associação artística de educação pela arte na madeira
[caption id="attachment_1694" align="alignleft" width="211"] Fig. 1 – Logótipo da autoria de José Manuel Gomes[/caption]
“Não surgimos ao acaso, mas de um acaso. Mas como de acaso nada surge, dizemos que surgimos por acaso. Estranha esta forma de intervir… surgindo. Fomos Trans(form)art, Projeto Artístico de Teatro-Dança. Apresentámo-nos diversas vezes para nos darmos a conhecer ao público. “Hoje” já não somos mais projeto artístico. Somos Associação Artística de educação pela Arte na Madeira. Organizados e juridicamente creditados, propomo-nos trabalhar em prol daquilo em que acreditamos:
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Construir com arte, através da arte – trabalhar pela ARTE!”
Este foi o pequeno texto que durante nove anos acompanhou os trabalhos da Associação Artística de educação pela Arte na Madeira (AAEAM). Nasceu como associação a 19 de setembro de 2003, depois de um grupo de amigos, liderado por Teresa Norton, ter decidido organizar-se e formalizar um projeto que já tinha um curto percurso curricular. Este projeto, de seu nome Trans(form)art, passou a ser o rosto “transformado em performance” dos trabalhos que, no seio da organização, se iam desenvolvendo. Como Projeto Artístico de Teatro-Dança, propunha-se vivificar o desenvolvimento daquela expressão artística na ram, constituindo-se em mais um contributo para reforçar o que já se fazia na Região em termos de teatro e de dança, afirmando-se pela especificidade da sua linha de exploração e ação.
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No seu percurso, a AAEAM e o Trans(form)art empenharam-se em desenvolver atividades no âmbito da educação pela arte, relevando não só a complementaridade educacional que os seus projetos poderiam constituir, mas também a vontade de poder contribuir para a criação de novos públicos. Acreditando poder fazer parte de um processo de consciencialização da importância da educação artística na formação do indivíduo enquanto ser criativo, a AAEAM prosseguiu o seu trabalho na educação e reeducação através das diferentes expressões artísticas, ajudando a operar mudanças e contribuindo para o crescimento do sentido de responsabilidade, de autodisciplina, de humildade, de diálogo e de partilha. Muito embora a sua atividade tenha sido ampla na área da formação de performers e seus públicos, houve projetos sociais, como o educação pela Arte no Estabelecimento Prisional do Funchal e os ateliers de expressões nos bairros Quinta Josefina e Quinta Falcão, que ajudaram a AAEAM a crescer.
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O primeiro surgiu como complemento à atividade de educação dramática desenvolvida por Paula Erra no Estabelecimento Prisional do Funchal desde setembro de 1996. A existência de outras expressões artísticas para além do teatro possibilitou a participação de um maior número de utentes, contribuindo não só para que se imprimisse naquele espaço uma dinâmica cultural mais alargada, mas também para a reabilitação e reinserção de pessoas que em determinado período da vida se encontraram privadas de liberdade.
O segundo aconteceu nos anos letivos de 2003-2004 e 2004-2005 com a colaboração da Escola Profissional Atlântico, com que a AAEAM tinha um protocolo de colaboração. Implementado no terreno como projeto-piloto e experimental, resultou de uma parceria entre esta associação e a Associação do Desenvolvimento Comunitário do Funchal. Teve como pressupostos demonstrar a importância que as manifestações artísticas e culturais podem assumir no quotidiano de cada indivíduo e que mudanças podem operar. Naquele contexto, educar pela arte não foi mais do que, numa estreita relação com o restante trabalho já desenvolvido, aplicar as ferramentas existentes. Ali também importou a vontade de cada um em ajudar o outro a crescer, contribuindo para um melhor mundo de ambos, passando a (re)conhecer o papel das artes nesse seu pequeno/grande espaço.
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Para se compreender a atividade desenvolvida por esta associação e a sua equipa, a par da especificidade dos projetos acima mencionados, importa reconhecer a sua atividade formativa, diária e em período pós-laboral, com aulas de barra-no-chão, expressão dramática e movimento, e os ateliers para os mais novos que se iniciaram com a parceria entre a AAEAM e o Madeira Magic (Grupo Pestana). Estes ateliers foram idealizados e conduzidos pelo associado honorário Renato Nóbrega.
Da atividade da AAEAM foram depois rosto pelo Trans(form)art as produções que abaixo se enunciam, salvo as exceções mencionadas de coautorias e outras, com encenação de Paula Erra e coreografia de Teresa Norton, profissionais residentes: 2008: Pura Sensação, dueto apresentado na Festa de Encerramento do FUTUP (Torneio de Futebol das Ultra Periferias promovido pelo Estabelecimento Prisional do Funchal); Nu corpo, a inquietação, que estreou no auditório da rdp-Madeira, no Funchal, em abril. 2007: Nu corpo, a inquietação, apontamento apresentado em antestreia no Funchal, no Encerramento da V Feira das Vontades; Max Eternidades, coreografia apresentada na Festa de Abertura do Desporto Escolar, na Feira da Igualdade na Diversidade e na Festa de Encerramento do FUTUP. 2006: Try Outs, experimentações em forma de espetáculo em que às autoras se juntaram Paulo Oliveira e restantes elementos do Trans(form)art; Kalinka, coreografia para a Festa de Abertura do Desporto Escolar; Fragmentos, com dramaturgia de Paula Erra para textos de Laurinda Alves, encenação de Paula Erra e Teresa Norton e coreografia de Teresa Norton. 2005: Reencontro com… e 3+e3+e3, coreografias integradas na III Feira das Vontades (reposição adaptada); Dás-me Um Bombom?, adaptação do texto original de Fernando Mascarenhas Augusto, Andou um Anjo p’lo cais, e conceção do espetáculo de Paula Erra, Paulo Oliveira e Teresa Norton, encenação de Paula Erra e Teresa Norton e coreografia de Teresa Norton, estreou em Machico; Reencontro com…, coreografia com participação especial de Dulce Pontes no auditório da rdp-Madeira; 3+e3+e3, coreografia de Teresa Norton e alunos da Escola Profissional Atlântico. 2004: Laços em Solidão, um trabalho em parceria com o grupo de teatro Experimentar Sentir do Estabelecimento Prisional do Funchal, sob a orientação de Paula Erra, baseado no texto É Urgente o Amor, de Luís Francisco Rebello; Dormir sem Adormecer, um trabalho em parceria com o grupo de teatro Experimentar Sentir, sob a orientação de Paula Erra, baseado no texto António Marinheiro de Bernardo Santareno, adaptado e encenado por Paula Erra, com movimento coreográfico de Teresa Norton; Contrariedades, coreografia para a II Feira das Vontades, reposta em 3+e3+e3; A Limpar é que a Gente se Entende, sketch humorístico da autoria de Avelina Macedo e Paula Erra; Amor a Portugal, coreografia para a Festa de Abertura do Desporto Escolar; Pierrot e Arlequim, Personagens de Teatro, texto de Almada Negreiros com adaptação e coreografia de Teresa Norton; Riscos, poemas e textos de Federico García Lorca e Gonçalo Tavares, encenação e coreografia de Teresa Norton. 2003: Nós, os Outros e Cada Um de Nós, coreografia de Teresa Norton para a I Feira das Vontades; A Verdade e o Sangue, poemas e textos de Federico García Lorca, encenação e coreografia de Teresa Norton; Verde que Te Quero Verde, poemas de Federico García Lorca e Carlos Mendonça, encenação de Teresa Norton e Carlos Mendonça. 2002: E se Um Dia Qualquer Nós Fôramos Assim, coreografia de Teresa Norton, participação no 3.º Festival de Arte, Criatividade e Recreação e no ERGTEATRO/2002; Sermos Gémeos, Seres Génios, adaptação do texto de Helena Freitas, coreografia de Teresa Norton e participação no ERGTERATRO/2002.
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A AAEAM assinou protocolos de cooperação com a Escola Profissional Atlântico, o Estabelecimento Prisional do Funchal, o Madeira Magic (Grupo Pestana) e a Livraria Nobel (Ajuda-Funchal). Na sua página da Internet promoveu as seguintes publicações digitais: Newsletter AM-Arte – bimensal (mar. 2007-nov. 2008) e Boletim AM-Arte (2009).
Foram associados fundadores: Teresa Norton, Paula Erra, Isabel Rodrigues, Paulo Oliveira e Diva Castro, na direção; Cristina Ferreira, António Carvalho e Rita Marinho, no conselho fiscal; João Castro, Carlos Aveiro e Vera Henriques, na assembleia geral. Foram associados honorários: António Laginha (dança), Carlos Mendonça (teatro), Dulce Pontes (música), Eunice Muñoz (teatro), Fernando Augusto (teatro), Simone de Oliveira (música) e Victor Costa (música). A estes juntaram-se associados cuja dedicação se destacou, como Cristina Viúla e Renato Nóbrega. Ficou desde o primeiro momento ligado à história da AAEAM o informático e webdesigner Leonel da Palma, falecido em julho de 2013.
Em nove anos de percurso efetivo, nunca a associação conseguiu a cedência de um espaço onde pudessem desenvolver a sua atividade, criando e ajudando a criar dinâmicas além da sua própria fronteira. Este, entre outros fatores, determinou a opção de encerramento de atividade tomada em assembleia geral em 2012. O seu trabalho foi disponibilizado online e em 2014 podia ser consultado em www.tnortondias.com/aaeamadeira.
Nota: Esta entrada foi elaborada com base na consulta do arquivo da AAEAM.
Teresa Norton Dias
(atualizado a 03.10.2016)