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leal, alfredo ayres de freitas

Nasceu no Funchal a 26 de maio de 1874 e faleceu a 5 de janeiro de 1935, com 60 anos, na casa onde morava, no Lombo da Boa Vista, freguesia de Santa Maria Maior. Era filho do comendador Alfredo de Freitas Leal Moniz de Meneses, que serviu como moço fidalgo na Casa Real e foi também professor do Liceu do Funchal, e de Ana Rita Maria Josefa de Castro e Almeida Pimentel de Siqueira e Abreu de Freitas Leal, natural de Goa. Em 1923, casou-se com Ana de Melo Breyner de Freitas Leal, filha de Francisco de Melo Breyner, 3.º conde de Mafra, e de Amélia Ferreira, oriunda da África Oriental, com quem teve quatro filhos: Maria Eugénia, Manuel João, Francisco Valentim e António Aires Melo Breyner Leal. Estudou no Beaumont College, um colégio jesuíta de Londres frequentado pela alta aristocracia britânica, onde mostrou a sua inteligência e o gosto pela literatura e pela arte. É de salientar que Alfredo de Freitas Leal e Pedro Paulo de Freitas-Branco, que também frequentava o colégio, ganharam o primeiro prémio em Literatura e em História de Inglaterra, tendo alcançado as mais altas classificações nestas disciplinas. Após concluir os seus estudos secundários no referido colégio, voltou a Portugal e matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, concluindo o curso de Direito com distinção. Não se adaptando ao meio da Madeira, decidiu partir para Lourenço Marques, onde permaneceu muito tempo e constituiu família. Tanto no Funchal como no ultramar, foi um distinto advogado, sendo os seus serviços muito admirados e solicitados. Distingue-se, na sua geração, como um dos intelectuais mais inteligentes e cultos. Dizia-se que era um autêntico gentleman, visto que falava a língua inglesa fluentemente e que era detentor de uma notável cultura. Para além disso, esteve próximo de algumas das mais destacadas figuras da literatura, como o prestigiado poeta Eugénio de Castro, com quem nunca deixou de manter relações, e António Nobre, com quem frequentou as tertúlias de literatos e artistas então muito frequentes em Coimbra. Apreciador de arte e possuidor de um notável sentido estético, foi um crítico forte e incisivo. Colaborou na imprensa, nomeadamente em revistas da União Sul-Africana, ocupando-se sempre de temas relacionados com arte. Foi também autor do livro Coimbra dos Noventa e Outras Impressões, que se encontra na Biblioteca Municipal do Funchal. Neste seu livro, publicado em Lisboa pela Livraria Editora Guimarães e C.ª em 1931, rememora admiravelmente os seus tempos universitários, com o estilo, elegância e pendor crítico que habitualmente incutia aos seus textos. Tinha ainda o projeto de publicar um livro de crítica a motivos e obras de arte, porém a morte não lho permitiu. Deixou vários escritos que foi reunindo na Madeira e em Lourenço Marques, Moçambique. Obras de Alfredo Ayres de Freitas Leal: Coimbra dos Noventa e Outras Impressões (1931).     António José Borges (atualizado a 11.02.2017)

Personalidades

sousa, antónio policarpo dos passos

Médico e poeta, Passos Sousa nasceu na freguesia da Madalena do Mar, Funchal, no dia 26 de janeiro de 1836 e faleceu a 26 de maio de 1875, com 29 anos, na freguesia da Ponta do Sol, também no Funchal. Era filho de Francisco Gomes de Sousa e de Francisca dos Passos e Sousa. Diplomado médico-cirurgião pela antiga Escola Médico-Cirúrgica do Funchal, em 1859, foi secretário da administração do concelho da Ponta do Sol. Pertencendo a uma família da qual tinha emanado uma série de talentos, cedo mostrou uma enorme habilidade para a escrita literária, ainda que a falta de saúde e a morte prematura não lhe tivessem permitido cumprir a vocação com que nascera. Porém, apesar do seu curto tempo de vida, colaborou em vários jornais da Madeira, como O Direito, com os folhetins “O Mendigo”, “A Noite do Trovador”, “Vozes da Natureza”, “A Minha Aldeia”, “Morreu”, “O Homem e o Pecado”, “Arpejos Religiosos” e “O Sepulcro do Senhor na Ponta do Sol”, entre outros, e foi considerado no seu tempo um inspirado poeta, cujos poemas eram bastante apreciados. Pode ler-se uma composição sua no primeiro volume da coletânea Flores da Madeira e outras na Selecta de Poesias Infantis e no Álbum Madeirense. O seu longo poema “Lamento” surge na Musa Insular de Luís Marino. Este texto tem uma composição formal que confirma o cuidado estético do seu autor, dividindo-se em nove estrofes, sendo as duas primeiras irregulares (12 versos cada), as seis seguintes oitavas e a última uma quadra. O número de versos é equilibrado e coerente em ordem decrescente.   Obras de António Policarpo dos Passos Sousa: “O Mendigo”; “A Noite do Trovador”; “Vozes da Natureza”; “A Minha Aldeia”; “Morreu”; “O Homem e o Pecado”; “Arpejos Religiosos”; “O Sepulcro do Senhor na Ponta do Sol”; “Lamento”.     António José Borges (atualizado a 10.02.2017)

Ciências da Saúde Literatura Personalidades

miranda, joão da costa

Prosador e poeta, nasceu na freguesia de Machico, Funchal, a 28 de setembro de 1897 e faleceu a 20 de março de 1964, com 66 anos. Era filho de João da Costa Miranda e de Maria Leocádia da Costa, e tinha dois irmãos. Casou-se com Maria Elisa Freitas Costa Miranda, com quem teve quatro filhos: João Aurélio de Freitas Costa Miranda, Bela Clara Ramos Costa Miranda, Gilda Maria Miranda Pinto da Silva, casada com Arnaldo Pinto da Silva, e Maria das Mercês de Jesus Costa Miranda, que se entregou à vida religiosa em Coimbra. A partir de 1908, estudou no Seminário Diocesano do Funchal, onde cursou os preparatórios e Filosofia. Mais tarde, mudou-se para Coimbra, onde estudou Teologia no Seminário dos Olivais, curso que terminou em 1919. Esperou pela ordenação de presbítero, mas, tendo sentido que a sua vocação não era aquela, regressou à vida civil. Assim, voltou, em 1920, ao liceu do Funchal, onde demorou apenas alguns meses a concluir o curso liceal. Os registos indicam que foi sempre um aluno brilhante, não tendo perdido qualquer ano. Mais tarde, enveredou pela atividade comercial e industrial, na qual se manteve durante um longo período. Em 1939, passou uma temporada em Bedford, nos Estados Unidos da América. De regresso à Madeira, foi eleito, a 14 de dezembro de 1955, membro da mesa da Santa Casa da Misericórdia do Funchal para o triénio 1956-1958. Interessava-se bastante pela literatura, tendo sido poeta e prosador com colaborações no Diário da Madeira, no Diário de Notícias, n’O Imparcial, n’O Jornal e na revista Esperança. No Diário da Madeira, publicou, em março e abril de 1918, dois sonetos exemplificativos da sua produção, “O Teu Retrato” e “Impossível”. Este último foi dedicado a António Pestana, contendo, a abrir, uma epígrafe de Gomes Leal. Ambos os poemas estão transcritos na Musa Insular, de Luís Marino. É de salientar que assinou alguns dos seus textos como Joam da Costa Miranda. Consta que terá deixado um livro de poemas inédito, com o título O Livro das Ilusões.   António José Borges (atualizado a 05.02.2017)

Literatura Personalidades

fernandes, olímpia pio

(Funchal, 1830-?, 1890) Escritora, colaborou em vários jornais da imprensa regional e em revistas literárias do continente. Sob o pseudónimo César Perdigão, escreveu, em 1877, um drama intitulado Alda ou Filha do Mar que foi representado em peça no teatro Esperança, no Funchal. As cenas fundamentais desta composição foram publicadas posteriormente no Diário de Notícias do Funchal. Palavras-chave: literatura; imprensa periódica; teatro. Nasceu no Funchal, em 1830, e faleceu em local desconhecido, na déc. de 1890. São escassas as informações biográficas sobre esta escritora madeirense. Sabe-se que foi professora e que integrou a mesa de assembleia da Associação de Proteção e Instrução do Sexo Feminino Funchalense, presidida por João da Câmara Leme, conde do Canavial. Cooperou com a Sociedade de Concertos Funchalense e terá vivido no Porto, onde foi professora do ensino primário. Colaborou em vários jornais da imprensa regional e em revistas literárias do continente, e escreveu, em 1877, um drama intitulado Alda ou Filha do Mar, que foi representado, em maio do mesmo ano, no Teatro Esperança do Funchal, tendo recebido os maiores aplausos da assistência. As cenas fundamentais deste drama foram publicadas posteriormente num jornal do Funchal. Possuía uma vasta cultura artística e gozava de prestígio nos meios intelectuais da sua época, tanto no Funchal como em Lisboa. Dedicou-se à literatura e consta que os seus escritos tiveram uma boa receção junto dos leitores. Recebia rasgados elogios, entre os quais um de uma leitora, cuja identidade não é referida, que está transcrito no Elucidário Madeirense, na pág. 29 do vol. II: “Tenho lido com interesse todas as outras produções da distinta escritora, e ou eu estarei muito enganada, ou s. ex.ª há de ocupar, ainda um dia, um dos primeiros lugares entre as senhoras que cultivam as letras”. Olímpia Pio Fernandes manteve correspondência com Joana de Castelbranco e Mariana Xavier da Silva, entre outras escritoras e escritores madeirenses. Publicou textos poéticos, dramáticos e contos na imprensa periódica funchalense, sob o pseudónimo de César Ortigão, especialmente em O Direito e no Diário de Notícias do Funchal, entre outros jornais. Nestas publicações, e.g., foi autora de: “Uma simples narrativa” (DN, 03 dez. 1876); “Heroísmo” (DN, 18 jan. 1877); “A mulher” (DN, 04 jan. 1877); “Scenas campestres: o despertar na cabana” (DN, 29 maio 1877); “A esperança” (DN, 29 jun. 1877); “À ex.ma snr.a D. Marianna S. F.” (DN, 01 jul. 1877); “Maria” (DN, 11 set. 1877); “A criança” (DN, 23 fev. 1877). Tendo-se tornado uma madeirense ilustre, passou a residir fora da Ilha; porém, apesar de até então ter cultivado na Madeira as letras com brilho e com justificada reputação, não há conhecimento sobre outros escritos desta autora. Obras de Olímpia Pio Fernandes: Alda ou Filha do Mar (1877); “Uma simples narrativa” (1876); “Heroísmo” (1877); “A mulher” (1877); “Scenas campestres: o despertar na cabana” (1877); “A esperança” (1877); “À ex.ma snr.a D. Marianna S. F.” (1877); “Maria” (1877); “A criança” (1877).   António José Borges (atualizado a 23.01.2017)

Literatura

torre, barão de jardim e

João de Bettencourt Jardim nasceu a 30 de novembro de 1830 na Qt. da Lomba, lugar da Calheta, Funchal, e faleceu com 75 anos na Qt. Cuibem, onde residia, no dia 3 de fevereiro de 1906. Era filho de José António Sérvulo Jardim e Cândida Augusta Bettencourt, em títulos de Jardins e Severins; seu pai herdou o vínculo da Torre. Casou-se, em 1862, com Maria Henriqueta Cretilde Cuibem, e tiveram um filho, César Guilherme Cuibem Jardim, por sua vez casado com Isabel Maria de Faria. Recebeu as comendas da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, que se destina a galardoar méritos excecionais no exercício dos cargos supremos dos órgãos de soberania ou no comando de tropas em campanha, bem como feitos excecionais de heroísmo militar ou cívico, abnegação ou sacrifício pela pátria e pela humanidade. O comendador João de Bettencourt Jardim recebeu, em 1875, o título de 1.º barão de Jardim e Torre. A sede do morgadio fora em Câmara de Lobos, justamente no sítio da Torre, onde havia o solar e a capela. Foi secretário do Governo Civil, administrador do concelho do Funchal, comissário da Polícia, vogal da Santa Casa da Misericórdia do Funchal, vogal da Junta Geral do Distrito, presidente da Associação Protetora dos Animais Domésticos e tenente de milícias, cargos que justificam as distinções que veio a receber. Possuía uma notável cultura literária, bem como um bom conhecimento de línguas estrangeiras, tendo feito parte da sociedade elegante do Funchal. A sua magnífica biblioteca era a origem e o reflexo da sua erudição. Escrevia com facilidade e elegância, dando especial atenção à poesia, e constava que teria deixado um livro de poemas inédito com o enigmático título Verbena, no qual estaria presente a escola romântica; Luiz Peter Clode ressalta-lhe o pendor lírico na sua referência ao poema “Desejo”, que abriria o referido volume. Também se dedicou à escrita de prosa, tendo colaborado de forma prolífica em jornais, especialmente no Diário de Notícias. Era ainda entendido em estudos heráldicos e genealógicos.   António José Borges (atualizado a 23.01.2017)

Personalidades

castelbranco, manuel (maurício carlos de)

Maurício Carlos de Castelbranco, que se apresentava literariamente com o semi-pseudónimo de Manuel Castelbranco, nasceu no Funchal em 1842 e faleceu na mesma cidade no dia 6 de Setembro de 1901. Era filho do comendador Maurício José de Castelbranco Manuel, em título de Mendes Serranos, e de D. Maria Dionísia de Freitas Abreu, em título de Freitas Abreu. Casado com Guilhermina Maria de Vasconcelos Fernandes Castelbranco, teve dois filhos: Gastão de Castelbranco Manuel e Gabriela Castelbranco Machado, por sua vez casada com Vicente Machado. Exerceu durante alguns anos a função de escriturário de fazenda no Funchal. Foi redator de folhetos e um poeta admirado. Colaborou em vários jornais do Funchal, principalmente nos seguintes: Direito, O Recreio, O Crepúsculo e Diário Popular. Há registo de vários poemas seus publicados nas coletâneas Flores da Madeira, que foram objeto de notas elaboradas por Alberto F. Gomes, em 1955, e publicadas nesse mesmo ano no n.º 15 da revista Das Artes e da História da Madeira – Revista de Cultura da Sociedade de Concertos da Madeira, e no Álbum Madeirense: poesias de diversos auctores madeirenses, coligido por Francisco Vieira em 1884.   António José Borges  (atualizado a 22.12.2016)

Literatura