gaula
Para além do comércio, os Adelos contribuíam na divulgação das notícias em toda a ilha. Da serra tirava-se a madeira embarcada no cais velho do Porto Novo com destino ao porto santo, no vale onde se digladiaram os liberais e miguelistas no século XIX, observados por quem se encontrava no forte situado na colina Oeste. À serra os hireus foram buscar a água, força motriz dos moinhos, como o de Manuel Tavares, em excelente estado de conservação. A água irriga ainda o Lavadouro Público desenhado por Chorão Ramalho, ao lado da Ponte Velha, com chão em seixos caracteristicamente madeirenses pisado por quem atravessava a ilha através dos Caminhos Reais, que a república preferiu chamar Municipais. De Ramalho são também os postos de transformação de electricidade que marcam a paisagem da ilha. Gaula será ainda a única terra cujo nome tem origem num romance de cavalaria, o “Amadis de Gaula” e, segundo consta, os primeiros batizados na freguesia receberam o nome de personagens desse romance.
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Moinho de Manuel Tavares[/caption]
Moinho de Manuel Tavares
Face à abundância de água, aproveitou-se este elemento para servir de força motriz à moagem da farinha. Constituído por dois pisos, este moinho é um dos que se encontram em melhor estado de conservação. Aqui ainda se moí o milho e o trigo para a feitura do pão, bolo do caco ou o típico bolo de milho cozido na folha de couve. Construído em 1850 por Manuel Tavares, a pedra de moagem deste moinho é uma das mais espectaculares da localidade. Caminhando ao longo da levada, ao som forte da água, encontramos diversos moinhos.
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Fontanário[/caption]
Fontanário
O primeiro fontanário da freguesia foi construído, cerca de 1930, pelo Pe. João Jorge Bettencourt. Em 1940, o Estado construiu outros três fontanários (da Fonte do Lopo, do Caminho da Torre e de São João). A rede de fontanários públicos ficaria concluída em 1975, com a construção de mais três fontanários, um na Levadinha do Pico, um no Pico Norte e outro na Terra Velha. Na maior parte dos casos os motivos decorativos invocam temas religiosos locais, caso da Nossa Senhora da Luz.
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Lavadouro Público[/caption]
Lavadouro Público
Até 1970 as roupas eram lavadas nestes espaços públicos. Estes lavadouros, em particular, foram construídos nos anos de 1930. Perderam a sua relevância quando a partir da década de 1970 foi construída a rede pública de água potável. Para além da função utilitária, os lavadouros constituíram espaços de reforço identitário da comunidade. Acresce o facto do seu desenho ser da autoria do conhecido arquitecto português Chorão Ramalho. Aqui pode observar ainda dois exemplos dos muros aparelhados, tão característicos da Madeira, em excelente estado de conservação.
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Solar São João Latrão[/caption]
Solar e capela de São João Latrão
Um grande e belo edifício do século XVIII, constituído por quatro corpos de quatro águas cada, cobertos de telha romana construído em substituição das antigas pousadas do morgado, uma simples casa coberta de telha. Construído por fases ao longo das diversas administrações do morgadio foi, entretanto, perdendo o seu esplendor quando entrou em estado de degradação até que, em 1949, foi alvo de obras de restauro e da construção da actual capela São João Latrão.
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Igreja Nossa Senhora da Luz[/caption]
Igreja matriz de Nossa Senhora da Luz
No lugar da actual igreja da paróquia de Gaula existiu a primitiva igreja de Santa Maria da Luz, conhecida a partir de 13 de Setembro de 1509. Seria reconstruída e ampliada de 1714 a 1748, durante o reinado de D. João V que lhe ofereceu “o sino grande” de 177 quilos. Um incêndio, ocorrido na madrugada de 20 de Setembro de 1964, destruiu-a quase totalmente. Em seu lugar, foi construído o actual templo.
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Fortim do Porto Novo[/caption]
Fortim do Porto Novo
No ano de 1828 este pequeno forte foi palco de uma duríssima batalha na guerra civil portuguesa, a qual opôs as tropas liberais de D. Pedro e as tropas absolutista de D. Miguel. O acesso faz-se através do Caminho Velho da Tendeira.
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Porto Novo e cais Velho do Porto[/caption]
Porto Novo e cais Velho do Porto
Esta praia de calhau com águas a convidar a um banho de mar é por dois motivos um local com importância histórica. Daqui partiam os falueiros carregados de lenha em direcção ao porto santo e também as fragatas para a Deserta Grande e Bugio de onde regressavam carregadas de lapas, bodião seco e molhos de luzerna para exportação. Por outro lado, em 1828 foi palco de uma dura batalha na guerra civil portuguesa entre as tropas de D. Pedro (Liberais) e as de D. Miguel (absolutistas).
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grupo de folclore da casa do povo de gaula
Instalado na Casa do Povo de Gaula, esta colectividade cultural é um dos principais embaixadores da freguesia. Com o objectivo de promover a Cultura da terra, através das danças, cantares e trajes, o grupo conta no seu reportório canções como a conhecida “Chama-Rita”, o “Cantar dos Reis” e “Bailinho das Romarias”.
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Fábrica de Resina[/caption]
Fábrica de Resina
Exemplo em estado ruinoso de uma pequena unidade de produção de resina, com a qual se produziam tintas e Aguarrás. Durante largos anos, desde os tempos da ocupação primeva do território, que a serra foi um dos recursos económicos principais da localidade, onde ia a população buscar a lenha, entre outros produtos, como a resina, os quais eram comercializados para outras localidades da Madeira.
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Ponte[/caption]
Ponte
Esta ponte em arco, construída em pedra aparelhada é um “troço” dos caminhos reais (antiga estrutura viária) da zona leste da ilha. Ostenta a característica calçada madeirense, feita em basalto, cortado numa forma que é popularmente conhecida como “pedra navalheira”. O nome advém do facto da pedra numa das faces ser cortada em forma de navalha para encaixe na terra e outra na forma plana, que virada para cima é pisada. Um resquício dos antigos caminhos da ilha, percorridos a pé por pessoas, animais e mercadorias.
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Igreja Nª Srª da Graça[/caption]
Igreja de Nossa Senhora da Graça
Uma das duas paróquias da freguesia de Gaula, denominada Achada de Gaula, encontra sede nesta igreja construída já no século XX. Tem por padroeira Nossa Senhora da Graça. Das festividades que aqui ocorrem destaque-se a Festa em honra da sua padroeira, realizada no primeiro fim-de-semana depois de 15 de Agosto. Em Janeiro realiza-se, desde há relativamente pouco tempo, a Festa de Santo Antão, padroeiro dos animais.
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Postos de transformação Chorão Ramalho[/caption]
Postos de transformação Chorão Ramalho
Construídos entre 1946 e 1970, da autoria do célebre arquitecto Raúl Chorão Ramalho, estes postos de reforço de electricidade, com a mesma arquitectura pontuam a ilha, tornando-se um registo típico da paisagem humanizada da Madeira criada no século XX. A forma paralelepipédica com as fachadas cegas, à excepção do alçado principal, tem a aplicação da sempre presente pedra basáltica, revelando a preocupação do arquitecto em integra-lo na tradição arquitectónica do arquipélago.
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Textos © César Rodrigues
Fotos © Rui A. Camacho