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hartwig, waldemar

Professor e ornitólogo, Waldemar Hartwig nasceu em Oderbruch, na Alemanha, em 1851, e faleceu em Berlim a 15 de junho de 1901. Filho de um pequeno agricultor, casou-se com Bertha Goodier, falecida em 1902. Em 1876, ingressa nos quadros da Sophienschule, de Berlim, uma escola fundada a 24 de abril daquele ano, como professor do 5.º ano, das disciplinas de Matemática, Alemão, Ciências Naturais e História Natural. Mais tarde, em 1898, é promovido ao cargo de professor superior. Em 1901, acaba por abandonar a carreira docente, devido a problemas de saúde. No ano de 1885, sofreu um acidente, ao cair de um carro elétrico, que lhe causou um traumatismo cerebral que o deixou com disfasia parcial. Em 1886, procura a Madeira, onde passa uma temporada, com o intuito de recuperar do acidente. Chega à Ilha no dia 12 de janeiro e permanece até 11 de fevereiro. Entretanto, desloca-se até às ilhas Canárias, para explorar a vida das aves, regressando pouco tempo depois à Madeira, onde permanece de 14 de março a 20 de abril, voltando a seguir para o continente europeu. Durante as duas estadias na Madeira, no ano de 1886, dedica-se também ao estudo das aves. Ainda nesse ano, e nos anos seguintes, o ornitólogo divulga pela comunidade científica alemã, em publicações periódicas dedicadas à biodiversidade, uma série de artigos acerca das suas investigações em terras madeirenses. Em 1893, desiste da ornitologia e envolve-se no estudo dos cladóceros (pequenos crustáceos, geralmente designados pelo nome comum de pulgas-de-água). Das suas publicações acerca das espécies de aves madeirenses, destacam-se diversos estudos em jornais e revistas da especialidade, nomeadamente, “Die Vögel Madeiras”, no Journal für Ornithologie: Deutsches Centalorgan für die gesammte Ornithologie; “Die Vögel der Madeira-Inselgruppe”, na Ornis. Internationale Zeitschrift für die gesammte Ornithologie; “Von der Madeira-Inselgruppe”, na Zeitschrift für Oologie; “Die Brutvögel Madeiras”, na Zeitschrift für Oologie; “Die Brillengrasmücke (Sylvia conspicillata): Brutvögel auf Madeira”, na Zeitschrift für Oologie; “Etwas über das Brutgeschaft einiger Madeira-Vögel”, na Zeitschrift für Oologie; “Nachtrag zu meinen beiden Arbeiten über die Vögel Madeiras”, no Journal für Ornithologie: Deutsches Centalorgan für die gesammte Ornithologie; “Die Puffinen Madeiras”, no Ornithologische Monatsberichte; “Zwei für Madeira neue Vögel”, no Ornithologische Monatsberichte; “Notiz über Charadrius alexandrinus von Porto Santo”, no Ornithologische Monatsberichte; e “Madeira Vögel”, no Ornithologische Monatsberichte. Obras de Waldemar Hartwig: “Die Vögel Madeiras” (1886); “Die Vögel der Madeira-Inselgruppe” (1891); “Von der Madeira-Inselgruppe” (1891); “Die Brutvögel Madeiras” (1891); “Die Brillengrasmücke (Sylvia conspicillata): Brutvögel auf Madeira” (1892); “Etwas über das Brutgeschaft einiger Madeira-Vögel” (1892); “Nachtrag zu meinen beiden Arbeiten über die Vögel Madeiras” (1893); “Die Puffinen Madeiras” (1893); “Zwei für Madeira neue Vögel” (1893); “Notiz über Charadrius alexandrinus von Porto Santo” (1894); e “Madeira Vögel” (1894).   Sílvia Gomes (atualizado a 30.12.2017)

Biologia Terrestre

haeckel, ernst heinrich philipp august

Ernst Haeckel é uma figura incontornável da biologia do séc. XIX, na medida que produziu uma vastíssima obra e tocou uma multitude de questões centrais para a biologia moderna. Nasceu na Alemanha (então Prússia), em Potsdam, uma cidade que faz fronteira com Berlim, sendo o pai advogado e funcionário público. Estudou medicina em Berlim, Wurtzburgo e Viena e obteve a licença médica em 1858. Interessa-se por invertebrados marinhos e obtém o doutoramento em 1857 com um estudo sobre a histologia de lagostins de rio. Com apenas 28 anos, em 1862, é nomeado professor na Universidade de Jena, na Turíngia, na qual permanecerá toda a sua vida, embora transite da faculdade de Medicina para a de Filosofia por se centrar mais em estudos zoológicos que médicos. As primeiras viagens de Haeckel puseram-no em contacto com a biologia marinha e estabeleceram o seu amor aos organismos planctónicos; refira-se nomeadamente a viagem à ilha alemã de Helgoland, em 1854, como estudante, e, em 1859-1860, a Itália, no seguimento da qual descreve quase 150 espécies de radiolários (protozoários marinhos). Deste género de estudos nasceram várias monografias e, mais tarde, em 1904, dando renome à sua capacidade artística, uma coletânea das 100 melhores gravuras biológicas. Foi ele que identificou e classificou mais de 3500 espécies de Radiolários recolhidos pela expedição do Challenger, a primeira expedição oceanográfica mundial, que também passou pela Madeira. Haeckel foi o principal promotor e popularizador das ideias de Darwin na Alemanha, tendo lido a 1.ª edição traduzida da Origem das espécies poucos meses depois de aparecer. Já em 1866, antes da sua visita à Madeira e às Canárias, se avistou em Inglaterra com Charles Darwin. Viria a visitá-lo de novo em 1876. O pensamento de Darwin influenciou todo o seu trabalho posterior de estruturação do conhecimento biológico, sendo a sua Morfologia Geral a obra em que tentou aplicar os princípios evolutivos à diversidade morfológica dos organismos e que popularizou com o seu livro A História da Criação. Disto, nasceram as primeiras árvores filogenéticas e a disciplina da Ecologia, como ciência das relações dos organismos com o meio ambiente. A famosa e controversa teoria da recapitulação é outra das consequências desta linha de pensamento, a qual propõe que a ontogenia (neste caso o desenvolvimento embrionário) recapitula a filogenia (a relação evolutiva entre os organismos). Também se antecipou a Darwin na aplicação específica da teoria da evolução ao Homem, pois o capítulo 19 da sua História da Criação propunha que o Homem tinha origem em antepassados comuns ao ser humano e aos Hominídeos (ele usava o termo Pithecanthropi) ou grandes primatas (HAECKEL, 1868, 507). Estas ideias foram mais desenvolvidas no tratado Evolução do Homem, no qual descreve a ontogenia e a filogenia humana em maior detalhe. Em 1866, com apenas 32 anos, empreendeu uma viagem zoológica privada à Madeira e às Canárias, tendo passado antes pelo Reino Unido, onde esteve durante duas semanas e onde se encontrou pela primeira vez com Charles Darwin. Em Londres, juntou-se a um colega de Bona, Richard Greeff, que publicaria um relato da viagem e uma descrição da Natureza da Madeira e das Canárias. Ambos embarcaram para Lisboa, onde se juntaram aos estudantes assistentes Hermann Fol e Nikolai Miklucho. Devido a um surto de cólera, foram obrigados a permanecer em Lisboa em quarentena durante duas semanas, embarcando a 15 de novembro no Lusitania em direção à Madeira, com a intenção de aí permanecerem várias semanas a fim de estudarem a fauna pelágica e litoral. Haeckel comenta que a orografia madeirense era pouco propícia a uma colheita abundante de amostras, e Greeff explica as razões em detalhe: a Madeira tinha arribas íngremes, somente praias de calhau, e as escassas baías eram pouco recortadas e protegidas, pelo que a costa estava continuamente exposta à força da ondulação; esse facto dificultava a fixação de organismos na zona intertidal para amostragem direta. Acrescia que as profundidades elevadas encontradas não longe da costa também não permitiam o uso das pequenas redes de arrasto dos fundos que os investigadores tinham levado consigo. Mesmo a amostragem pelágica de organismos na coluna de água parecia muito dificultada devido a o mar estar quase sempre revolto. Foi assim que decidiram aproveitar a boleia que lhes foi proposta pela fragata de guerra prussiana Niobe, ancorada no Funchal, um veleiro escola que zarparia para as Canárias e Cabo Verde dois dias após a chegada do grupo expedicionário. Permaneceram na Madeira de 16 a 19 de novembro, aproveitando a tarde do dia 18 para uma excursão a Câmara de Lobos. Haeckel foi uma personagem polémica, sendo muitas das suas generalizações especulativas, embora incentivadoras de investigação posterior. No séc. XIX e inícios de XX, era tão conhecido como o próprio Darwin. No entanto, a sua versão e interpretação da teoria de evolução não coincidia completamente com a de Darwin, já que Haeckel defendia uma doutrina unitária da natureza (orgânico e inorgânico) sob as leis da teoria da evolução, o monismo, e mesmo ideias lamarckistas. Por outro lado, a sua classificação das raças humanas em termos de superioridade ou inferioridade de desenvolvimento e a sua defesa da eugenia e da eutanásia foram, no mínimo, polémicas, tendo sido posteriormente deturpadas pelos teóricos das ideias social-darwinistas nazis.   Obras de Ernst Haeckel: Die Radiolarien (Rhizopoda Radiaria): eine Monographie (1862); Generelle Morphologie der Organismen. Allgemeine Grundzüge der organischen Formen-Wissenschaft, mechanisch begründet durch die von Charles Darwin reformirte Descendenz-Theorie, 2 vols. (1866); “Eine zoologische Exkursion nach den canarischen Inseln” (1867); Natürliche Schöpfungsgeschichte: Gemeinverständliche wissenschaftliche Vorträge über die Entwicklungslehre ... über die Anwendung derselben auf den Ursprung des Menschen und andere damit zusammenhängende Grundfragen der Naturwissenschaft (1868); Anthropogenie oder Entwickelungsgeschichte des Menschen: gemeinverständliche wissenschaftliche Vorträge über die Grundzüge der menschlichen Keimes- und Stammes-Geschichte (1874); “Report on the Radiolaria Collected by H.M.S. Challenger during the Years 1873-76” (1887); “Report on the Siphonophorae Collected by H.M.S. Challenger during the Years 1873-1876” (1888); Kunstformen der Natur (1904).   Thomas Dellinger (atualizado a 20.12.2017)

Biologia Terrestre

susan harriet vernon harcourt

Lady Susan Harriet Vernon Harcourt nasceu em 1824 e recebeu o nome de Susan Harriet Holroyd. Era filha do 2.º conde de Sheffield (1802-1876) e casou-se, em agosto de 1849, com Edward William Vernon Harcourt (1825-1891). No ano anterior ao do seu casamento, lady Susan acompanhou o noivo à Madeira com sua mãe, a condessa de Sheffield. Edward já tinha estado na Madeira de outubro de 1847 a abril de 1848., e esteve com a noiva de novembro de 1848 a maio de 1849. Volta à Ilha depois do casamento, de novembro de 1849 a maio de 1850 e de novembro de 1850 a abril de 1851. Na família Harcourt parece ter sido tradição, entre os que apresentavam debilidades físicas, a passagem do inverno na Madeira, onde esteve o pai de Edward, Rev. William Vernom Harcourt, e, no inverno de 1847 para 1848, seu irmão William George Granville Venables Vernon Harcourt (1827-1904), depois ministro do Interior de um dos governos da rainha Vitória e uma das figuras políticas determinantes do seu tempo; mais tarde, o filho deste também frequentaria a Madeira (Turismo terapêutico). O álbum de lady Susan Harcourt Sketch of Madeira, editado em Londres, em 1851, por Thomas McLean, espelha a educação das classes abastadas da sua época, a que não escapava a autora e o marido, que edita na mesma data e pelo mesmo editor A Sketch of Madeira, Containing Information for the Traveller, or Invalid Visitor, dedicado à sogra, condessa de Sheffield. Edward também se interessava por ornitologia e daria à estampa as suas observações sobre as aves da Madeira, igualmente editadas em Londres, em 1855. Trocava, inclusivamente, correspondência com Charles Darwin; da qual se extraíram as informações sobre as suas deslocações à Madeira. O conjunto de litografias de lady Susan reúne 22 vistas da Madeira, litografadas pela própria ou pelo menos com a sua colaboração. Destas litografias 3 são em grande formato, demonstrando muito boa qualidade de desenho, com um traço suave, delicado e feminino, abarcando os grandes planos gerais e esboçando somente os pequenos detalhes. Desconhece-se o destino dos originais, bem como de posteriores trabalhos da autora, que terá passado a dedicar-se inteiramente à educação dos dois filhos. Morre aos 64 anos, em abril de 1894. A documentação da família encontra-se hoje integrada na Bodleian Library da Universidade de Oxford, onde, em conformidade com o que foi dito não constam os desenhos originais nem referência a trabalhos posteriores, que talvez se mantenham na posse da família. O conjunto editado do casal Harcourt enquadra-se no “grand tour” de educação das sociedades europeias abastadas, que olhavam para a Madeira como um destino no leque de possibilidades do turismo terapêutico. Ao mesmo tempo, este conjunto retrata uma nova posição e atitude da mulher ao longo do séc. XIX, que não só desenha em público, o que até então era quase impossível, como edita depois as suas obras, podendo, inclusivamente, trabalhar na sua passagem à litografia. Poucos anos antes, em 1845, também Jane Wallas Penford (1821-1884) editara os seus trabalhos em Londres, no conjunto Madeira Flowers, Fruits, and Ferns, este elaborado a partir de aguarelas feitas na sua propriedade da quinta da Achada – e não em público – e de litografias posteriormente aguareladas pela sua mão, também na sua quinta do Funchal. Edward Harcourt tece algumas considerações sobre os desenhos da sua então ainda noiva lady Susan, onde descreve a dificuldade em captar o cenário grandioso da paisagem madeirense, face à contínua mudança de luminosidade. Ao contrário da permanente neblina dos ambientes nórdicos, na Madeira a constância dos brilhos alterava-se constantemente pela simples passagem de uma nuvem. O autor conta ainda as dificuldades em que se via a pintora ao iniciar o seu trabalho, por ser de imediato rodeada de inúmeros observadores que, parecendo não ter mais nada para fazer, ali se mantinham inabaláveis durante horas a fio. Informa e alerta também os futuros leitores sobre a taxa imposta pela Alfândega do Funchal aos desenhos levados da Ilha, 6 xelins e 8 pences por libra de peso, o que considerava um verdadeiro exagero, mas que configura a consciência do interesse económico dos mesmos por parte das autoridades aduaneiras insulares.   Rui Carita (atualizado a 30.12.2017)

Artes e Design Madeira Global Sociedade e Comunicação Social

greef, richard

Médico e zoólogo, especializado na estrutura e reprodução dos seres unicelulares, particularmente dos rizópodes, Richard Greeff nasceu em Elberfeld, a 14 de março de 1829, e faleceu em Marburg, a 30 de agosto de 1892. Era filho de Peter Greef, fabricante em Elberfeld e em Nova Iorque, e de Sophie Greef. Casou-se com Maria Esch, nascida em 1806 e falecida em 1863. Estudou em Würzburg, Heidelberg e em Berlim, tendo concluído, em 1857, os estudos em Medicina. De seguida, trabalhou como médico assistente do Hospital Municipal de Danzig. Em 1859, voltou para Elberfeld, onde exerceu a função de médico de clínica geral. Pouco tempo depois, em 1863, abandonou a medicina e doutorou-se em Zoologia na Universidade de Bona, prosseguindo a sua carreira como professor. A partir de 1871, foi professor catedrático de Zoologia e de Anatomia Comparada, e diretor do Instituto Zoológico-Zootómico da Universidade de Marburgo. Enquanto investigador de Ciências Naturais, realizou diversas expedições desde 1866-1867, entre as quais se incluem as viagens pelas seguintes regiões: costa Adriática, África, Suíça, ilhas Canárias e Portugal. Greef esteve na Madeira por duas vezes. A primeira vez foi em 1866, chegando de Lisboa a bordo do vapor Lusitânia, integrado numa expedição científica com Ernst Haeckel (1834-1919) e outros companheiros. Após uma curta estadia, de 17 a 19 de novembro, instalado no Hotel de Paris, no Funchal, seguiu para as Canárias no Niobe, um navio de guerra prussiano. A segunda passagem pela Madeira foi em outubro de 1879, escalando o Funchal a bordo do navio português Zaire. Saliente-se que, a partir do séc. XVIII, numerosas expedições científicas escalaram o Funchal, atraídas pelo interesse que a Madeira despertava na comunidade científica europeia de então. O arquipélago madeirense tornou-se um destino exótico dos naturalistas europeus, nos sécs. XVIII-XIX, sobretudo após as publicações das viagens comandadas por James Cook (1728-1779), que passou pela Madeira por duas vezes, em 1768 e em 1772. Especialistas em diversas áreas das ciências naturais arrimaram o porto do Funchal e permaneceram na Ilha durante algum tempo, realizando investigações no domínio da geologia, botânica, flora e fauna. Os seus estudos foram depois divulgados em várias publicações e colocaram a Madeira na rota científica internacional. Richard Greeff também realizou, no âmbito das expedições científicas, na Ilha, investigações acerca de animais invertebrados. Greeff mencionou a sua primeira passagem pela Madeira no livro Reise nach den Canarischen Inseln (1868). Mais tarde, publica Madeira und die Canarischen Inseln em besonders Naturwissenschaftlicher Zoologischer Beziehung (1872), no qual refere aspetos zoológicos das ilhas da Madeira e das Canárias.   Obras de Richard Greef: Untersuchungen über den Bau und die Naturgeschichte von Echinorhynchus miliarius Zenker (E. polymorphus) (1864); Reise nach den Canarischen Inseln (1868); Madeira und die Canarischen Inseln em besonders Naturwissenschaftlicher Zoologischer Beziehung (1872); Ueber Pelagische Anneliden von der Küste der Canarischen Inseln (1879); Studien über Protozoen (1888).   Sílvia Gomes (atualizado a 13.12.2017)  

Biologia Terrestre Madeira Global

grabham, george walter

George Walter Grabham foi um cientista madeirense reconhecido internacionalmente. Nasceu na freguesia de Santa Luzia, no Funchal, a 28 de junho de 1882. Era filho do médico Michael Comport Grabham, autor de vários livros, entre os quais um sobre a Madeira, e de Mary Anne Blandy Grabham, que pertencia a uma família ligada à produção e exportação de uma reputada marca do vinho madeirense. Estudou Geologia no University College School e no Saint John’s University College de Cambridge. Trabalhou na Geological Survey of Great Britain, na Escócia (1903-1906), e foi para o Sudão anglo-egípcio como geólogo oficial (1906-1930). Tornou-se membro da Royal Society of Edinburgh e da Geographical Society e foi agraciado com a Ordem do Império Britânico. Colaborou no Geology of Edinburgh and East Lothian, com o artigo “The Geology of the Neighbourhood of Edinburgh” (1910), no The Geology of the Glasgow District, (1911), no The Journal of Geology, na Geological Magazine, com o artigo “The Geology of Knapdale, Jura, and North Kintyre” (1911), no The Geology of Ben Nevis and Glen Coe – Memoirs of the Geological Survey, Scotland (1916), e na revista Nature. Publicou o seu trabalho “Esboço da Formação Geológica da Madeira” no Boletim do Museu Municipal. O seu interesse pela botânica levou-o a estudar as árvores da serra da Encumeada, em S. Vicente, na ilha da Madeira, concluindo que a sua antiguidade excedia os cinco milhões de anos. Faleceu no Sudão, a 29 de janeiro de 1955, tendo merecido notícia nos obituários do Geographical Journal, publicado por The Royal Geographical Society (com o Institute of British Geographers), no Stanford, K. S. Obituary, Proceedings of the Geological Society e no Proceedings of the Geologists Association. Obras de George Walter Grabham: “The Geology of the Neighbourhood of Edinburgh” (1910); “The Geology of Knapdale, Jura, and North Kintyre” (1911); “Esboço da Formação Geológica da Madeira” (1948).   António Manuel de Andrade Moniz (atualizado a 13.12.2017)

Biologia Terrestre Geologia

hearne, thomas

O gravador inglês Thomas Hearne nasceu em Marshfield, Gloucestershire, a 22 de setembro de 1744, tendo iniciado a sua atividade como ajudante de gravador em 1765, sob a orientação de William Woollett (1735-1785), que se tornaria, mais tarde, secretário da Incorporated Society of Artists. Nos primeiros meses de 1771, aceitou trabalhar com sir George Howland Beaumont (1753-1827), depois 7.º barão de Beaumont, pintor amador que esteve na base da fundação da National Gallery de Londres. Teria sido na sequência desse trabalho de seis semanas em Suffolk, onde desenharam paisagens e edificações, e aonde voltaria depois, que foi convidado a servir, como gravador e pintor, o governador das Antilhas, Ralph Payne (1739-1807), cuja armada passou pela Madeira pelos finais de 1771, altura em que executou os desenhos preparatórios da grande panorâmica da cidade do Funchal, senão mesmo todo o trabalho. A partir dos meados do séc. XVIII, os governadores ultramarinos, não só os britânicos, mas também os portugueses, começaram a fazer-se acompanhar por engenheiros militares e também por pintores-gravadores, cuja função era desenhar os principais portos e edifícios desses domínios, além da criação de representações de paisagens e de costumes (Descrições militares). Estes elementos eram imprescindíveis para apoiar as decisões dos governadores e para informar as instâncias superiores das propostas daqueles. Ao mesmo tempo, deveriam ilustrar os arquivos dos governadores, promovendo depois a sua ação governativa, o que a morte prematura de Payne não veio a permitir. Muito provavelmente, um dos pressupostos dos trabalhos que este gravador e aguarelista inglês executou ao longo da sua viagem às Antilhas era também o de virem a ser passados a gravura em Londres. Vista geral do Funchal Thomas Hearne terminaria a sua comissão de serviço com o governador Ralph Payne em 1775, altura em que regressa a Inglaterra e termina os trabalhos efetuados nas Antilhas: cerca de 20 grandes aguarelas semelhantes à do Funchal, as quais vieram a ser leiloadas em 1810 por lady Lavington, após a morte de Ralph Payne, então barão de Lavington, no ano de 1807, em Antigua, onde estava como governador pela segunda vez. Desconhece-se, entretanto, como foi que a grande panorâmica de 2 metros veio a integrar a coleção da câmara municipal do Funchal. Aquela permanecera no Museu Municipal até 1986 e, nesta altura, passou a integrar o acervo do Museu da Cidade – embora somente mais tarde viesse a ser identificada, pela legenda no verso (que apresenta a data de 1772), com a qual deverá ter sido vendida em Londres. Sé do Funchal   Nau-almirante A grande panorâmica da ilha da Madeira e da cidade do Funchal, feita a partir da nau-almirante, ancorada ao largo da cidade, é um dos melhores trabalhos do género – depois designado por “desenho topográfico” – alguma vez executados sobre a Ilha. A cidade foi meticulosamente desenhada, edifício a edifício, naqueles últimos meses de 1771, e deu origem a um registo único, com o qual nada criado até então pode ser comparado, embora nas décadas seguintes alguns engenheiros militares, para acompanharem as suas plantas da Madeira, tenham ensaiado trabalhos semelhantes; é o caso da “Geo Hydrographic Survey of the Isle of Madeira, with Dezertas and Porto Santo Islands. Taken in the Year 1788”, de William Johnston, uma representação editada em Londres, no ando de 1791 (Cartografia), e da “Geo-Hydrographic Survey”, editada em 1841 e para a qual trabalhou António Pedro de Azevedo (1812-1889), que quase parece copiar a vista de Thomas Hearne, mas sem a qualidade deste. Entre outros pormenores, por exemplo, aquele trabalho de Thomas Hearne apresenta a única representação conhecida da igreja matriz de N.ª S.ra do Calhau, perdida na aluvião de 9 de outubro de 1803. Trata-se assim de um documento imprescindível para o estudo da arquitetura e do urbanismo do Funchal até ao séc. XIX. Forte de São Filipe e Nossa Senhora do Calhau Thomas Herne haveria de se distinguir entre os melhores artistas topográficos do seu tempo, dedicando-se ao desenho da arquitetura, nomeadamente de ruínas e de edifícios antigos, na abertura do romantismo, e do culto dos revivalismos, e também seria um dos pioneiros da escola de aguarelistas britânicos que floresceria no século seguinte. A pedido de nobres e proprietários, elaboraria inúmeros desenhos de antigas mansões, de castelos e de outros edifícios, tendo alguns sido aproveitados para reconstruções revivalistas, ao gosto dessa época. Viria a falecer na sua residência em Macclesfield Street, Soho, Londres, a 13 de abril de 1817, e foi enterrado em Bushey, Hertfordshire.   Rui Carita (atualizado a 30.12.2017)

Artes e Design