                                                                                                                       Silva, muge, ao norte o rumo,                                                                                                                                           Saco de as crinas de fumo,                                                                                                                                              Leva-me ígneo furavão”    Thomaz Ribeiro O mesmo jornal, após a inauguração, fez um balanço na edição de 7 de agosto de 1894 e referiu que: "deixaram-nos as melhores impressões as festas da inauguração do caminho de ferro do Monte que se realizaram no Domingo ultimo. O respectivo programa foi fielmente cumprido, correndo tudo na melhor ordem e com inteira satisfação de todos os convidados.” A construção do Caminho de Ferro do Monte trouxe grande impacto à sociedade madeirense da época desde o envolvimento de um grande número de acionistas, ao crescimento económico e turístico e consequentes transformações urbanas efetuadas nos eixos de ligação Pombal - Terreiro da Luta. No entanto, o Diário de Notícias mostrou alguma preocupação com a ideia de construção da linha, fazendo uma publicação onde pede aos proprietários do Monte e às autoridades que ali exerciam jurisdição administrativa e municipal que se esforçassem por conservar aquela deliciosa estância e o seu caráter selvático, agreste e pitoresco que constitui a sua principal formosura e o seu maior encanto. De acordo com os estudos realizados, chegou-se à conclusão que o Caminho de Ferro do Monte seria mais utilizado no sentido ascendente do que ao contrário, visto os passageiros procurarem outros meios de transporte, como por exemplo, os carros de cestos do Monte. Preços Importante será dizer que, para chegar até à Estação do Elevador, existia a possibilidade de fazer o percurso de trem. Este partia da entrada da cidade em direção à estação no Pombal, todos os dias às 4 e três quartos e às 6 e três quartos da tarde. O preço por pessoa seria de 100 reis. (DN, 2 de agosto de 1894) Já para o percurso no comboio, os preços praticados na altura, entre Pombal e o Livramento, baseavam-se na medida da hectométrica (medida de comprimento equivalente a cem metros), a cada hectómetro percorrido correspondia o preço de 10 reis. [caption id="attachment_12956" align="aligncenter" width="548"] Distâncias Hectométricas, VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX.[/caption] Os preços variavam também se o comboio fizesse o percurso no sentido descendente tendo uma redução de 50% ao valor do bilhete, existindo ainda uma diferença entre a primeira e a segunda classe. Dezassete anos após a inauguração do primeiro troço verificou-se uma inflação de 20 reis entre a estação do Pombal e a Levada de Santa Luzia, e de 40 reis da estação do Pombal até ao Livramento. [caption id="attachment_12959" align="aligncenter" width="539"] Preços da 1ª e 2ª classe do percurso Pombal - Livramento, VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX.[/caption] Além da distinção entre a primeira e a segunda classe, a Companhia fez também a distinção dos bilhetes do comboio, resultante do sentido de viagem dos passageiros, através das cores. [caption id="attachment_12962" align="aligncenter" width="621"] Cores dos bilhetes nas várias direções, VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX.[/caption] Na carruagem da frente iam sempre os habituais passageiros, os residentes e veraneantes do Monte: os Gonçalves, os Borges, os Caldeiras, os irmãos Rodrigues, os banqueiros Henrique Figueira, Vieira de Castro e Rocha Machado, os Drs Leite Monteiro, o comendador João Bernardino Gomes, o general Teles, o tenente-coronel Sarmento, os capitães Sardinha, Sotero e Vasco Silva, os advogados Alexandre da Cunha Teles, Frederico Augusto de Freitas, João Tiago de Castro, Tristão da Câmara e outros, que durante a viagem discutiam negócios ou política. Devido a toda esta construção e ao seu êxito, só no ano da implantação da República, em 1910, já existiam cinco unidades hoteleiras em exploração no Monte, nomeadamente, o Monte Palace Hotel, o Hotel Belmonte, Mount Royal Hotel, Hotel Restaurante Conceição e o Reid's Mount Hotel. Explosão A Companhia não foi imune às crises europeias, uma vez que a Primeira Guerra mundial fez com que afluência turística para à Ilha fosse menor, aumentando as contenções de despesas o que levou à diminuição do uso do carvão e da água de refrigeração da locomotiva. A 10 de setembro de 1919 ouve uma explosão entre a Levada de Santa Luzia e o Livramento. Da explosão resultaram perdas humanas e feridos graves como refere o Diário de Notícias no dia seguinte: “Ontem, pouco depois das 6 h da tarde, ouviu-se em diferentes pontos da cidade um estampido, que a princípio muitas pessoas suposeram ser um rumor subterâneo, começando pouco depois a circular a notícia de que se dera uma explosão de um comboio, ficando mortas e feridas numerosas pessoas….” Segundo reporta o mesmo jornal, os falecidos foram o fogueiro Urbano d' Abreu, o maquinista João Vieira Gaspar, Virginia Preceito e o conhecido e estimado Gastão Gomes da Silva, com cerca de 18 anos, filho do Sr Manuel Gomes da Silva, coproprietário do "Golden Gates". Entre os feridos ficaram os nomes de Herculano Nunes, Srª Drª D. Henriqueta Gabriela de Sousa, e ainda alguns colegas de redação do Diário de Notícias, como o Sr. Dr. Manuel Sardinha e os Srs Manuel Jorge Pinto Correia, José Esequiel Fernandes Velosa, Dr. Alberto Figueira Jardim e Alvaro de Sá Gomes. Os corpos do fogueiro e da Srª Virgínia Preceito foram levados para o cemitério da Angústias e o corpo de João Vieira Gaspar foi sepultado no cemitério do Monte. Em consequência da explosão surgiu uma série de eventos que foram adiados ou não se realizaram. De acordo com o Diário foram eles: o espetáculo no Teatro Dr. Manoel Arriga (que ficou para o dia seguinte), os festejos comemorativos da Paz e da vitória dos Aliados e o "Golden Gates" que encerrou portas. Com este acontecimento o Caminho de Ferro esteve encerrado durante 5 meses, reabrindo a 1 de fevereiro de 1920. Os melhoramentos do comboio foram feitos por Ernest Beazley (Engenheiro britânico nascido em 1861 que morreu no Funchal a 1 de abril de 1938. Veio para a Madeira aquando da fundação da Companhia da Luz Eléctrica do Funchal em 1896. CLODE, 1983, p. 64). Encerramento da Linha Férrea  O encerramento final da linha férrea deveu-se a um conjunto de fatores, entre eles, a crise das grandes guerras, o crescimento do transporte automóvel e a crise bancária na Madeira. O Governo, por decreto-lei nº 32724 de 29 de março de 1943, mandou encerrar a linha e a Câmara Municipal do Funchal abriu concurso público para licitar todo o material das máquinas às vias. Esta venda foi efetuada a 13 de maio nos paços do concelho em hasta pública, onde se contavam quatro locomotivas, cinco vagões e as restantes ferramentas pertencentes às locomotivas. O encerramento da linha do Monte é anunciado pelo jornal Eco do Funchal da seguinte forma: «Um telegrama recebido nesta cidade a 29 do mês de transacto diz o seguinte: “O governo determinou que fique sem efeito a classificação de utilidade publica do caminho de ferro do Monte, na ilha da Madeira, desde a Rua do Pombal até ao Terreiro da Luta, assente no leito. O caminho de ferro deixa de estar adicionado ao plano de rede ferroviária do país (…)” Pedido para o calcetamento da linha  Dez anos após o encerramento do caminho de ferro, a população do Monte debate-se com dificuldades no acesso ao Funchal, e deste modo, tomaram a iniciativa de organizar uma petição para o calcetamento da rua da linha férrea, que posteriormente foi aprovado pela Câmara Municipal do Funchal. [caption id="attachment_12965" align="alignright" width="227"] Pedido de Calcetamento - VALENTIM GOMES, Luís Francisco, Caminho do Comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX.[/caption] Na cidade do Funchal podemos ainda encontrar topónimos identificativos de algumas ruas, como por exemplo, a Rua do Comboio, Rua Nova do Comboio, Impasse do Comboio ou ainda Travessa do Comboio. Nomes que subsistirão no tempo devido à singularidade desta linha.   Propaganda da Companhia Ao longo do tempo foram várias as formas de fazer publicidade ao Caminho de Ferro do Monte e promover a Companhia, entre elas contam-se com as pinturas ilustrativas de Max Römer em postais da Madeira, painéis de azulejos espalhados em diversos edifícios do Funchal, emblemas e artefactos fabricados, como por exemplo, copos de vidro gravados com o logótipo da Companhia. [caption id="attachment_13054" align="alignright" width="603"] Pintura de Max Römer. VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX.[/caption] [caption id="attachment_12988" align="alignleft" width="167"] Painel de Azulejos criado para propaganda do Caminho de Ferro do Monte[/caption]                   [caption id="attachment_13057" align="aligncenter" width="557"] VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX.[/caption] Atualidade A atividade turística movimenta inúmeros interesses em diversas áreas e, nesse sentido, existe a necessidade de inovar no que concerne às atrações turísticas para promoção da Ilha. Podemos afirmar então que existe um paralelismo entre o antigo caminho de ferro e o atual teleférico da zona velha do Funchal. Com um percurso paralelo ao da antiga linha férrea, o teleférico inicia a sua viagem na zona velha da cidade até ao Largo das Babosas, próximo da igreja do Monte. Deste modo, para além do fator económico, proporciona-se mais um acesso à freguesia do Monte, criando benefícios para esta e proporcionando uma vista panorâmica aos visitantes, não esquecendo que cada um destes meios deixou a sua marca na paisagem urbanística. Inúmeros foram os estudos e produções realizados em torno do caminho do comboio, como por exemplo, Comboio com Asas, uma coletânea de trinta e um contos inspirados no comboio do Monte nos finais do século XIX e primeiro terço do século XX: «No qual, para além dos locais, se sentavam, lado a lado, num encontro breve e irrepetível, viajantes de todas as partes do mundo, para quem o comboio e a paisagem a que ele dava acesso, ficariam a pairar para sempre na retina como um parêntese sonâmbulo das suas vidas» Com organização de António Fournier, foram convidados para esta coletânea colaboradores locais e outros de distintas paragens (outras ilhas atlânticas, continente português, Áustria, Itália, Brasil, Estados Unidos, México e Panamá) que ao longo deste volume reinventam, imaginariamente, a velha linha de caminho de ferro que circulou entre a estação do Pombal e o Terreiro da Luta. Entre os contribuidores, contam-se nomes como Teolinda Gersão, Manuel Jorge Marmelo, Irene Lucília Andrade, Ana Nobre de Gusmão, Maria de Menezes e Gian Luca Favetto. O caminho de ferro teve uma história de 50 anos de existência e durante esse tempo a freguesia do Monte foi palco de inúmeros eventos tornando-se num pequeno paraíso turístico e ponto de excursão obrigatório. A importância estratégica da Madeira, como ponto de passagem e de escalas de navios, o clima, ditando que as doenças, como a tuberculose, se dissipavam devido aos seus efeitos terapêuticos, foram outros dos aspetos a favor de toda esta construção. O comboio da Madeira será sempre uma parte integrante da História da Ilha, visto que, até agora foi o único que existiu na Ilha, assim como todos os benefícios que trouxe, exemplo disso, é o desenvolvimento sócio-económico, urbanístico, o imaginário de todos os alheios que por ali passavam, os sonhos e fantasias à volta da linha de ferro. Epílogo  Depois de todo este decurso podemos concluir que nem tudo foi fácil na construção da primeira e única linha férrea existente no arquipélago da Madeira. Por ser única, daí a enorme importância dada desde o seu início até aos dias de hoje. "Patriotismo" será a palavra mais adequada para definir o rosto de uma população desesperada por vencer as dificuldades e opiniões menos positivas. Desde o seu começo, que a persistência e a força de vencer vinda de residentes, estrangeiros, emigrantes, entre outros, em tudo ajudou à concretização deste processo. Em inúmeros jornais se destacou a exaltação dos locais em relação à Companhia do Caminho de Ferro do Monte reconhecendo-a como a "Empreza Patriota". Para todos foi um despertar de negócios, ideias, aventuras, o início da construção de casa e família, de um futuro. A classe de acionistas que impulsionou o avanço foi a ideal, pois foi aquela que exigiu e concretizou mais factos do que palavras. Homens zeladores e empreendedores, que proporcionaram à população uma vida dentro de mundo civilizado, pois até à data, sentiam a progressão da terra à sua volta enquanto ficavam para trás sentindo-se incapazes de construir algo. Temiam a necessidade de sair das ruas da cidade para poder apreciar noutras povoações o progresso humano e a evolução da humanidade. A população queria demonstrar que não era indiferente ao desenvolvimento do século e, neste sentido, cada um contribuía com os recursos de que gozava, pois sentiam necessidade de lutar por uma pátria comum. Era uma forma de manter a região viva, fixar a população evitando a emigração e ainda de fomentar novas atividades e rotinas. Depois da inauguração do primeiro troço da linha, o entusiasmo e o espírito de vencedor era tanto, que nem o facto desta linha não conseguir satisfazer toda a população nem chegar a muitos pontos da ilha, o que importava era o progresso, o estar em pé de igualdade com os países desse mundo fora. O maior avanço de todo este movimento pertenceu aos compatriotas vindos de Demerara,"homens formados n'uma grande escola de trabalho, d'onde não trouxeram só capital mas o babilo das especulações..." (O Direito, 4 de dezembro de 1890) homens que foram à procura de uma vida melhor e da sua própria riqueza (uma realidade muito próxima da atualidade, em que a recente crise económica continua a proporcionar grandes fluxos migratórios), muitas vezes através de trabalhos árduos e precários, mas com o seu coração atado ao pequeno paraíso. Os jornais não se cansavam de elogiar os empreendedores que investiram os seus capitais enaltecendo o facto de que melhor emprego a estes não poderia ser dado. A comunidade madeirense tornou-se numa só, conseguiram provar que o seu corpo também tem aptidão de capitalistas e negociantes para este género de operações. Muito se comparava com o elevador do Bom Jesus do Monte, em Braga, que apesar de ter tido inúmeros diagnósticos negativos teve um sucesso extraordinário após a sua abertura. A construção da linha permitiu um movimento e um desenvolvimento da população em diversos aspetos. Esta começou por se deslocar para as proximidades da linha férrea, pois quanto mais perto o comboio estivesse maiores eram as suas vantagens. Através do comboio e do seu "apito" cíclico, por exemplo, as pessoas já sabiam que era hora de colocar o comer ao lume, era como um relógio diário que não falhava, a agenda pessoal da população. O dito ascensor, além de transportar os curiosos para apreciar a beleza natural do Monte, proporcionava uma grande ajuda no transporte de mercadorias, vantagem que fez crescer o sector da agricultura e da restauração, possibilitando uma melhor qualidade de vida e negócio a todos aos utentes em redor da linha. Os terrenos situados nas proximidades duplicaram seu valor e a freguesia do Monte foi crescendo povoada de quintas, chalets, casinhas e miradouros, fazendo frente ao número crescente de viajantes que pela Madeira passavam. Mas nem tudo correu como o previsto, desvios e abusos de poder também existiram neste projeto. Ao longo dos anos foram-se tentando combater este tipo de atrevimentos por forma a garantir o pleno funcionamento da linha. Contudo, o maior problema veio do exterior. As crises e as grandes guerras prejudicaram a escala de navios para o arquipélago da Madeira diminuindo, desta forma, o fluxo de estrangeiros que visitavam a ilha. Outro dos problemas foi o grande desenvolvimento do sector automóvel que em nada ajudou a continuação do sucesso do caminho de ferro e ainda os preços do carvão que continuavam a subir, aumentando os custos de manutenção para a permanência do comboio. Várias foram as designações dadas a este traçado de 50 anos de existência, desde ascensor, elevador e mais comum, comboio. Todas elas significavam o mesmo, o orgulho da população, o sentimento patriota, uma oportunidade, o poder desfrutar de todas as belas paisagens que a natureza ofereceu. A unicidade desta linha e todas as questões colocadas em seu redor faz dela uma memória identificativa da ilha, que permanece e permanecerá na identidade e cultura madeirense. Cronologia 17 de outubro de 1890 - A Companhia do Comboio foi criada por subscrição pública; 22 de janeiro de 1891 - Aprovação do projeto pela Câmara Municipal do Funchal; 17 de fevereiro de 1891 - Concessão de Manuel Alexandre de Sousa vendida à Companhia do Caminho de Ferro do Monte; 16 de julho de 1893 - Inauguração do 1º troço do Caminho de Ferro; 03 de agosto de 1894 - Inauguração do 2º troço do Caminho de Ferro; 04 de agosto de 1910 - Pedido de expansão para linha férrea até ao Terreiro da Luta; 24 de junho de 1912 - Inauguração da última secção até ao Terreiro da Luta; 10 de outubro de 1919 - Explosão entre a Levada de Santa Luzia e o Livramento; 01 de fevereiro de 1920 - O Caminho de Ferro reabre depois da explosão; 29 de março de 1943 - A Câmara Municipal do Funchal ordena o encerramento da linha férrea; 25 de junho de 1953 - Petição para o calcetamento do Caminho do Monte a pedido dos moradores do Monte. [gallery columns="6" size="large" link="file" ids="12908,12905,12887,12890,12893,12896,12977,12980,12899,12902"] Bibliog.: VALENTIM GOMES, Luís Francisco, O caminho do comboio e As transformações Urbanísticas do Funchal, entre os finais do séc. XIX e a primeira metade do século XX, Tese de Mestrado, Funchal, 2003; MENEZES, Carlos Azevedo de, e SILVA, Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, Edição Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1978; CLODE, Luíz Peter, Registo Bio – bibliográfico de Madeirenses Séculos XIX e XX, Edição Caixa Económica do Funchal; BRITO GOMES, José L. de, O Verão no Monte, Jornal da Madeira, Funchal, 14 de agosto de 1979, Islenha nº12; ARM, MF 38, nº 1382, f. 305v – 306; ibid, MF 39, nº 1383, f. 268v – 269; O Direito nº 2424, Funchal, 20 de julho de 1893; ibid, nº 2181, Funchal, 4 de setembro de 1890; DN nº 2720, Funchal, 19 de janeiro de 1886; ibid, nº 5241, Funchal, 7 de agosto de 1894; O Eco do Funchal, nº 135, Funchal, 8 de abril de 1943; FOURNIER, António, (Organização) Comboio com asas - (http://pt.calameo.com/read/0000194222f3bda4fcc21), 500 Anos Funchal, Uma Porta Para o Mundo. Fátima Ribeiro

projetos culturais da aauma

A Associação Académica da Universidade da Madeira (AAUMa) é a estrutura representativa dos estudantes da Universidade da Madeira, nascida três anos após a fundação da própria universidade. Representa os estudantes da UMa e a defesa dos seus interesses, promove a formação cívica, física, cultural e científica dos seus membros e ainda abrange projetos culturais para a sociedade civil. Listamos abaixo alguns dos principais projetos: Passaporte Cultural - Explorando a Madeira [caption id="attachment_12209" align="alignright" width="300"] Passaporte Cultural AAUMa.[/caption] Este diário de viagens é destinado a visitantes e residentes da RAM. Sendo um objeto que promove a circulação entre vários pontos de interesse, incita o seu utilizador ao colecionismo, atribui vantagens e descontos em várias atrações e permite uma utilização ao longo de vários anos, existindo um sistema de incentivos e reconhecimentos para o regresso do visitante. Serão os vários monumentos da região, os museus, os centros culturais, as atrações temáticas, os jardins e parques, bem como alguns locais que sejam selecionados, devido ao seu interesse cultural, para integrarem o circuito. A informação relativamente aos pontos de interesse, é atualizada regularmente num portal eletrónico, proporcionando assim uma procura eficiente e rápida. Mais informação sobre o passaporte cultural pode ser consultado em: http://aauma.uma.pt/?page_id=3326   IA - imprensa académica O primeiro trabalho editorial da Associação Académica da Universidade da Madeira (AAUMa) foi publicado em março de 2006. Tratou-se da publicação da primeira edição da sua revista mensal. Em 2010, o Governo Regional reconheceu a intervenção que a Académica realiza na área da ciência através do reconhecimento da AAUMa enquanto Instituição de Utilidade Pública. [caption id="attachment_13801" align="alignleft" width="300"] Logo - Imprensa Académica[/caption] Ao longo dos anos, os trabalhos de investigação resultaram em várias obras, publicadas em livro, a partir de 2013. Contudo, urgia congregar a produção científica e todos os trabalhos editoriais da AAUMa e publicá-los sob uma única égide, a Imprensa Académica. A atividade da Imprensa Académica pretende fomentar a investigação científica nos estudantes e nos antigos estudantes da UMa, divulgar os trabalhos produzidos pelos membros da Universidade e aproximar o leitor do conhecimento científico que não pode ficar restrito a um círculo próximo do ensino universitário. Mais informação sobre a imprensa académica pode ser consultada em: http://imprensa.aauma.pt/ History Tellers - walk with real stories A Associação Académica da Universidade da Madeira tem desenvolvido várias ações de natureza cultural e científica que visam dar a conhecer a história e a cultura nacionais, com especial interesse no Arquipélago da Madeira. [caption id="attachment_13804" align="alignright" width="300"] Logo - History Tellers[/caption] Para dotar os colegas de ferramentas úteis para a sua vida profissional, através da formação oferecem aos seus colaboradores, e para angariar mais receitas para o financiamento dos outros projetos sociais apresentam um novo circuito de visitas pela História da Madeira - o History Tellers - walk with real stories. History Tellers pretende mostrar o Funchal do passado no Funchal do presente, em que, numa experiência única, um grupo de visitantes é levado por um jovem estudante universitário a conhecer a História do Funchal no local em que ela se desenvolve, o espaço da cidade. Mais informação sobre o History Tellers pode ser consultada em: http://historytellers.pt/index_pt.html Grupo de Fados da AAUMa O Grupo de Fados da Associação Académica da Universidade da Madeira Fatum foi constituído em janeiro de 2010, contrariando a inexistência de tradição em fazer ouvir as vozes dos estudantes que acompanhavam os trinares das guitarras de Coimbra. Desde 2007, o aniversário da revista da Associação Académica vinha a ser comemorado com uma noite de fado de Coimbra, inicialmente, reservada a pessoas diretamente ligadas à Academia. O sucesso do evento exigia que se abrisse ao público em geral, objetivo cumprido com a recriação de uma serenata tradicional coimbrã, a Serenata Académica da Madeira, um ano depois. [caption id="attachment_13807" align="aligncenter" width="1920"] Fotografia do site da AAUMa[/caption] Os Fatum surgem, então, com o fulgor e entusiasmo deixado pelos grupos que passavam. Capas Negras, Grupo de Fados do Instituto Superior de Engenharia do Porto, Sangue Novo e o Grupo Madeirense de Fados de Coimbra foram grandes responsáveis pelo surgimento da ideia, agora concretizada, de um grupo de fados na Universidade da Madeira. Mais informação sobre o Grupo de Fados da AAUMa pode ser consultado em: http://fatum.aauma.pt/ Um mês, Um tema [caption id="attachment_13882" align="alignleft" width="204"] Logo - Um mês, Um tema[/caption] ‘Um mês um tema’ pretende levar os interessados a vários pontos culturais da cidade cumprindo o objetivo de divulgar o património, de difundir a cultura e de valorizar a história. A Associação Académica acredita que não devem ser apenas os nossos visitantes a beneficiar desse tipo de atividades culturais que são, habitualmente, apenas associadas às visitas educativas ou turísticas. Para que o nosso património possa ser valorizado é fundamental que ele possa ser conhecido. A exploração de alguns pontos de interesse cultural da cidade do Funchal chega ao Mosteiro de Santa Clara, o espaço que inaugurou, há dois anos, estas visitas. No segundo sábado de cada mês, pelas 11h00, tem lugar uma visita a um espaço de fruição cultural para que a população local possa, também, ter acesso e conhecer para valorizar e preservar o seu património histórico e cultural. Mais informação sobre Um mês, Um tema pode ser consultado em: http://aauma.uma.pt/?p=4134