caniçal
O Caniçal terá sido uma excelente coutada de caça de João Teixeira, 3º filho de Tristão Teixeira. A dependência em relação ao mar, o isolamento da localidade até à década de 1950, quando se construiu o túnel Eng. José Nasoloni, em 1956 fez desta população uma das mais fustigadas pelo infortúnio. A caça à Baleia trouxe ao Caniçal algum rendimento e deu origem a um distinto artesanato realizado com os ossos dos cetáceos. A pesca foi tão importante que a Igreja Católica chegou a ser proprietária de dois barcos e a sua influência se estendeu aos rituais religiosos, entre os quais se conta a festividade da Nossa Senhora da Piedade uma das mais belas procissões realizadas em território português. O mar é omnipresente, porque era através dele que se transportaram as madeiras retiradas dos seus terrenos com destino ao Funchal. O Caniçal teve maior atenção e hoje a sua paisagem é também marcada pela Igreja Nova do Caniçal, desenhada por Francisco Caíres, a par da Igreja de São Sebastião.
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museu da Baleia[/caption]
museu da Baleia
Extraordinário testemunho da indústria da caça à Baleia, a qual teve grande importância na economia da pequena vila do Caniçal, entre o ano de 1949 até meados de 1982, data da proibição da caça à Baleia. Através dos utensílios, das fotografias e de diversos documentos, ficará a conhecer em detalhe todos os processos que envolviam a caça à baleia, as fases do aproveitamento industrial e o uso dos desperdícios no artesanato local. O museu tem ainda um posto de observação de baleias, sendo que a melhor altura para avistar Baleias é o Verão.
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Igreja Nova do Caniçal[/caption]
Igreja Nova do Caniçal
Em substituição da antiga igreja com mais de 300 anos, em 1999 foi inaugurada uma nova igreja, com um projeto arquitetónico da autoria do arquitecto João Francisco Caires & Associados, o qual se caracteriza pelos traços geométricos de linhas angulares, característicos do modernismo de Corbusier, apresentando numa clara inspiração em Siza Vieira. Num dos alçados, um conjunto de pequenas janelas remetem-nos de novo para Corbusier, em concreto a Notre Dame Du Haut, em Ronchamp.
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Posto de transformação[/caption]
Posto de transformação Chorão Ramalho
Construídos entre 1946 e 1970, da autoria do célebre arquitecto Chorão Ramalho, estes postos de reforço de electricidade, com a mesma arquitetura pontua a ilha, tornando-se um registo típico da paisagem humanizada da Madeira criada no século XX. A forma paralelepípeda com as fachadas cegas, à exceção do alçado principal, tem a aplicação da sempre presente pedra basáltica, revelando a preocupação do arquiteto em integrá-lo na tradição arquitetónica do arquipélago.
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Ponte da Ribeira do natal[/caption]
Ponte da Ribeira do natal
Esta pequena ponte em arco abobadado, classificada como Monumento de Interesse Municipal, é um testemunho de uma das antigas vias que ligavam as diversas povoações da ilha. A deslocação, como se depreende, era realizada ou a pé ou nas conhecidíssimas redes, as quais eram destinadas aos grupos sociais abastados. Um testemunho da antiga rede pedestre que ligava o Caniçal a Machico, sede de concelho. A intervenção realizada recentemente teve o cuidado de manter praticamente inalterado o desenho original. Note-se que apenas em 1956 foi garantida a ligação rodoviária entre o Caniçal e a restante Madeira, quando foi inaugurado o túnel Eng. José Nasoloni. A partir deste ponto acedemos à vereda do Pico do Facho, que nos leva até Machico.
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Igreja de São Sebastião[/caption]
Igreja de São Sebastião
Edificada no ano de 1749 no sítio da primitiva capela de São Sebastião, mandada construir por Garcia moniz Barreto no início do século XVI e completamente destruída no terramoto de 1748 carateriza-se por na fachada principal ter uma empena de cornija e um portal em cantaria maneirista. O adro é calcetado no tradicional calhau rolado. No interior destaca-se o retábulo-mór, que é tardo-barroco, dourado e branco.
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Casa do Sardinha[/caption]
Casa do Sardinha
Um dos últimos pontos humanizados a Leste na Madeira. Esta casa, supostamente edificada por um médico, em meados do século XX, para servir de casa de veraneio, é atualmente propriedade do Parque Natural da Madeira servindo de casa de abrigo aos guardas do Parque. Para chegar à pequena casa construída em alvenaria de pedra com molduras de cor avermelhada é necessário percorrer a vereda que se inicia na Baía d’ Abra, num percurso que requer algumas precauções. Depois do esforço tem a oportunidade de usufruir do acesso ao mar através de um pequeno cais num ambiente calmo e único.
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Procissão Nossa Senhora da Piedade[/caption]
capela de Nossa Senhora da Piedade
Provavelmente erigida no séc. XVII, guarda no interior uma pintura de caraterísticas Flamengas, retratando a “Lamentação de Cristo Morto”, peça demonstrativa da importância desta arte na ilha, proveniente do período da produção açucareira na Madeira. Sobre a origem persistem duas teorias, a primeira das quais aponta para que a sua construção foi da responsabilidade de marinheiros cujo barco quase naufragou nas rochas situadas abaixo e a segunda afirma que foi erigida pela família de Garcia moniz, povoadores originais da localidade, no século XVI. Em Setembro realiza-se a belíssima Festa da Nª Sr.ª da Piedade, que inclui um cortejo marítimo da imagem transportada nos barcos dos pescadores.
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Casa Homem da Costa[/caption]
Casa Homem da Costa
Este imóvel, datado da década de 1960 – o início da sua construção é de 1965 - é outro exemplo da presença significativa do arquiteto Chorão Ramalho na Madeira e caracteriza-se, tal como as restantes obras do autor, pelo recurso aos materiais tradicionais do arquipélago, bem como por uma linguagem devedora do modernismo, na linha do racionalismo expressionista.
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Farol de São Lourenço. Fonte_ amn[/caption]
Farol de São Lourenço
Portugal é um país de costa, que para ser assinalada devidamente obrigou à construção de uma rede de faróis. O de São Lourenço data de 1870, qual é uma presença constante na vila do Caniçal. A construção do edifício de planta retangular, de apenas um piso, em alvenaria pedra rebocada a cal, está relacionada com o naufrágio do vapor inglês Forermer, no ano de 1854, e subsequente protesto do governo inglês dirigido ao Estado português. O acesso é feito por mar.
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artesanato em osso de baleia[/caption]
artesanato em osso de baleia
O artesanato em osso de Baleia marcou, e ainda marca, o artesanato desta vila piscatória, que até sensivelmente ao princípio da década de 1980 foi um importante centro de caça à Baleia. Os ossos dos animais esquartejados lançados na praia eram recolhidos pelos artesãos e trabalhados para darem origem a motivos relativos à própria atividade, ora representando barcos ou o próprio animal, impondo-se desta forma uma dupla relação com a caça à baleia, tanto pelo uso do material como pelos motivos representados.
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Textos: César Rodrigues
Fotos: Rui A. Camacho