conto de tradição oral
A narração oral sempre foi uma atividade praticada desde tempos imemoriais no seio das comunidades humanas. Social por natureza, o Homem necessita de comunicar sentimentos, experiências vividas, histórias ouvidas a outros homens, contribuindo assim para a consolidação e difusão de aspetos culturais particulares que se propagam, através de inúmeros recontos, no espaço e no tempo. Consolidadas em géneros (contos, baladas, épicos, lendas) as várias narrativas tradicionais vão ganhando voz e diversidade na boca dos múltiplos narradores, que as memorizam e adaptam ao seu modo de narrar, constituindo assim repertórios que se abrem aos ouvidos das audiências, quais livros em comunidades iletradas. Estas narrativas, Património coletivo acumulado através dos séculos e das quais se perdeu a autoria, vivem assim na memória de quem as resgata ao caldeirão da tradição que os mais velhos preservam e transmitem às gerações mais novas. A este processo chamamos tradição oral.
Um dos géneros que, dentro desta tradição, mais se universalizou foi o conto. Tomando como ponto de referência a Europa onde vivemos, poderemos dizer que os seus contos de tradição oral pertencem à grande área cultural que vai da Índia à Irlanda e da África do norte à Lapónia. Quiseram os acasos da história que fossem alguns destes povos ocidentais aqueles que nos últimos séculos sulcassem os mares e calcorreassem as terras de outros continentes, levando ao mundo, hoje globalizado, os seus hábitos e costumes, entre os quais o de ouvir e contar contos. Estes povos migrantes, nas suas viagens ou Diáspora contribuíram assim sobremaneira para que hoje possamos encontrar bem longe do continente euro-asiático alguns dos espécimes de contos que supúnhamos serem só nossos. De facto, o conto de tradição oral é como um ser vivo que sobrevive, apesar de tudo, saltando as barreiras linguísticas e as características culturais diferenciadas dos múltiplos povos que os adoptam e adaptam. Esta circulação e respetivas reformulações através dos múltiplos recontos, contribui para “apurar” os contos, reduzindo-os a uma economia narrativa ímpar que se agrupa em torno de estruturas temático-narrativas estáveis a que chamamos contos-tipo. Um tipo de conto é assim uma narrativa específica e fácil de identificar por quem está “por dentro” da tradição, apesar das variações que essa narrativa sofre ao passar de boca-em-boca. Poderemos dizer que se verifica um certo caráter “darwiniano” na tradição oral, que se encarrega de eliminar as “variantes” que se afastam demasiado do “tipo” modelar. O velho rifão “quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto” adquire assim uma significação particular, uma vez que se o contador acrescentar da sua lavra um “ponto” ao lado da tradição, o mesmo conto terá tendência para não se enraizar na memória dos ouvintes e portanto não terá descendência em novos recontos. Claro que estamos falando da tradição oral pura, a qual circula fundamentalmente em comunidades rurais maioritariamente iletradas, sem interferência da literatura escrita.
Atualmente, em contexto urbano e com a fixação dessa literatura oral em versões escritas, a tradição adquire uma outra dinâmica. A tendência é para a circulação de “arquétipos” a que chamaremos “vulgatas” que irão reduzir muito a diversidade dos contos, quer sejam versões de um mesmo tipo, quer sejam contos diferentes. Assim, nas sociedades onde o prestígio do livro se sobrepõe ao da narrativa oral, haverá tendência para se cortar os laços com a tradição que os nossos antepassados foram transportando através dos tempos até esta chegar aos nossos dias. Num tal contexto sociocultural, é urgente fazer a reconversão do oral ao escrito, salvaguardando para a posterioridade o maior número de traços dessa mesma oralidade bem como toda a diversidade que ainda for possível resgatar ao esquecimento, nas memórias dos anciãos que ainda mantenham vivas essas narrativas tradicionais.
A primeira fonte escrita que contempla um conto-tipo da tradição oral provinda da Madeira surge no séc. XVI na obra do poeta cego Baltasar Dias com o título História da Imperatriz Porcina. Esta “história” foi bastas vezes republicada, em folhetos de cordel, ao longo dos séculos seguintes. Sabe-se que a sua difusão, principalmente no Brasil, foi enorme. Esta narrativa pertence ao tipo ATU 712 Crescentia.
Foi, no entanto, o Romantismo europeu que foi responsável pela primeira vaga de recolhas da tradição oral nas várias nações que compõem o continente. Este interesse pela tradição popular surgiu ao serviço dos vários nacionalismos que pretendiam reforçar as identidades e foi mediada pela pena de escritores eruditos que refaziam, modificando-a, a linguagem “rude” do “povo”. E não só a modificavam como, respaldando-se neste “autor colectivo”, omitiam voluntariamente a identificação das fontes orais, isto é, os informantes dos contos na sua individualidade, idiossincrasias culturais e histórico-geográficas. Um outro processo utilizado por estes eruditos para “fixarem” os seus textos era o de usarem várias versões de um mesmo conto-tipo para então o reescreverem “o mais completo possível”, destruindo assim a multiplicidade original, deixando assim no papel uma versão que nunca circulou na tradição. Apesar de, observados hoje, estes métodos sejam muito pouco abonatórios do resgate de uma tradição oral, estas primeiras coletâneas possuem o mérito do seu pioneirismo, lançando as sementes para que, futuramente, outros eruditos munidos de ferramentas conceptuais mais adequadas, trilhassem novos caminhos, mais fiéis a esta forma específica de literatura. Em Portugal, Almeida Garrett foi pioneiro na publicação das primeiras obras com espécimes provindos da tradição oral. No seu caso, interessou-se pelo Romanceiro, género também narrativo, mas com a particularidade de ser em verso e existir numa tradição antiga que remontava à Idade Média peninsular. Este filão do romanceiro foi o que mais atraiu a atenção dos eruditos que se interessaram, ao longo do séc. XIX, pela tradição oral. O interesse pelos contos só surgiu no último quartel daquele século em obras de escritores que comungavam da ideologia e métodos positivistas, nomeadamente Adolfo Coelho (1879), Consiglieri Pedroso (1882) e Teófilo Braga (1883).
Na Madeira, a primeira obra que há a relevar é o Romanceiro do Archipelago da Madeira, com autoria de Álvaro Rodrigues de Azevedo, que o fez publicar em 1880 no Funchal. Como podemos verificar, é fruto da mesma época que deu à estampa as coletâneas de contos dos autores supramencionados. No entanto, as suas 513 páginas reúnem, para além dos Romances prometidos no título, outros géneros da tradição oral madeirense: casos reais, lengalengas, parlendas e contos. Para o que nos interessa aqui, convém dizer que estes “contos” sofreram de tal forma o “contágio” da forma romancística, que foram reescritos em verso, desvirtuando assim uma das principais característica dos contos que é a de serem contados em prosa. Os catorze contos classificáveis da coletânea, apesar de não corresponderem à forma consignada pela tradição, mantiveram os conteúdos correspondentes aos tipos de que fazem parte, pelo que, devido ao facto de constituíram uma recolha pioneira, têm muito interesse no panorama da região da Madeira. Apesar das versões apresentadas serem poucas em número, o mesmo não se pode dizer da sua diversidade, uma vez que há exemplos de vários subgéneros e até mais de uma versão de um mesmo conto-tipo. Assim, encontramos contos maravilhosos, novelescos, jocosos e formulísticos, tendo o autor arrumado alguns dos últimos na secção das lengalengas. Não existem, no entanto, Contos de Animais e mais estranhamente ainda Contos Religiosos, já que as características de ilha dão à Madeira um caráter conservador das suas tradições, entre as quais se contam uma profunda religiosidade católica.
O segundo período de publicações de contos tradicionais madeirenses surge com um hiato de quatro décadas, nos anos 40 do séc. XX. São contos “avulsos” que aparecem no meio de outros géneros, porventura mais acarinhados. Assim a primeira ocorrência acontece em 1942, na obra de Carlos M. Santos, Trovas e Bailados da Ilha – Estudo do Folclore Musical da Madeira, publicado também no Funchal. Trata-se de uma edição da Delegação de turismo da Madeira, na qual se vislumbra porventura a influência das diretivas da “política do espírito” de António Ferro à cabeça do Secretariado de Propaganda Nacional, que, em plena vigência do Estado Novo, pretendia “folclorizar” as várias regiões de Portugal atribuindo-lhes tipicidades regionalistas. Como se depreende pelo título do livro, o assunto em estudo são as composições de caráter lírico associadas ao canto e à dança. No meio destas, porém, encontra-se uma versão d’A Formiga e a Neve conto formulístico conhecidíssimo em todo o território português. No ano seguinte, encontramos publicado no n.º 38 da Revista Lusitana – publicação periódica de grande prestígio criada por Leite de Vasconcelos – um artigo de Eduardo Antonino Pestana, “Folk-lore madeirense. Livro primeiro: textos religiosos”, onde figura o conto, “Versos de S. Cristóvão”, misto de conto religioso e formulístico que também se pode considerar como sendo uma oração tradicional. Este artigo foi, posteriormente, publicado em livro pelo autor. De notar que é o primeiro conto religioso madeirense que se publica.
Um outro filão do conto de tradição oral madeirense é aquele encontrado junto dos emigrantes madeirenses radicados nas Américas. A primeira ocorrência, encontramo-la em 1951, no n.º 144 da Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, Brasil, fazendo parte da coletânea “142 Histórias Brasileiras” que um sacerdote católico, sob o pseudónimo de Aluísio de Almeida, recolheu no interior daquele estado brasileiro (em Sorocaba). O coletor tem o cuidado de indicar que dez dos contos recolhidos foram contados por um homem que nasceu na Madeira (Luís Maria Ferreira), explicitando que os contos narrados foram ouvidos pelo informante quando criança, naquela ilha, da boca de “uma tia velha”.
O autor também escreve que estes contos foram difundidos por este homem por uma vasta área do estado de São Paulo. Esta preocupação com a origem e transmissão dos contos de tradição oral, combinada a uma transcrição fiel dos mesmos encontra-se nos antípodas das práticas que então eram praticadas em Portugal. Os contos aqui publicados pertencem aos subgéneros dos contos maravilhosos, religiosos e novelescos. Outro autor que recolheu contos da Diáspora madeirense foi Manuel da Costa Fontes, desta feita junto de emigrantes radicados nos Estados Unidos e Canadá, presentes respetivamente em Folktales from california, a sua tese de doutoramento de 1975 e Folktales in North America: Canada, que se encontra inédita. Os contos contidos nestas duas coleções pertencem já a uma outra ordem de recolha, transcrição e fixação de textos de tradição oral. Em primeiro lugar todas as versões foram gravadas em fita magnética, preservando assim todas as características da narrativa oral. Em seguida, a sua transcrição reproduz palavra a palavra as gravações. Por último, há o cuidado de registrar os nomes, idades, profissões, naturalidade, etc. dos informantes, atribuindo a cada um o respetivo conto narrado. Pode-se assim encontrar marcas do momento, como interrupções ou perguntas de esclarecimento do coletor, e também elementos que denotam uma certa aculturação destas pessoas como o uso de palavras em inglês. Na recolha feita na Califórnia, vamos encontrar nove contos repartidos por todos os subgéneros do conto, o que é um facto não despiciendo, principalmente se tivermos em atenção o reduzido número de versões. Para além dos habituais subgéneros, encontramos agora também contos de animais, do gigante estúpido e jocosos. Estes últimos, muito próximos das anedotas, sempre foram sonegados das colectâneas mais antigas, muitas das vezes censurados devido às suas temáticas de cariz anticlerical, sexual ou escatológico. As recolhas na atualidade mostram, contudo, que os contos jocosos são talvez o subgénero contístico com maior vitalidade na tradição oral. Na recolha provinda do Canadá, só se encontram três contos de informantes madeirenses, todos eles pertencentes aos contos jocosos.
[caption id="attachment_2894" align="alignleft" width="173"] Pe. Alfredo Vieira de Freitas[/caption]Voltando a abordar as recolhas feitas por madeirenses em sua própria terra, encontramos, na segunda metade do séc. XX, principalmente dois autores: o Pe. Alfredo Vieira de Freitas e Ernesto Gonçalves, ambos publicando as suas recolhas de contos na publicação periódica Das Artes e da História da Madeira. No caso do Pe. Alfredo de Freitas, ainda vamos encontrar mais dois livros seus com contos tradicionais madeirenses. O primeiro é Era uma Vez... na Madeira (Lendas, Contos e tradições da Nossa Terra), de 1984, e o segundo Continhos Populares Madeirenses, de 1996, ambos publicados no Funchal. Comecemos por abordar brevemente os contos publicados por Ernesto Gonçalves. Os contos mais curiosos, e talvez aqueles que mais se poderão considerar “ecotipos”, são os publicados em 1969, no n.º 39 da acima referida revista, num artigo com o título de “Histórias de Bisbis: dois diálogos e algumas cantigas da tradição oral do povo madeirense”. Descartando as cantigas, as três versões das “histórias de bisbis”, todas pertencentes ao mesmo tipo (ATU 132 O pássaro gabarolas), são pérolas da tradição que mostram como a sensibilidade das populações utiliza materiais da paisagem natural local, adaptando-a a uma tradição oral de cunho internacional (de acordo com o catálogo internacional ATU, este conto é conhecido praticamente em toda a Europa e também na América Latina de fala espanhola). No entanto, só em Portugal é que o personagem principal é um pássaro, sendo que as versões da Madeira usam a figura do bisbis.
Os outros contos publicados por este autor aparecem em 1970 no n.º 40 da mesma revista num artigo de nome “Quatro contos, um romance e algumas cantigas da tradição oral do povo madeirense”, dois deles pertencendo aos contos maravilhosos e os outros dois aos religiosos.
A figura do Pe. Alfredo Vieira de Freitas merece um tratamento mais pormenorizado, visto que talvez seja – para o melhor e para o pior – o autor que apresenta o maior número de contos publicados, os quais cobrem todos dos subgéneros do conto de tradição oral. Comecemos pelos três contos que constituem a primeira safra aparecida já em 1955 no n.º 21 da revista Das Artes e da História da Madeira, sendo republicados, em 1984, em Era uma Vez... na Madeira (Lendas, Contos e tradições da Nossa Terra). Trata-se de um conto religioso, um jocoso e outro formulístico. Contudo, a sua obra maior é Continhos Populares Madeirenses, de 1996, publicada no Funchal. Nas exíguas 142 páginas, este autor dá à estampa cinquenta e quatro contos, todos eles de fonte tradicional mas redigidos de forma a eliminar regionalismos e contendo, no final de cada um, uma frase que sublinha um preceito moral retirado da respetiva narrativa (cf. Caldeira 2002). Esta faceta é porventura a menos tradicional, uma vez que os contos tradicionais não explicitam moralidades, ao contrário, por exemplo, das fábulas de tradição escrita.
Verifica-se, portanto, uma interferência do coletor na tradição, porventura querendo, na sua condição de padre com uma missão pastoral a desempenhar, usar esta via para fazer chegar a sua mensagem junto daqueles que se revêem na tradição oral, ou seja, as classes populares. No início da obra, o seu autor dá-nos a dimensão do seu empenho na recolha destes contos. Diz ele que “há pelo menos meio século que ando a recolher «coisas e loisas» do nosso rico folclore madeirense: – lendas e quadras populares, rimances, xácaras, solaus, rezas, cantigas religiosas, tudo quanto tem andado na alma do nosso povo…” (Freitas, 1996: 13). Mais à frente refere, descrevendo os critérios usados na fixação dos textos, que “a redacção destes continhos, que é simples, é do povo madeirense, é dos meus antigos alunos e é também minha. Nós é que lhe demos forma: – não será fácil dizer-se o que é de um e o que é de outro…” (idem, ibidem: 13). Por último, foca-se sumariamente na transmissão oral destes contos ao escrever que “são continhos que ouvimos às nossas avozinhas ou aos nossos vizinhos e companheiros, a pessoas adultas e que vêm correndo de geração em geração…” (idem, ibidem: 13). Apesar de mostrar que esta coleção de contos provém de trabalho de campo de longa duração e que, portanto, tem informantes bem reais, o autor prefere omitir a identificação destas pessoas, notando no final de cada versão apenas o local de recolha das mesmas. Mesmo assim, órfãos e vestidos com certa roupagem erudita, estes contos, como já se disse atrás, constituem uma coleção representativa do conto oral tradicional na Madeira, e para além disso, deixa-nos contos-tipo raros no panorama português. Para não me alargar muito apenas referirei dois exemplos. A primeira é “A esperteza do rato” (Freitas 1996: 59), que pertence ao tipo ATU 111A* A promessa de um bêbado (ver abaixo, exemplo 2). Trata-se de um conto quase exclusivo das Ilhas Britânicas, o que nos leva a pensar se a histórica e constante presença inglesa na Madeira não será a responsável por esta assimilação. Para além desta versão, só se conhece mais uma recolhida em Lisboa. O segundo exemplo é “Rude mas esperto” (Freitas, 1996: 65-66), versão que se mantém até agora única em Portugal, enquadrada no tipo ATU 927D A escolha do enforcado. Ambas as versões foram recolhidas em Machico.
Neste período, cabe também referir dois contos extraídos da tese de licenciatura em filologia de João da Cruz nunes, Os falares da Calheta, defendida na Faculdade de Letras de Lisboa em 1965. Estes foram recuperados e publicados em 1984-1986 por Alda e Paulo Soromenho na coletânea Contos Populares Portugueses (Inéditos). Dado o caráter linguístico deste trabalho académico, as versões procuram reproduzir o dialeto falado pelos narradores, não sendo, porém, indicados os seus nomes.
A última fase de recolhas e publicações de contos da tradição oral madeirense, situa-se já no presente século. Há a assinalar duas tendências distintas. A primeira é da responsabilidade de João David Pinto Correia, professor da já referida Faculdade de Letras de Lisboa, que em boa hora contribuiu com orientação de três alunas que fizeram recolhas na Madeira: Maria do Céu Ponte, em 2002, recolheu dez versões em Paul do Mar, Calheta; Edite Fidalgo, em 2005, recolheu quatro versões em São Jorge, santana; por último, Cláudia Sofia Silva publicou, em 2009, um único conto na coletânea tradição Oral de santana. As recolhas das duas primeiras alunas não foram publicadas em livro, mas encontram-se disponíveis na base de dados online ADLOT do Centro de tradições Populares Portuguesas da FLUL, assim como no seu arquivo em fichas de papel. As recolhas, transcrições e dados referentes aos informantes são, como se poderia esperar, do mais alto calibre científico (ver abaixo, exemplo 4). Adstrita a esta tendência, mas de forma autónoma, há que referir também o labor de recolha na literatura oral madeirense efetuado pela revista Xarabanda, que, em 2004, publica um conto maravilhoso (ATU 471): “A viúva e os seus três filhos”, escrito por Conceição Gouveia com base na recitação ouvida da boca de Teresa do Espírito Santo Freitas, por volta de 1955/56, no sítio do Livramento (Caniço, Santa Cruz).
A outra tendência, mais do âmbito da divulgação a um público mais vasto, está presente na última publicação que temos notícia, a obra de José Viale Moutinho, Contos Populares das Ilhas da Madeira e do porto santo, publicada no Funchal em 2011. Não traz novidades para o panorama das recolhas, uma vez que se trata de reescritas de contos já publicados, nomeadamente em Freitas 1996. Neste caso, trata-se de recontos de autor, e portanto não devem ser considerados tradicionais, pese embora o caráter lúdico dos mesmos.
O arquipélago da Madeira conta até agora com 90 contos-tipo, parcela deveras pequena se a compararmos ao universo dos contos portugueses, que possui 1013 contos-tipo. A sua divisão por subgéneros faz-se da seguinte forma: contos de animais – 7 tipos; contos maravilhosos – 21 tipos; contos religiosos – 7 tipos; contos novelescos – 14 tipos; contos do Gigante estúpido – 8 tipos; contos jocosos – 28 tipos; contos formulísticos – 5 tipos. A maioria dos tipos possui apenas uma ou duas versões. As excepções encontram-se no ATU 132 O pássaro gabarolas, com quatro versões; ATU 408 As três cidras do amor, com cinco versões; ATU 480 A boa menina e a má menina, com seis versões (ver abaixo, exemplo 4); ATU 545B O Gato das Botas, com três versões; ATU 707 Os meninos com estrelinha na testa, com três versões; ATU 830B O semeador descortês, com três versões; e ATU 1000 Ganha quem não se zangar, com três versões. A partir desta estatística apressada se depreende que a preferência das recolhas / edição de contos tradicionais madeirenses privilegiaram os contos maravilhosos (vinte e um tipos dos quais quatro com mais de duas versões). Com tão pouca informação disponível é impossível afirmar que sejam estes os tipos mais contados no arquipélago. No entanto esta contagem dá-nos uma ideia dos interesses de quem publicou contos tradicionais até agora, verificando-se que os contos complexos (maravilhosos e novelescos) são os eleitos. Mas se tomarmos em linha de conta que os contos jocosos são aqueles com maior número de tipos (embora só com uma ou duas versões por tipo), e que esses contos se encontram sobretudo em recolhas recentes, poderemos afirmar que a tradição oral na Madeira se encontra viva. Damos, de seguida, uma listagem de tipos partindo da sua distribuição geográfica por concelhos.
Calheta (25) 225; 408; 480; 592; 780; 780B; 882*C (Robe); 891B*; 923; 950; 956D; 974; 1000; 1003; 1004; 1115; 1424; 1450; 1457; 1528; 1536A; 1563; 1697; 1740B; 1829B* (AT)
Câmara de Lobos (13) *122F (Marz.); 302; 400; 503; 545B; 592; 1000; 1007; 1029; 1085; 1373A; 1525H1 (AT); 2030A (AT)
Funchal (3) 132; 1641B; 1654
Machico (9) 111A*; 480; 510A; 563; 804; 927D; 1535; 1539; 1641
Ponto do Sol (5) 92; 327A; 330; 754; 2023
porto moniz (3) 715; 945A*; 952
porto santo (4) 106; 514**; 870; 875
Ribeira Brava (6) 313A (AT); 804; 830B; 1642; 1697; 1698G
Santa Cruz (4) 402; 471; 780B; 954
santana (12) 112; 132; 222; 302; 303; 408; 480; 700; 921B*; 922; 1735; 1861A
São Cruz (14) *122F (Marz.); 132; 155; 330, 707; 754; 817*; 830B; 1000; 1007; 1011; 1354; 1535; 1539
MADEIRA, sem indicação de município (11) 408; 480; 510A; 707; 889; 1409*D (Car-Co); 1419H; 1920C; 2023; 2031; 2034C
Deixando de lado os onze tipos sem localização precisa, os quais provêm das coletâneas anteriores ao séc. XX, verificamos que todos os concelhos do arquipélago estão representados e que a Calheta, São Vicente, câmara de lobos e santana são aqueles com maior número de recolhas, ao passo que o Funchal, porto moniz, Santa Cruz e porto santo são os que menos contos apresentam. Esta repartição desigual dos contos ao longo do território pode ter muito a ver com o acaso que levou os coletores a recolherem contos aqui-e-não-ali, por razões banais como por exemplo a oportunidade ou a comodidade. No entanto, há que equacionar também o problema em termos de regiões mais cosmopolitas (onde a tradição se encontra menos visível) e as regiões rurais, as quais são mais conservadoras por natureza, e portanto mais propícias à existência de uma tradição oral ainda pujante.
As zonas mais inacessíveis como regiões de montanha e ilhas são aquelas onde mais facilmente se preservam as tradições culturais das suas populações, devido, em parte, à fraca circulação de pessoas e ideias novas que levam consequentemente a um baixo nível de aculturação. Aparte estas razões de caráter sociogeográfico, outras, de pendor histórico como o analfabetismo que grassava nas classes mais desfavorecidas ou a prevalência de um país rural e com pouco acesso aos meios de comunicação social, mantiveram, até há pouco tempo, Portugal como um dos poucos países da Europa onde ainda foi possível recolher uma riquíssima literatura oral tradicional. É preciso compreender que esta forma sui generis de narrativa depende profundamente dos aspetos etno-sociológicos das populações que a detém e utiliza no seu quotidiano como Património comum, reconhecido por todos. As mentalidades tradicionais dos nossos camponeses, muito marcada por uma profunda religiosidade e um fundo civilizacional mediterrâneo, estavam em consonância com uma sociedade que vivia ao ritmo das atividades agrícolas que alternavam com momentos de festividade. Umas e outras eram vividas coletivamente. Mesmo as tarefas não necessariamente coletivas, como o cuidar das tarefas da casa e dos filhos para as mulheres e os momentos entre amigos para os homens, eram ocasiões para troca de palavras, que por vezes tomavam a forma de literatura oral (de todos os géneros).
O facto de ser possível observar que os contos maravilhosos e religiosos pertencem mais aos repertórios de mulheres, leva-nos a pensar que esse facto decorria da sua função de adormecer os filhos ao som dessas histórias de príncipes e princesas, ou de utilizar figuras divinas que puniam e premiavam para veicular preceitos morais. Em ambos os casos estamos perante uma forma tradicional de preparação da nova geração para a vida futura. O repertório dos homens encontra-se mais ligado aos contos de animais e jocosos, narrativas curtas que provocam o riso e a competição, sem deixar, nas entrelinhas, de fazer crítica social. Nesta sociedade tradicional, onde os indivíduos estavam quase sempre juntos, por afinidade de gostos ou por necessidade no desempenho de tarefas, o conto tradicional reunia condições funcionais para a sua existência e reprodução de boca em boca.
A desagregação dessa sociedade secular, acelerada a partir dos anos 60 do séc. XX (cf. Branco 1983), trouxe como consequência para o conto tradicional o seu rápido declínio, quer por falta de funcionalidade (que conduz à falta de ocasiões para ele ser narrado) quer pela concorrência do livro e outros meios de comunicação de massas (rádio, televisão, internet) que utilizam outras lógicas na circulação de narrativas.
Vivemos numa época de encruzilhadas: o passado que herdamos parece ter ficado para trás enquanto o futuro que esperamos teima em não chegar. Neste presente em forma de limbo, questionamo-nos. Se, no entanto, ousarmos alargar a perspetiva, verificamos que, por um lado, a tradição dos nossos avós ainda se encontra, substancialmente, por descobrir; por outro, novos contadores profissionais “urbanos” surgem um pouco por toda a parte, muitos deles resgatando a tradição oral rural e transformando-a numa arte performativa de palco adaptada aos públicos contemporâneos. Para o que nos interessa aqui – a tradição oral de caráter patrimonial – é necessário vir para a rua e ouvir o que as pessoas contam quando estão juntas. Certamente que os contos maravilhosos, novelescos e religiosos estão em declínio (com a excepção daqueles que a literatura escrita teima em publicar… para crianças). Porém, as anedotas (que em muitos casos são contos jocosos), as lendas “urbanas”, e sabe-se lá que “novos” géneros de literatura oral estão por aí, pujantes, à espera de serem ouvidos, recolhidos e estudados. As tradições não morrem. Elas são uma necessidade vital das comunidades humanas e apenas mudam de rosto de acordo com as características de cada época e lugar.
Exemplos de contos: Histórias de Bisbis (III) Era uma vez um bisbis, lindo que nem um botão de rosa e pouco maior seria. Asas que tinha tão pequenitas não lhe
[caption id="attachment_2885" align="alignright" width="280"] Desenho de bisbis[/caption]davam para voar alto, alto, mas era seu desejo voar a modo dos outros pássaros, num só voo, ao cimo do til, seu vizinho. «Agora será, vou lá riba». E abre as asas, mas foi o sopro de vento que o levanta com todo o jeito e fica o melrinho vaidoso no último ramo do til. «Inda posso voar mais alto, ninguém mo tira». E abre as asas, porém, de fraquito que era, vai caindo, caindo.
«Oh! Meu Deus do Céu, Salvai o bisbis, É tonto, é tontinho, Não sabe o que diz». Veio de novo um sopro de vento e com o mesmo jeito o amparou e o pôs no chão à sombra duma urze. Funchal Ernesto Gonçalves, 1969A Esperteza de um Rato Certo dia, gato encontrou-se com um rato. Este, para não ser apanhado, começou a fugir, mas não deu com nenhum buraquinho por onde se metesse. Já sem poder, chegou a uma adega, cheia de pipas. Então, viu que uma delas não tinha batoque e escondeu-se lá dentro. Nesse instante, o gato chegou ao pé do buraco. Vendo-o dentro da pipa, disse todo contente: – Espera que tu vais sair daí! O rato, sem fazer caso do que ele dizia, respingou: – Aqui ainda tenho vinho! Tu, aí fora, nada! Mas aconteceu que já não podia beber mais e então queixou-se: – Gato, tem piedade de mim! Mete a patinha pelo buraco para eu me poder salvar. O gato que não estava para meias medidas, disse logo: – Só meto a pata com a condição de te comer! Como não podia fazer outra coisa, o rato conformou-se com a sua sorte: – Vá lá, faça-se a tua vontade! Mal agarrou na pata, o rato subiu a toda a pressa e deu um salto para o tecto. Quando estava lá em cima, começou a gozar com o gato: – Desta já me safei! O gato é que não tinha gostado da brincadeira, e, por isso, todo danado perguntou: – Então amigo, e o nosso contrato? Satisfeito da vida, o rato respondeu: – Ah, tu não sabias que não valem os contratos de bêbados? Isto é o que se pode chamar esperteza de rato… que às vezes também é própria de alguns homens.
Machico A. Vieira de Freitas, 1996
Ui Lhadrõ e ui Fios Ua vez, o dono dua fieira queria apanhar quem le furtava ui fios. Pegou nua coberta pa se embrulhar e foi-se deitar, de noite, pa dubaxo da fieira. Ui lhadrõs, que subero disso, embrulharo-se im lençoles, pa dezer que ero almas, que andavo nui seui fadairos. Chigaro a dubaxo da fieira, aonde ‘tava o dono e disero:
– Alma denteira, Chega-te ao pé da fieira. Cãndo se era vivos, Comia-se fios. Despôs de mortos, Aqui ‘tão nossos corpos. O dono, antão, fugiu cum medo e ui lhadrõs fartaro-se de fios. Calheta Soromenho, 1986A Maria da Vaquinha
Era uma vez um viúvo que tinha uma filha que se chamava Maria. A vizinha, que estava interessada em casar, tentou conquistar o viúvo através da filha. Para isso, levava-a a passear, dava-lhe comida, penteava-a e, em troca, pedia à filha que dissesse ao pai para casar com ela, que ela ia ser uma boa esposa e madrasta. Entretanto, o pai, que ouvia sempre a mesma conversa, diz: – Diz à vizinha que caso com ela no dia em que o porco dela cagar sebo. A vizinha, ao ouvir isto, vai logo enfiar sebo no rabo do porco. Quando o porco “tá” a cagar, a filha vai, amando da vizinha, chamar o pai. Este, ao ver que o porco estava a cagar sebo, teve que casar com a vizinha, uma vez que assim tinha prometido e, também, pensou que fosse um milagre. Depois de casar, a vizinha teve uma filha e começou a tratar mal a enteada, enquanto tratava a sua filha como uma autêntica princesa. A enteada tinha uma vaca na serra, como herança da mãe, e mandava-a para lá para cuidar da vaca e, ao mesmo tempo, tecer um tear. Ao chegar à serra, a enteada começou a chorar ao pé da vaquinha, pois sabia que não ia ser capaz de cumprir a tarefa. A vaquinha, ao ouvir a dona a chorar, pergunta: – Porque é que choras? A enteada responde: – Sabes, é que a minha madrasta deu-me tanto trabalho que não vou conseguir fazer e ela vai-me castigar. A vaquinha, vendo a aflição da dona, ofereceu-se para a ajudar e, desta forma, a enteada conseguiu terminar o trabalho, o que não agradou nada à madrasta. Esta, que não gostou nada da forma como a enteada se despachou, deu-lhe trabalho a dobrar. A enteada voltou a conseguir acabar o trabalho a tempo, o que fez com que a criada a seguisse para ver qual era a estratégia da enteada. Esta, ao descobrir que era a vaquinha que ajudava a enteada, fingiu-se de doente por causa da gravidez, em que o seu desejo era comer carne da vaquinha da enteada. O marido, como não podia recusar o «desejo» da esposa, mandou matar a vaquinha o que entristeceu Maria. Esta chora muito e a vaquinha diz: – Não te importes, Maria, deixo-te uma varinha de condão. Para isso, tens de ser tu a consertar as tripas. Maria, ao limpar as tripas, na levada, perde uma, da qual vai atrás para apanhá-la. Maria conseguiu apanhar a tripa ao pé de uma casa muito desarrumada. Maria entra na casa, arruma-a e, por fim, faz uma sopa com a tripa que apanhou. Depois, ouve vozes na rua, espreita e esconde-se atrás da porta. Eram três fadas que, ao verem a casa toda arrumada, ficam muito espantadas e a mais velha diz: – Fadas, fademos nós todas três, pelo bem que tanto nos fez, estrela de ouro lázaro na testa. A fada do meio diz: – Mana, fademos nós todas três, pelo bem que tanto nos fez, […] de ouro lhe saiam pela boca, quando falar. A fada mais nova diz: – Mana, fademos nós todas três, pelo bem que tanto nos fez, que tenha tudo de bom que há no mundo. Após isto, a enteada ao chegar a casa tem os efeitos todos, já anteriormente referidos, o que deixa a madrasta muito espantada e diz: – Maria, tens de me dizer o que aconteceu. A Maria, ouvir isto, pensou: – Vou-lhe pregar uma partida e contar tudo ao contrário. A Madrasta, confiante no que a maria lhe contava, manda a filha seguir os passos de Maria, só que não sabia que, quando a filha volta, vem cheia de maldades, o que enfurece a madrasta. Esta tenta remediar a situação e deixa a enteada em casa e leva a filha à missa para o príncipe a conhecer. Entretanto, a enteada usa a varinha de condão, veste-se e põe-se toda bonita para ir à missa. Porém, tinha de voltar cedo. Ao voltar, a Maria perde um sapato. O príncipe, encantado com a dona do sapato, tenta encontra-la através do sapato. A madrasta ainda dá o pé da filha a experimentar, mas o sapato não lhe serve. Por fim, a enteada também experimenta o sapato e, para espanto de todos, encontra-se a dona. O príncipe, radiante, casa com a enteada, o que enfurece a madrasta e a filha, e são felizes para sempre.
Informante: Adélia Jardim Naturalidade: Paul do Mar Idade: 60 anos Habilitações literárias: 4.ª classe Local da recolha: Paul do Mar Data da Recolha: 10- 04- 02 Coletor: Maria do Céu Ponte
Bibliog. Catálogos tipológicos: AT: Antti Aarne e Stith Thompson, The Types of the Folktale. A Classification and Bibliography, 2ª ed. Revista, FFCommunications 184, Helsinquia, Academia Scientiarum Fennica, 1961; ATU: Hans Jörg Uther, The Types of International Folktales. A Classification and Bibliography, 3 vols, FFCommunications 284-286, Helsinquia, Academia Scientiarum Fennica, 2004; Car-Co: Isabel David Cardigos e Paulo Jorge Correia, Catálogo dos Contos Tradicionais Portugueses (com as versões análogas dos países lusófonos), Porto, Edições Afrontamento, [No prelo: actualizado até dezembro 2014]; Marz.: Marzolph, Ulrich, Typologie des Persischen Volksmärchens. Beiruter Texte und Studien, n.º 31. Beirut, In Kommission bei Franz Steiner Verlag, Wiesbaden, 1984; Robe: Stanley L. Robe, Index of Mexican Folktales, Folklore Studies 26, Berkeley, Los Angeles and London, University of california Press, 1973; colectâneas de contos tradicionais da Madeira: Almeida, Aluísio de, 142 Histórias Brasileiras, São Paulo, Departamento de Cultura, 1951 [separata de ram n.º CXLIV]; Azevedo, Álvaro Rodrigues de, Romanceiro do Archipelago da Madeira, Funchal, Voz do Povo, 1880; CTPP, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: Versões inéditas pertencentes ao arquivo do Centro de tradições Populares Portuguesas “Prof. Manuel Viegas Guerreiro”. Estas versões foram recolhidas pelos alunos da cadeira de literatura Oral e Tradicional leccionada por João David Pinto-Correia, e encontram-se arquivadas em fichas de formato A5; Cotas Ri 30 (2002) e Ri 4 tm (2005); Fontes, Manuel Bráulio da Costa, Portuguese Folktales from california, dissertação de doutoramento apresentada à Universidade da california, Los Angeles, texto policopiado,1975; Fontes, Manuel da Costa, Portuguese Folktales in North America: Canada, texto inédito policopiado, s/d.; Freitas, Pe. Alfredo Vieira de, “Contos, lendas e outras tradições madeirenses”, Das Artes e da História da Madeira, n.º 21, p. 32; n.º 28, pp.32-38, Funchal, 1955-1958; Freitas, Pe. Alfredo Vieira de, Era uma Vez... na Madeira (Lendas, Contos e tradições da Nossa Terra), Funchal, s. ed., 1984; Freitas, Pe. Alfredo Vieira de, Continhos Populares Madeirenses, Funchal, Secretaria Regional de educação, 1996; Gonçalves, Ernesto, “Histórias de Bisbis: Dois diálogos e algumas cantigas da tradição oral do povo madeirense”, Das Artes e da História da Madeira, Vol. IX, n.º 39, Funchal, 1969, pp. 23-36; Gonçalves, Ernesto, “Quatro contos, um romance e algumas cantigas da tradição oral do povo madeirense”, Das Artes e da História da Madeira, Vol. VII, n.º 40, Funchal, 1970, pp. 8-19; Gouveia, Conceição, “A viúva e os seus três filhos”, Xarabanda nº 15, Funchal, 2004, pp. 40-42; Moutinho, José Viale, Contos Populares das Ilhas da Madeira e do porto santo, Funchal, Nova Delphi, 2011 [Reescrita de contos já publicados em Freitas 1996, etc.]; Pestana, Eduardo Antonino, “Folk-lore madeirense. Livro primeiro: textos religiosos”, in Revista Lusitana XXXVIII, Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1943, pp. 7-86; Santos, Carlos M., Trovas e Bailados da Ilha – Estudo do Folclore Musical da Madeira. Funchal, Delegação de turismo da Madeira, 1942; Silva, Cláudia Sofia, tradição Oral de santana, S/l., Junta de Freguesia de santana, 2009; Soromenho, Alda da Silva e Soromenho, Paulo Caratão, Contos Populares Portugueses (Inéditos), 2 vols., Lisboa, I.N.I.C./ Centro de Estudos Geográficos, 1984-1986; estudos de carácter etnográfico, folclórico, histórico, etc.: Branco, Jorge Freitas, “Ruralidade insular: a desagregação de comunidades tradicionais na Madeira (esboço de problemática)” in Análise Social, vol. XIX , n.º 77, 78, 79, Lisboa, 1983, pp. 635-644; Branco, Jorge Freitas, Camponeses da Madeira: as bases materiais do arquipélago (1750-1900), Lisboa, Dom Quixote, 1987; Caldeira, Maria da Fonte Coelho, O conto popular e “os bons caminhos”, dissertação de mestrado em filosofia apresentado à Universidade Católica, Braga, texto policopiado, 2002; Gomes, Alberto Figueira, poesia e dramaturgia populares no séc. XVI – Baltasar Dias, biblioteca Breve, Lisboa, ICALP/Ministério da educação, 1983; Pereira, Eduardo C. N., Ilhas de Zargo, Vol. II, 4ª ed., Funchal, Câmara Municipal do Funchal, 1989; Silva, António Ribeiro Marques da, Apontamentos sobre o quotidiano madeirense (1750-1900), Lisboa, Editorial Caminho, 1994; Silva, Pe. Fernando Augusto da, Vocabulário Madeirense, Funchal, Junta Geral do Funchal, 1950; Silva, Pe. Fernando Augusto da e Meneses, Carlos Azevedo de, Elucidário Madeirense, 2.ª ed. acrescentada em 3 Vols., Funchal, Typographia Esperança, 1940.
Paulo Jorge Correia
(atualizado a 29.07.2016)