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susan harriet vernon harcourt

Lady Susan Harriet Vernon Harcourt nasceu em 1824 e recebeu o nome de Susan Harriet Holroyd. Era filha do 2.º conde de Sheffield (1802-1876) e casou-se, em agosto de 1849, com Edward William Vernon Harcourt (1825-1891). No ano anterior ao do seu casamento, lady Susan acompanhou o noivo à Madeira com sua mãe, a condessa de Sheffield. Edward já tinha estado na Madeira de outubro de 1847 a abril de 1848., e esteve com a noiva de novembro de 1848 a maio de 1849. Volta à Ilha depois do casamento, de novembro de 1849 a maio de 1850 e de novembro de 1850 a abril de 1851. Na família Harcourt parece ter sido tradição, entre os que apresentavam debilidades físicas, a passagem do inverno na Madeira, onde esteve o pai de Edward, Rev. William Vernom Harcourt, e, no inverno de 1847 para 1848, seu irmão William George Granville Venables Vernon Harcourt (1827-1904), depois ministro do Interior de um dos governos da rainha Vitória e uma das figuras políticas determinantes do seu tempo; mais tarde, o filho deste também frequentaria a Madeira (Turismo terapêutico). O álbum de lady Susan Harcourt Sketch of Madeira, editado em Londres, em 1851, por Thomas McLean, espelha a educação das classes abastadas da sua época, a que não escapava a autora e o marido, que edita na mesma data e pelo mesmo editor A Sketch of Madeira, Containing Information for the Traveller, or Invalid Visitor, dedicado à sogra, condessa de Sheffield. Edward também se interessava por ornitologia e daria à estampa as suas observações sobre as aves da Madeira, igualmente editadas em Londres, em 1855. Trocava, inclusivamente, correspondência com Charles Darwin; da qual se extraíram as informações sobre as suas deslocações à Madeira. O conjunto de litografias de lady Susan reúne 22 vistas da Madeira, litografadas pela própria ou pelo menos com a sua colaboração. Destas litografias 3 são em grande formato, demonstrando muito boa qualidade de desenho, com um traço suave, delicado e feminino, abarcando os grandes planos gerais e esboçando somente os pequenos detalhes. Desconhece-se o destino dos originais, bem como de posteriores trabalhos da autora, que terá passado a dedicar-se inteiramente à educação dos dois filhos. Morre aos 64 anos, em abril de 1894. A documentação da família encontra-se hoje integrada na Bodleian Library da Universidade de Oxford, onde, em conformidade com o que foi dito não constam os desenhos originais nem referência a trabalhos posteriores, que talvez se mantenham na posse da família. O conjunto editado do casal Harcourt enquadra-se no “grand tour” de educação das sociedades europeias abastadas, que olhavam para a Madeira como um destino no leque de possibilidades do turismo terapêutico. Ao mesmo tempo, este conjunto retrata uma nova posição e atitude da mulher ao longo do séc. XIX, que não só desenha em público, o que até então era quase impossível, como edita depois as suas obras, podendo, inclusivamente, trabalhar na sua passagem à litografia. Poucos anos antes, em 1845, também Jane Wallas Penford (1821-1884) editara os seus trabalhos em Londres, no conjunto Madeira Flowers, Fruits, and Ferns, este elaborado a partir de aguarelas feitas na sua propriedade da quinta da Achada – e não em público – e de litografias posteriormente aguareladas pela sua mão, também na sua quinta do Funchal. Edward Harcourt tece algumas considerações sobre os desenhos da sua então ainda noiva lady Susan, onde descreve a dificuldade em captar o cenário grandioso da paisagem madeirense, face à contínua mudança de luminosidade. Ao contrário da permanente neblina dos ambientes nórdicos, na Madeira a constância dos brilhos alterava-se constantemente pela simples passagem de uma nuvem. O autor conta ainda as dificuldades em que se via a pintora ao iniciar o seu trabalho, por ser de imediato rodeada de inúmeros observadores que, parecendo não ter mais nada para fazer, ali se mantinham inabaláveis durante horas a fio. Informa e alerta também os futuros leitores sobre a taxa imposta pela Alfândega do Funchal aos desenhos levados da Ilha, 6 xelins e 8 pences por libra de peso, o que considerava um verdadeiro exagero, mas que configura a consciência do interesse económico dos mesmos por parte das autoridades aduaneiras insulares.   Rui Carita (atualizado a 30.12.2017)

Artes e Design Madeira Global Sociedade e Comunicação Social

greef, richard

Médico e zoólogo, especializado na estrutura e reprodução dos seres unicelulares, particularmente dos rizópodes, Richard Greeff nasceu em Elberfeld, a 14 de março de 1829, e faleceu em Marburg, a 30 de agosto de 1892. Era filho de Peter Greef, fabricante em Elberfeld e em Nova Iorque, e de Sophie Greef. Casou-se com Maria Esch, nascida em 1806 e falecida em 1863. Estudou em Würzburg, Heidelberg e em Berlim, tendo concluído, em 1857, os estudos em Medicina. De seguida, trabalhou como médico assistente do Hospital Municipal de Danzig. Em 1859, voltou para Elberfeld, onde exerceu a função de médico de clínica geral. Pouco tempo depois, em 1863, abandonou a medicina e doutorou-se em Zoologia na Universidade de Bona, prosseguindo a sua carreira como professor. A partir de 1871, foi professor catedrático de Zoologia e de Anatomia Comparada, e diretor do Instituto Zoológico-Zootómico da Universidade de Marburgo. Enquanto investigador de Ciências Naturais, realizou diversas expedições desde 1866-1867, entre as quais se incluem as viagens pelas seguintes regiões: costa Adriática, África, Suíça, ilhas Canárias e Portugal. Greef esteve na Madeira por duas vezes. A primeira vez foi em 1866, chegando de Lisboa a bordo do vapor Lusitânia, integrado numa expedição científica com Ernst Haeckel (1834-1919) e outros companheiros. Após uma curta estadia, de 17 a 19 de novembro, instalado no Hotel de Paris, no Funchal, seguiu para as Canárias no Niobe, um navio de guerra prussiano. A segunda passagem pela Madeira foi em outubro de 1879, escalando o Funchal a bordo do navio português Zaire. Saliente-se que, a partir do séc. XVIII, numerosas expedições científicas escalaram o Funchal, atraídas pelo interesse que a Madeira despertava na comunidade científica europeia de então. O arquipélago madeirense tornou-se um destino exótico dos naturalistas europeus, nos sécs. XVIII-XIX, sobretudo após as publicações das viagens comandadas por James Cook (1728-1779), que passou pela Madeira por duas vezes, em 1768 e em 1772. Especialistas em diversas áreas das ciências naturais arrimaram o porto do Funchal e permaneceram na Ilha durante algum tempo, realizando investigações no domínio da geologia, botânica, flora e fauna. Os seus estudos foram depois divulgados em várias publicações e colocaram a Madeira na rota científica internacional. Richard Greeff também realizou, no âmbito das expedições científicas, na Ilha, investigações acerca de animais invertebrados. Greeff mencionou a sua primeira passagem pela Madeira no livro Reise nach den Canarischen Inseln (1868). Mais tarde, publica Madeira und die Canarischen Inseln em besonders Naturwissenschaftlicher Zoologischer Beziehung (1872), no qual refere aspetos zoológicos das ilhas da Madeira e das Canárias.   Obras de Richard Greef: Untersuchungen über den Bau und die Naturgeschichte von Echinorhynchus miliarius Zenker (E. polymorphus) (1864); Reise nach den Canarischen Inseln (1868); Madeira und die Canarischen Inseln em besonders Naturwissenschaftlicher Zoologischer Beziehung (1872); Ueber Pelagische Anneliden von der Küste der Canarischen Inseln (1879); Studien über Protozoen (1888).   Sílvia Gomes (atualizado a 13.12.2017)  

Biologia Terrestre Madeira Global

grabham, george walter

George Walter Grabham foi um cientista madeirense reconhecido internacionalmente. Nasceu na freguesia de Santa Luzia, no Funchal, a 28 de junho de 1882. Era filho do médico Michael Comport Grabham, autor de vários livros, entre os quais um sobre a Madeira, e de Mary Anne Blandy Grabham, que pertencia a uma família ligada à produção e exportação de uma reputada marca do vinho madeirense. Estudou Geologia no University College School e no Saint John’s University College de Cambridge. Trabalhou na Geological Survey of Great Britain, na Escócia (1903-1906), e foi para o Sudão anglo-egípcio como geólogo oficial (1906-1930). Tornou-se membro da Royal Society of Edinburgh e da Geographical Society e foi agraciado com a Ordem do Império Britânico. Colaborou no Geology of Edinburgh and East Lothian, com o artigo “The Geology of the Neighbourhood of Edinburgh” (1910), no The Geology of the Glasgow District, (1911), no The Journal of Geology, na Geological Magazine, com o artigo “The Geology of Knapdale, Jura, and North Kintyre” (1911), no The Geology of Ben Nevis and Glen Coe – Memoirs of the Geological Survey, Scotland (1916), e na revista Nature. Publicou o seu trabalho “Esboço da Formação Geológica da Madeira” no Boletim do Museu Municipal. O seu interesse pela botânica levou-o a estudar as árvores da serra da Encumeada, em S. Vicente, na ilha da Madeira, concluindo que a sua antiguidade excedia os cinco milhões de anos. Faleceu no Sudão, a 29 de janeiro de 1955, tendo merecido notícia nos obituários do Geographical Journal, publicado por The Royal Geographical Society (com o Institute of British Geographers), no Stanford, K. S. Obituary, Proceedings of the Geological Society e no Proceedings of the Geologists Association. Obras de George Walter Grabham: “The Geology of the Neighbourhood of Edinburgh” (1910); “The Geology of Knapdale, Jura, and North Kintyre” (1911); “Esboço da Formação Geológica da Madeira” (1948).   António Manuel de Andrade Moniz (atualizado a 13.12.2017)

Biologia Terrestre Geologia

hearne, thomas

O gravador inglês Thomas Hearne nasceu em Marshfield, Gloucestershire, a 22 de setembro de 1744, tendo iniciado a sua atividade como ajudante de gravador em 1765, sob a orientação de William Woollett (1735-1785), que se tornaria, mais tarde, secretário da Incorporated Society of Artists. Nos primeiros meses de 1771, aceitou trabalhar com sir George Howland Beaumont (1753-1827), depois 7.º barão de Beaumont, pintor amador que esteve na base da fundação da National Gallery de Londres. Teria sido na sequência desse trabalho de seis semanas em Suffolk, onde desenharam paisagens e edificações, e aonde voltaria depois, que foi convidado a servir, como gravador e pintor, o governador das Antilhas, Ralph Payne (1739-1807), cuja armada passou pela Madeira pelos finais de 1771, altura em que executou os desenhos preparatórios da grande panorâmica da cidade do Funchal, senão mesmo todo o trabalho. A partir dos meados do séc. XVIII, os governadores ultramarinos, não só os britânicos, mas também os portugueses, começaram a fazer-se acompanhar por engenheiros militares e também por pintores-gravadores, cuja função era desenhar os principais portos e edifícios desses domínios, além da criação de representações de paisagens e de costumes (Descrições militares). Estes elementos eram imprescindíveis para apoiar as decisões dos governadores e para informar as instâncias superiores das propostas daqueles. Ao mesmo tempo, deveriam ilustrar os arquivos dos governadores, promovendo depois a sua ação governativa, o que a morte prematura de Payne não veio a permitir. Muito provavelmente, um dos pressupostos dos trabalhos que este gravador e aguarelista inglês executou ao longo da sua viagem às Antilhas era também o de virem a ser passados a gravura em Londres. Vista geral do Funchal Thomas Hearne terminaria a sua comissão de serviço com o governador Ralph Payne em 1775, altura em que regressa a Inglaterra e termina os trabalhos efetuados nas Antilhas: cerca de 20 grandes aguarelas semelhantes à do Funchal, as quais vieram a ser leiloadas em 1810 por lady Lavington, após a morte de Ralph Payne, então barão de Lavington, no ano de 1807, em Antigua, onde estava como governador pela segunda vez. Desconhece-se, entretanto, como foi que a grande panorâmica de 2 metros veio a integrar a coleção da câmara municipal do Funchal. Aquela permanecera no Museu Municipal até 1986 e, nesta altura, passou a integrar o acervo do Museu da Cidade – embora somente mais tarde viesse a ser identificada, pela legenda no verso (que apresenta a data de 1772), com a qual deverá ter sido vendida em Londres. Sé do Funchal   Nau-almirante A grande panorâmica da ilha da Madeira e da cidade do Funchal, feita a partir da nau-almirante, ancorada ao largo da cidade, é um dos melhores trabalhos do género – depois designado por “desenho topográfico” – alguma vez executados sobre a Ilha. A cidade foi meticulosamente desenhada, edifício a edifício, naqueles últimos meses de 1771, e deu origem a um registo único, com o qual nada criado até então pode ser comparado, embora nas décadas seguintes alguns engenheiros militares, para acompanharem as suas plantas da Madeira, tenham ensaiado trabalhos semelhantes; é o caso da “Geo Hydrographic Survey of the Isle of Madeira, with Dezertas and Porto Santo Islands. Taken in the Year 1788”, de William Johnston, uma representação editada em Londres, no ando de 1791 (Cartografia), e da “Geo-Hydrographic Survey”, editada em 1841 e para a qual trabalhou António Pedro de Azevedo (1812-1889), que quase parece copiar a vista de Thomas Hearne, mas sem a qualidade deste. Entre outros pormenores, por exemplo, aquele trabalho de Thomas Hearne apresenta a única representação conhecida da igreja matriz de N.ª S.ra do Calhau, perdida na aluvião de 9 de outubro de 1803. Trata-se assim de um documento imprescindível para o estudo da arquitetura e do urbanismo do Funchal até ao séc. XIX. Forte de São Filipe e Nossa Senhora do Calhau Thomas Herne haveria de se distinguir entre os melhores artistas topográficos do seu tempo, dedicando-se ao desenho da arquitetura, nomeadamente de ruínas e de edifícios antigos, na abertura do romantismo, e do culto dos revivalismos, e também seria um dos pioneiros da escola de aguarelistas britânicos que floresceria no século seguinte. A pedido de nobres e proprietários, elaboraria inúmeros desenhos de antigas mansões, de castelos e de outros edifícios, tendo alguns sido aproveitados para reconstruções revivalistas, ao gosto dessa época. Viria a falecer na sua residência em Macclesfield Street, Soho, Londres, a 13 de abril de 1817, e foi enterrado em Bushey, Hertfordshire.   Rui Carita (atualizado a 30.12.2017)

Artes e Design

gray, john edward

John Edward Gray John Edward Gray foi um naturalista britânico, que nasceu em Walsall, Staffordshire, a 12 de fevereiro de 1800, e que faleceu a 7 de março de 1875, tendo sido sepultado em St. Mary, Lewisham. Era filho de Samuel Frederick Gray, naturalista e farmacologista, e de Elizabeth Forfeit, filha de um comerciante. Em 1826, casou-se com Maria Emma Smith, que era viúva de seu primo Francis Edward Gray. Em criança, foi viver para Londres com os pais e o irmão, quando o pai conseguiu um emprego naquela cidade. J. E. Gray recebe a sua formação escolar em casa, ministrada por seus pais, com quem aprendeu a ler e a escrever. Gray trabalhou na farmácia de seu pai, localizada nos arredores de Londres, tendo colaborado na redação de obras como A Natural Arrangement of British Plants (1821). Trabalhou ainda com um médico, em Shoreditch, e, posteriormente, num laboratório químico. Encorajado pelo progenitor, J. E. Gray tenta estudar medicina, mas acaba por abandonar os estudos e dedicar-se à zoologia, começando a sua carreira de zoólogo como voluntário no British Museum. Em 1824, passa oficialmente a trabalhar no departamento de zoologia do British Museum, como assistente de John George Children (1777-1852), colaborando na redação de um catálogo sobre répteis. Em 1840, com a aposentação de Children, passa a chefiar o departamento, cargo que ocupou até ao Natal de 1874. Gray teve uma profícua atividade no Museu Britânico, na organização, redação e publicação de vários catálogos descritivos das coleções. Durante a sua direção, contribuiu para o incremento das coleções de zoologia, que se tornaram das mais importantes do mundo. Foi um escritor prolífico, que descreveu um grande número de novas espécies de animais que introduziu no Museu Britânico. É autor de mais de 1000 títulos, incluindo livros, memórias e artigos, sobretudo relacionados com a zoologia, que divulgou em periódicos ingleses de história natural e em catálogos do Museu Britânico. A sua contribuição para o conhecimento das ciências naturais da Madeira surgiu em 1862, com a publicação do artigo “Notice of a Second Species of Paragorgia Discovered in Madeira by James Yate Johnson” em Annals and Magazine of Natural History. Neste artigo, J. E. Gray divulga estudos do naturalista inglês James Yate Johnson (1820-1900), que chegou à Madeira por volta de 1850, onde estudou diversas espécies animais, marinhas e terrestres. Johnson enviou para o Museu Britânico uma coleção de peixes da Madeira, incluindo um espécime de animal marinho do género Paragorgia, que terá dado origem ao referido artigo de Gray. O diretor do Museu Britânico descreve aquele exemplar, que considera semelhante ao modelo norueguês em alguns aspetos, mas aponta diferenças em relação a este, e atribui-lhe o nome científico de Paragorgia Johnsoni. J. E. Gray era membro de várias sociedades científicas: em 1826, foi um dos fundadores da Zoological Society, da qual foi vice-presidente de 1865 a 1874; em 1830, tornou-se membro da Royal Geographical Society; em 1832, foi eleito para a Royal Society; em 1833, tornou-se membro da Entomological Society, tendo sido presidente em 1858-1859; em 1836, tornou-se membro da Botanical Society of London, à qual presidiu de 1836 a 1857; e, em 1874, tornou-se membro da Palaeontological Society. Em 1854, Gray foi distinguido com um doutoramento honorífico em Filosofia, atribuído pela Universidade de Munique. Obras de John Edward Gray: “Notice of a Second Species of Paragorgia Discovered in Madeira by James Yate Johnson” (1862).   Sílvia Gomes (atualizado a 13.12.2017)

Biologia Terrestre

fischer, sebastian

Sebastian Fischer foi um médico de clínica geral e investigador científico que viveu algum tempo na Madeira, durante o séc. XIX  e realizou estudos sobre o arquipélago madeirense na área da zoologia. Nasceu a 10 de novembro de 1806, em Munique, onde veio a falecer, a 8 de outubro de 1871. Em 1846, casou-se com Augusta Mulzer, que faleceu em janeiro de 1849. Em abril desse mesmo ano casou-se, em segundas núpcias, com Johanna Behse. Teve seis filhos, um do primeiro casamento e cinco do segundo enlace, dois dos quais sobreviveram apenas alguns meses. Após terminar os estudos, em 1830, na Univ. Ludwig-Maximilian, em Munique, foi para o Egito, onde permaneceu cerca de 10 anos. Durante esse tempo, esteve a trabalhar como médico de regimento no Exército egípcio, tendo participado, em 1835-1836, como chefe dos serviços de saúde, na expedição egípcia contra Hejaz. Foi ainda professor de Anatomia e Cirurgia na escola de medicina de Abu-Zabel. Foi nomeado chefe do corpo médico do exército e exerceu, até 1841, o cargo de diretor do Hospital Central Militar em Kasr El-Aini. De 1843 a 1853, em São Petersburgo, assumiu as funções de médico particular de Maximilian Eugen Joseph Napoleon, duque de Leuchtenberg (1806-1852). Sebastian Fischer acompanhou o duque em quase todas as suas viagens, durante o tempo em que esteve ao seu serviço. Foi numa dessas jornadas, em 1849, que o médico bávaro chegou à Madeira, Ilha que o duque procurara para fins terapêuticos. A fragata da marinha russa Kamtchatka fundeou no Funchal no dia 23 de agosto, mas os passageiros só puderam desembarcar quatro dias depois, devido a o navio ter estado de quarentena (SILVA e MENESES, 1998, 234-235). Na Madeira, S. Fischer permaneceu até 1850 e, como cientista especializado em entomostráceos (uma subclasse dos crustáceos de corpo mole e geralmente parasitas, que inclui os copépodes, as pulgas-de-água, os ostracodes, os trilobites, as cracas e os percebes), realizou investigações na área da zoologia, publicando depois o livro Ueber Entomostraken Madeiras (Munique) e o estudo “Beiträge zur Kenntniss der Entomostraceen”, em Abhandlungen der Mathematisch-Physikatischen Classe der Königlich Bayerischen Akademie der Wissenschaften (Munique). Após a morte do duque, em 1853, Fischer voltou para Munique, onde viveu até ao final da sua vida, dedicando o seu tempo à medicina e às investigações sobre os entomostráceos, tendo sido nomeadas em sua honra as espécies Paradoxostoma fischeri (descrita por Sars em 1866), Loxocorniculum fischeri (descrita por Brady em 1869) e Cypris fischeri (descrita por Lilljeborg em 1883). S. Fischer foi membro da Imperial Society of Naturalists of Moscow; da Academy of Sciences of St. Petersburg, membro correspondente da Royal Bavarian Academy of Sciences e da Royal Bavarian Botanical Society. Entre as suas contribuições para a ciência incluem-se a descrição de 1 novo género (Paradoxostoma Fischer, 1855) e de 31 novas espécies. Da sua vasta bibliografia fazem parte vários estudos científicos, publicados em revistas especializadas e em volume. Obras de Sebastian Fischer: Ueber Entomostraken Madeiras (1855); “Beiträge zur Kenntniss der Entomostraceen” (1860).     Sílvia Gomes (atualizado a 07.12.2017)

Personalidades Biologia Terrestre Ciências da Saúde